sexta-feira, abril 30, 2010

Arrumar a casa

Em nome do Estado Social e dos votos Portugal transformou-se num país de borlistas, ninguém questiona o que cada um dá ao país, os governos, os autarcas e os políticos da oposição guerreiam-se oferecendo mais. Há sempre um bom princípio para dar mais qualquer coisa à borla.

Se é construída uma auto-estrada nova deve ser à borla, os utentes descobrem que não alternativa, os autarcas preocupam-se com a interioridade, os políticos da oposição põem a sua máquina e militantes ao serviço da organização de manifestações populares espontâneas, o Manuel Alegre declama um dos seus versos e os contribuintes terão de pagar a nova auto-estrada, muitos deles não terão dinheiro para ter carro mas mesmo assim terão de pagar a borla ao carro dos outros.

A saúde e a educação devem ser à borla porque é a constituição que o diz, os transportes devem ser quase à borla sem se saber porquê, as auto-estradas são quase todas à borla, os serviços públicos devem prestar serviços à borla. E depois de tantas borlas o dinheiro não chega então arranjam-se uns subsídios.

Em Portugal discutimos muito as borlas e nada ou quase nada o que cada um deve dar ao país, na hora de pagar cada um foge aos impostos quanto pode, o patrão mete as contas da mulher na empresa e o operário recebe uma boa parte das horas “por fora”. Fica a classe média a pagar a factura. Não beneficiam de auto-estradas à borla, recorrem aos serviços privados de saúde porque os do Estado só são eficazes na hora da morte, metem os filhos em escolas privadas para que não levem porrada das criancinhas vulneráveis dos bairros problemáticos.

o que a classe média ganha metade vai para os impostos que pagam as borlas dos outros e as outra metade é para pagar o que os outros têm à borla. Este desvario colectivo chegou a um ponto que os impostos pagos pela classe média já chegam para pagar tudo, é preciso recorrer a défices cada vez maiores e a uma dívida pública crescentes para alimentar o borlismo nacional.

Mais tarde ou mais cedo este modelo chegaria ao fim e os portugueses seriam obrigados a arrumar a casa. Mas estejam descansados, o ministro das Finanças já disse que tem na manga um aumento de impostos.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Vitral do Mosteiro dos Jerónimos

IMAGEM DO DIA

[Chris Graythen/Getty Images]

«SLICK WITH OIL: A boat made its way through crude oil in the Gulf of Mexico off of Louisiana Wednesday. On Thursday, officials said it may take 90 days to stop the oil leak started by a deadly explosion at the rig earlier this month.» [Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Rui Rio, administrador demissionário da Metro do Porto

Parece que enquanto os cidadãos pagam bilhete alguns autarcas da região do Porto andam à boleia e ganham ordenados de administradores sem trabalharem. Em tempos de austeridade é um mau exemplo e se tal situação é ilegal ou abusiva o lógico é que o ministério das Finanças exija a devolução dos dinheiros recebidos. Não é nada que não aconteça a muitos servidores do Estado, sejam figuras públicas, pavões partidários ou modestos funcionários público.

É ridículo convocar uma conferência de imprensa com ares de Presidente da República, como é ridículo dizer que pedir a devolução de dinheiro que se recebeu indevidamente é um ataque á democracia. A não ser que beliscar Rui Rio seja só por si um ataque à democracia.

Já enjoa esta ladainha dos ataques à democracia vindas de personalidades do PSD.

«"Para mim basta", afirmou hoje o presidente da Câmara do Porto em conferência de imprensa.

O Ministério das Finanças mandou recentemente vários autarcas com a acumulação de administradores não executivos daquela empresa repor os salários recebidos desde 1 de janeiro de 2007.

