quinta-feira, maio 31, 2012

Salvemos o Miguel Relvas

O Relvas está para a esquerda portuguesa como em tempos o lince da Serra da Malcata esteve para os nossos ambientalistas, aliás da mesma forma que ninguém imagina a Serra da Malcata sem o famoso lince também ninguém pode imaginar o Passos Coelho sem o Miguel Relvas ao lado. Só mesmo um político como Miguel Relvas nos proporcionaria num mesmo dia vermos o Passos Coelho com um ar de Marco Paulo, um ilustre deputado do PSD a defender o Relvas como num daqueles filmes americanos em que o advogado salva o réu da cadeira eléctrica e deixa os jurados a chorarem baba e ranho, e como se tudo isso fosse pouco ver ainda o Telmo Correia tecer um discurso sobre direitos, liberdades e garantias para apresentar Miguel Relvas como o injustiçado da política portuguesa.
   
Deixemos o Relva governar, gerir as relações com a maralha das autarquias, enganar a troika e o Gaspar (a quadriga de bestas quadradas da finança) despachando as juntas de freguesias e proteger os municípios, vender a RTP agora que a Ongoing já não é a flor de cheiro dos tempos em que o Miguel Relvas era um gestor bem sucedido que reunia com o Vasconcellos mais o agente secreto. Relvas faz falta ao país, ao PSD, ao Passos Coelho e até à oposição e à comunicação social.
  
Com o Portas desaparecido, o Gaspar escondido e protegido por um batalhão armado da GNR, os ministros da Defesa e da Administração Interna na clandestinidade, o Macedo quase desaparecido, a Cristas a tratar do fardamento dos seus funcionários, o Lambretas no meio dos velhos da Santa Casa, vamos bater em quem? Na da Justiça não dá pois o Marinho acha que a moça é só dele, o Cavaco agora cada vez que sai só aparece no mês seguinte e o Álvaro é tão mau que já nem dá gozo bater no pobre diabo. Resta-nos o Relvas, não porque o homem seja muito corajoso mas porque como é o ministro responsável pela condução política os outros escondem-se e mandam-no para a fogueira, é o bombo da festa.
  
Para os jornalistas o Relvas tornou-se num petisco, sem casos judicias contra Sócrates, já nem o processo Freeport anima os jornalistas a não ser os do Correio da Manhã que fazem o frete de o acompanhar como se tudo fosse novidade. Sem o Relvas as redacções só têm matéria para encher os jornais de quinta a sábado, depois têm de inventar para entreterem o papel.
    
Relvas é tão importante como o lince da Serra da Malcata, é um pouco como o agora famoso lince ibérico (o da Malcata também era o lince ibérico mas assim fica mais fino, é como o presunto), se não existisse teríamos de o inventar. Relvas é o símbolo da biodiversidade política deste governo, é um autêntico querqus suber do governo e da classe política portuguesa, é o sombreiro à sombra do qual vive o Passos Coelho, é ele que dá a bolota com que se alimentam os jornalistas e que dá a cortiça com que se fazem as rolhas da oposição. Está para a política portuguesa como o querqus suber para as nossas florestas, o lince para a nossa biodiversidade ou o presunto ibérico para o nosso paladar, a sua perda para a política portuguesa seria irreparável, era como se o Marco Paulo deixasse de cantar ou se no próximo ano a Manuela Moura Guedes não aparcesse na Praia