Os autarcas que terão que devolver os salários auferidos são Rui Rio (Porto), Marco António Costa (Gaia), Mário de Almeida (Vila do Conde) e Valentim Loureiro (Gondomar), todos eles ausentes na conferência de imprensa. » [DN]

EDUARDO MONIZ AINDA PENSOU NA HIPÓTESE DE COMPRAR NA TVI

«O antigo director-geral da TVI, que está a ser ouvido na comissão de inquérito, afirmou que em duas alturas mais críticas do seu relacionamento com a administração da Media Capital, fez consultas a pessoas ligadas à banca "para tentar perceber da viabilidade para montar uma operação para evitar algum desvario na forma como as opções editoriais da TVi estavam a ser conduzidas".

José Eduardo Moniz diz ter feito estas "diligências" em dois momentos: em 2005/06 e em 2008 quando teve "a percepção do beco sem saída a que se estava a chegar" na TVI. Questionado pelo deputado bloquista João Semedo, o antigo responsável da TVI disse nunca ter tido quaisquer contactos com a Presidência da República ou com elementos dos partidos políticos quer sobre as suas difíceis relações com a administração quer sobre as negociações entre a PT e a Media Capital.» [Público]

Parecer:

O engraçado é que desvario era acabar com o desvario da esposa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos investidores porque não alinharam com Eduardo Moniz.»

A IDEIA DE COMPRAR A TVI FOI DE ZEINAL BAVA

«Zeinal Bava disse que foi o pai da ideia da PT comprar uma parte da Prisa. Esta hipótese, diz, surgiu na reunião de 19 de Junho, onde a discussão “caminhou para um potencial investimento. Eu, fruto do plano estratégico, considerei que ser uma oportunidade boa e que deviamos prosseguir”. Logo, o “pai da ideia fui eu”.

Bava disse ainda que numa “reunião em Maio a Prisa deixou claro que via com muito bons olhos que a PT fosse essa parceira [para a venda de uma parte do capital]”. » [CM]

Parecer:

A comissão de inquérito só vai ter sucesso porque as conclusões serão o que o BE considerava ser a verdade ainda antes de iniciar os "interrogatórios".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Assista-se ao espectáculo, triste mas mesmo assim um espectáculo.»

PEDRO PASSOS COELHO REÚNE COM ECONOMISTAS

«O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, reúne-se amanhã em Lisboa com vários gestores e economistas para analisar a actual situação do País. Os ex-ministros Ernâni Lopes, Eduardo Catroga e Mira Amaral são alguns dos nomes que analisarão com o líder social-democrata a crise financeira que está a afectar o País.

Também o fiscalista Medina Carreira, o economista João Salgueiro, o ex-governador do Banco de Porugal António de Sousa, o professor de gestão Avelino de Jesus, os vice-presidentes do PSD Manuel Rodrigues e Diogo Leite Campos, e António Nogueira Leite participam amanhã no encontro que irá decorrer no Hotel Lapa.» [CM]

Parecer:

É uma pena que a maior parte deles sejam tralha cavaquista. Se a ideia saber o que pensam estes economistas isso significa que Pedro Passos Coelho não lê jornais, na sua maioria têm colunas de opinião na imprensa escrita.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Deseje-se uma boa aula de economia a Pedro Passos Coelho ainda que com economistas como Medina Carreira aquilo pareça mais um banco de jardim do Restelo.»

ECONOMISTAS ALEMÃES DUVIDAM DAS EMPRESAS DE RATING

«A redução da nota da dívida de Portugal pela agência de "rating" Standard & Poor´s foi hoje considerada "duvidosa" pela edição alemã do Financial Times, que sublinha que a economia portuguesa teve uma forte recuperação nos últimos meses.

"Os dados macroeconómicos de Portugal não pioraram nas últimas semanas e meses", afirma o chefe do gabinete de estudos económicos do Dekabank, Ulrich kater, no mesmo jornal.» [DN]

Parecer:

As empresas de rating tudo fazem para aumentar os juros ganhos pelos investidores que lhes pagam.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela evolução.»

PAPA VAI FALAR DA CRISE ECONÓMICA

«As primeiras palavras de Bento XVI à chegada a Portugal deverão ser sobre a crise económica e financeira que está a abalar o País e a estabilidade europeia. Este é pelo menos um dos temas previstos para o primeiro discurso do Papa no nosso País, ainda no aeroporto. Pelo contrário, não está previsto que Bento XVI fale sobre os escândalos de pedofilia que abalam a igreja, nem sobre a lei do casamento homossexual em Portugal nos sete discursos e três homilias agendados para esta visita.

O que não quer dizer que os temas não venham a ser abordados na visita, onde o Papa receberá um enorme banho de multidão e terá cerca de 1500 jornalistas de todo o Mundo a pressionar sobre o escândalo que abala a Igreja (e sobre os quais pedirá desculpas em Junho, ver pág. 23) . No entanto o tema dos abusos seuxaisi não estava entre os que os bispos portugueses sugeriram ao Vaticano a pedido deste. Isto porque, "não houve até agora nenhuma queixa em Portugal, nem sequer uma suspeita", garantiu ontem o coordenador da visita do Sumo Pontífice, D. Carlos Azevedo, em reunião com responsáveis dos órgãos de comunicação social.» [DN]

Parecer:

Se o Benfica ganhar o campeonato e o papa rezar pela economia portuguesa tudo se resolverá.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao papa se também vai ouvir os economistas ou se vai limitar-se a ouvir a ladainha do Medina Carreira.»

EQUIPA DE LIMPEZA LIMPA POR ENGANO GRAFFITI DE BANSKI

«Uma equipa de limpeza municipal de Melbourne limpou por engano um grafitti do famoso artista britânico Banksy, considerado o expoente máximo da arte de rua e grande ativista desta forma de expressão na arte.

A imagem - um rato para-quedista - tinha sido pintada por Banksy em 2003 em Hosier Lane, quando visitou aquela que é considerada uma espécie de meca da arte de rua na cidade australiana.

Apesar de ser visto como uma figura de topo da cultura pop da actualidade, desconhece-se a verdadeira identidade do artista, que costuma deixar os seus desenhos de forma discreta nas cidades por onde passa.» [DN]

Parecer:

Ignorantes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Se tivesse sido o pessoal do António Costa ainda se percebia...»

A ANEDOTA DO DIA

«Manuel Alegre considera ser necessário existir diálogo e maior convergência entre todos os partidos de forma a Portugal fazer face à crise financeira.

«Este é um momento em que o interesse nacional deve ser colocado acima de outras considerações. Sem apagar as divergências que existem entre os diferentes partidos, deve procurar-se a máxima convergência possível porque quem sofre é o povo. Deve haver por isso uma preocupação comum de preservar o estado social e os direitos sociais», sublinhou Manuel Alegre, citado pela agência Lusa. O candidato presidencial, que esta quinta-feira se deslocou ao Museu do Neorrealismo de Vila Franca de Xira para participar numa sessão comemorativa do 25 de Abril, comentava desta forma aos jornalistas a reunião de quarta feira, em São Bento, entre o primeiro ministro, José Sócrates, e o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho. » [Portugal Diário]

Parecer:

Há alguns dias Manuel Alegre criticou o PEC, puxou dos seus galões de protector das esquerdas e demarcou-se das medidas adoptadas, agora está preocupado...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

KASSANDRA

TOYOTA

quinta-feira, abril 29, 2010

Um ELIMINEX para acabar com um Estado ao serviço do Estado

Quando se discute o desenvolvimento económico o debate costuma centrar-se em questões de grande complexidade, debatem-se grandes obras públicas, os grandes agregados económicos, os impostos, etc.. Mas a verdade é que o desenvolvimento nem é um problema exclusivo de economistas doutorados em universidades xpto, nem resulta apenas de grandes medidas. Portugal esgota muitas das suas capacidades em coisas tão elementares como a burocracia, os maus hábitos ou em entraves de natureza cultural.

Por exemplo, todos sabemos que lançar um negócio em Portugal obriga a uma Via Sacra em todo o sentido do termo, muitos dos investidores acabam mesmo crucificados no final do processo. Licenças atrás de licenças e declarações e inscrições em muito organismos colocam os empresários face à prepotência de pequenos tiranos. As licenças tardam, algumas perdem a validade enquanto se aguardam por outras, muitas delas implicam o pagamento de diversas taxas e emolumentos que se destinam a financiar o pagamento de mordomias privadas dos organismos, em cada vistoria os inspectores inventam mais uma exigência. Quando conseguem ter os seus projectos aprovados começam a pagar impostos e taxas dos mais variados, o Estado não esperam muito para os “pôr a render”.

Num país que carece de emprego e de investimento é absurdo que tal situação se mantenha, a empresa na hora foi um passo pequeno, de que serve constituir a empresa numa hora se são necessários meses ou anos para conseguir a colecção de licenças?

Há muito que o Estado não está ao serviço do país, dos cidadãos e das empresas, está ao serviço de si próprio, a principal preocupação dos dirigentes da Administração Pública é defender o peso, poderes e importância das suas instituições, assegurar as fontes de financiamento extra-orçamental, manter a burocracia que assegura o seu peso. Quanto mais burocracias, mais licenças ou mais multas aplicar mais temida é uma organização, maior é o seu peso, mais facilmente consegue proteger os seus lugares de chefia. A principal preocupação dos altos dirigentes do Estado não é saber como melhor servir o país, é conseguir manter os seus estatutos e isso passa pelas competências e os poderes das instituições. Isso em Portugal consegue-se incomodando o cidadão comum e as empresas.

Veja-se o caso da ASAE, assegurou a sua importância multando e fechando a torto e a direito, muitas vezes com o objectivo de maximizar a exposição mediática. A ASAE tornou-se importante quando os portugueses passaram a ter medo dela. O momento mais alto do seu presidente foi quando prognosticou o encerramento de uma grande parte dos restaurantes.

O SIMPLEX foi um passo importante mas insuficiente, não obrigou as organizações do Estado a mudarem a sua cultura de prepotência, não pôs o Estado ao serviço do país. Não basta simplificar, é necessário eliminar burocracia, acabar com a prepotência, pôr fim a uma cultura em que os dirigentes do Estado consideram que os cidadãos e as empresas são as suas presas, quantos mais forem atingidos pela sua prepotência maior é o seu poder e importância.

Depois do SIMPLEX é necessário algo mais, um ELIMINEX.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

No Oceanário de Lisboa

O PAÍS VISTO PELOS VISITANTES D'O JUMENTO

Castelo de Vide (por A. Cabral)

IMAGEM DO DIA

[Paula Bronstein/Getty Images]

«FRIENDLY FIRE: Troops were unsuccessful in their attempts to save a solider hit by friendly fire during a clash with antigovernment protesters in Bangkok Wednesday. About 18 people were injured as troops fired rifles and threw tear gas.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

O encontro entre Sócrates e Pedro Passos Coelho é o maior ataque que o actual líder do PSD poderia fazer à sua antecessora, enquanto o PSD de Manuela Ferreira Leite tenta sobreviver reduzindo a vida política a golpes baixos numa comissão de inquérito onde anda de braço dado com a extrema-esquerda, o actual líder diz ao país que mais importante do que chegar ao poder a qualquer custo são os interesses do país, em vez de ataques pessoais opta por dialogar em nome dos interesses nacionais.

Se Manuela Ferreira Leite já tinha morrido politicamente hoje o país foi à missa do sétimo dia, perante o silêncio da antiga líder do lúmpen-cavaquismo e do seu ideólogo da Marmeleira.

O MAU PERDER DO BARCEELONA

COMBATER OS ESPECULADORES

É urgente que a UE crie um mecanismo de compensação financeira que desincentive os especuladores, tal fundo deveria ser automático e activado a partir do momento em que as taxas de juro subissem para além de um patamar determinado por indicadores relativos à economia de cada país.

Sempre que os juros da dívida subissem acima de um montante considerado razoável as economias em causa poderiam aceder a fundos com juros fixados pelo fundo. As economias que violassem as regras ou que aldrabassem as contas públicas para iludir os parceiros europeus não beneficiariam desse fundo e ficariam entregues à sua sorte o que tornaria inevitável a sua saída do espaço euro.

AS PRIMEIRAS VÍTIMAS PORTUGUESAS DAS EMPRESAS DE RATING E DOS ESPECULADORES

Quem ouve as propostas do PCP e do BE e quem assiste aos movimentos grevistas do costume pode pensar erradamente que Portugal é o país mais rico da Europa, o problema é que Sócrates insiste em ter a maldita "política de direita".

Perante a crise dos mercados ambos os partidos ainda esboçaram críticas a declarações do FMI, incomodados pelo impacto dessas opiniões na declaração pública tentaram ludibriar os portugueses insinuando que tudo está bem, isto é, que as suas propostas populistas são viáveis.

Só que Portugal está à beira de uma crise brutal e uma boa parte dos portugueses já o perceberam, a consequência disso foi o silêncio de Jerónimo de Sousa e de Louçã e o esquecimento das suas propostas. Foram as primeiras vítimas das empresas de rating e dos especuladores.

LENINE, SEGUNDO AGUIAR-BRANCO

«O preconceito é a forma mais agressiva de violência e a manifestação mais abstrusa de tolice. A diferença suscita a desconfiança, já se sabe; e o culto da brutalidade nasce dessa espécie de insegurança em si mesmo, própria de quem, afinal, se julga ou se deseja excluído. O preconceito provoca, em todos os sectores, não só o sentimento profundo de incapacidade de saber, como a quebra irreparável dos laços sociais.

Na sessão comemorativa do 25 de Abril, Assembleia da República, o dr. Aguiar-Branco criticou essa figura de intolerância e, sem renunciar às suas convicções (como a seguir se viu), citou Lenine, Rosa Luxemburgo, José Afonso e Sérgio Godinho, mas, também, António Sardinha, corifeu do Integralismo Lusitano. Acontece que, criticando o preconceito, o discurso do dr. Aguiar-Branco criticava a perda de referências culturais que, à Esquerda ou à Direita, goste-se ou não, pertencem ao bragal comum da nossa civilização.

Se compreendo o embaraço das bancadas do PSD e do CDS, tenho dificuldade em entender os risos absurdos do PCP e do Bloco. Ambas as demonstrações conduzem ao mesmo fim. A função simbólica do poder, cuja identificação se revela nas fórmulas paradoxais de eliminar autores ou de os integrar, consoante a "família" política ou estética a que pertencem, divide um património que é de todos. Esse preconceito conduz à queima de livros e à perseguição de escritores e filósofos, de que a História está repleta.

Por que razão Aguiar-Branco não pode citar quem quer que queira, sem suscitar o riso tolo ou o espanto ignaro? Os resquícios de um passado tenebroso emergiram nos comportamentos dos deputados. Sou do tempo em que a Censura suprimia dos textos de jornais e revistas os nomes de Karl Marx, de Engels, de Lenine, de Estaline, e que, nas faculdades, o marxismo era praticamente ignorado. Obrigava-se os portugueses a renunciar ao pensamento, ao cultivo da razão, à adopção do desconhecimento como condição e prática. Servíamo-nos de truques grotescos: Karl Marx era Carlos Marques; Lenine, Vladimir Ilitch.

As proibições, as omissões e as rasuras fazem, infelizmente, parte de uma concepção despótica do mundo, longe de estar extinta. Mas a luta dos valores humanos e culturais é a charneira paradigmática da aventura da liberdade, e prova que, amiúde, aqueles aparentemente "progressistas" são, na realidade, os mais reaccionários.

A TEMPO: Na mesma sessão, o dr. Cavaco proferiu um discurso banal pela ausência de novidade, e medíocre porque é mesmo assim. Quanto ao verdete que ele tem ao cravo vermelho, e ao que o cravo vermelho representa, a crítica ao preconceito, formulada pelo dr. Aguiar-Branco, aplica-se-lhe, por inteiro.» [DN]

Parecer:

Por Baptista-Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CHAPÉUS HÁ MUITOS

«» [ LiO presidente do Millennium BCP, Carlos Santos Ferreira, desvalorizou esta quarta-feira a revisão em baixa dos 'ratings' dos bancos, na sequência do corte do 'rating' de Portugal."Os ratings são como os chapéus, há muitos", disse na apresentação de resultados do primeiro trimestre da instituição, que recuou 10% para os 96 milhões de euros.

"Temos ratings para todos os gostos. Na Standard & Poor's temos um rating mais baixo que os outros bancos privados portugueses. Na Moody's temos igual ao BPI e na Fitch igual ao BPI, BES e CGD", afirmou Santos Ferreira. [CM]

Parecer:

O problema é que estamos a levar uma chapelada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se a opinião.»

O PSD MUDOU

«O encontro de urgência entre o primeiro-ministro e o líder da oposição terminou esta quarta-feira pelas 13h20, altura em que os dois vieram prestar uma declaração de união em nome da confiança.

"Decidimos trabalhar em conjunto para reforçar a confiança na economia portuguesa", precisou José Sócrates em São Bento, depois de sublinhar que é esta a forma indicada de resposta ao "ataque especulativo sem fundamento quer ao euro quer à dívida soberana portuguesa".

Mais: Sócrates sublinhou que Portugal fará "tudo o que puder ser feito para atingir os objectivos" e prometeu, tal como Pedro Passos Coelho, de "acompanhar com regularidade e proximidade esta situação financeira.» [CM]

Parecer:

Pedro Passos Coelho fez mais pela credibilidade do PSD num dia do que fez a [doida da] Manuela Ferreira Leite durante um mandato.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se Sócrates e Pedro Passos Coelho.»

TRIBUNAL DE CONTAS TRAMA FORNECEDORES DA CML

«O presidente da Câmara Municipal de Lisboa considerou esta quarta-feira “um erro” e uma decisão “lamentável” a do Tribunal de Contas (TC), que classificou como ilegais os planos de regularização de dívidas da autarquia a fornecedores.

Para António Costa “essa decisão é um erro muito grande” porque, diz, “só num mundo de pernas para o ar, pagar dívidas é ilegal. Acho absolutamente lamentável que o TC, que se demitiu da sua função de controlar financeiramente o município enquanto ele se endividou, que quando se tratou de pagar as dívidas inviabilizou a contratação de um empréstimo, continue a achar que a prioridade do município não deva ser pagar as dívidas aos fornecedores, acho um erro”. » [CM]

Parecer:

Se em vez de luxuosas mordomias, incluindo o absurdo subsídio de residência isento de impostos, os [faz de conta que são] juízes do Tribunal de Contas recebesse como se fossem empregados das empresas fornecedoras da CML não seria difícil de imaginar que as aplicação das regras obedeceria a regras de bom senso. Desta vez António Costa tem razão, onde estavam os meritíssimos do TC na hora em que foram feitas as despesas?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Este país está cheio de gente do tipo "foi gras" alimentada com o dinheiro dos contribuintes e depois nem o fazem, nem saem de cima. Proteste-se organizando uma manifestação junto do TC para protestar contra as mordomias dos magistrados escriturários..»

COMISSÃO EUROPEIA MANTÉM CONFIANÇA NO PEC PORTUGUÊS

«A Comissão Europeia mantém a confiança nas medidas previstas no Programa de Estabilidade e Confiança (PEC) português, disse hoje o porta-voz do comissário europeu para ao Assuntos Económicos, Amadeu Altafaj.

"Dissemos o que tínhamos a dizer sobre Portugal quando ratificámos o PEC, a 14 de Abril", disse Altafaj, reiterando as palavras do comissário europeu Olli Rehn, que considerou, na altura, que o Governo português apresentou "um programa sério e ambicioso".» [DN]

Parecer:

Uma boa notícia ainda que insuficiente para acalmar os especuladores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

SÓCRATES E PASSOS COELHO FIZERAM O ENCONTRO IMPOSSÍVEL COM MFL E JPP

«À saída da reunião de emergência com o líder da oposição, o primeiro-ministro declarou guerra aos cidadãos que abusam dos subsídios e prestações sociais e anunciou a antecipação já para este ano de medidas previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento para 2011.

Sócrates garantiu que o Governo vai " mudar muito rapidamente" as regras do subsídio de desemprego, para acabar com as vantagens dos cidadãos em estarem sem trabalho.» [DN]

Parecer:

Parece que o PSD deixou de apostar no desastre do país como estratégia para chegar ao poder.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se o comportamento dos líderes do PSD e do PS.»

FMI DIZ QUE NÃO SE DEVE ACREDITAR DEMAIS NAS EMPRESAS DE RATING

«O director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou hoje que "não se devia acreditar demais" no que dizem as agências de notação financeira ['rating'].

As declarações de Strauss-Kahn ocorrem quando Grécia, Portugal e Espanha acabaram de ver revistas em baixa as notas atribuídas às suas dívidas públicas.» [i]

Parecer:

O problema é que muitos investidores acreditam.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Adoptem-se medidas.»

BELMIRO "SÓ" RECEBEU 347,8 MIL EUROS

«O presidente da Sonae Capital, Belmiro de Azevedo, auferiu ao longo de 2009 um total de 347,8 mil euros, incluindo 93,9 mil euros de prémios.

De acordo com o Relatório e Contas da Sonae Capital, a empresa gastou 863,33 mil euros em remunerações do conselho de administração.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Disto desta forma até ficamos com a ideia de que o dono da SONAE até recebeu menos do que Mexia, mas isso não é verdade, a valorização da SOANE por via dos seus lucros traduziu-se num aumento do património de Belmiro de Azevedo, isto é quanto menos ganha o Belmiro trabalhador mais ganha o Belmiro patrão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Façam bem as contas.»

BANK OF AMERICA DIZ QUE S&P ESTÁ A ATIRAR GASOLINA PARA A FOGUEIRA

«O Bank of America Merrill Lynch analisa hoje o impacto do corte do “rating” da dívida de Portugal e da Grécia por parte da Standard & Poor’s. O título do estudo é sugestivo: “S&P atira gasolina para a fogueira”.

Numa nota de “research”, a casa de investimento norte-americana refere que a decisão da S&P, que cortou o “rating” de Portugal em dois níveis para A- e o da Grécia em três níveis para BB+, faz crescer o sentimento negativo na dívida dos países periféricos da Europa.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Um dia talvez consigamos saber tudo sobre como funcionam as empresas de rating, receio de que estejamos perante um caso de polícia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

NO "ALBERGUE ESPANHOL"

O post "não esquecer... para não falhar", por Nogueira Leite:

«Nos últimos meses reiterei que o PSD esteve mal na negociação do Orçamento de Estado de 2010. Disse e escrevi que a sua atitude de óbvia passividade, que desembocou numa abstenção sem condições, era má para Portugal. Foi dito e repetido que o Orçamento para 2010 tinha de ser o ano zero de um Plano de Estabilidade e Crescimento credível e muito mais ambicioso. Que o essencial do ajustamento tinha que ter começado logo nessa altura e não atirado para depois do inicio de 2011.

Não foi essa a opinião da então direcção e de muitas pessoas que na altura associaram estas posições a meros tacticismos internos. Está claro que assim não era e que, como disse na altura, e tenho vindo a repetir à outrance, quanto mais demorarmos a tomar as medidas que têm de ser tomadas, menos vamos ser senhores do nosso futuro.

Não vamos reescrever o passado. Isso fica para os ex-leninistas e para os jihadistas ignorantes e amorais que os seguem... Mas que se percebam bem os erros do passado para não os repetir, nem no presente, nem no futuro.»

SILVIA GEORGIEVA

REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS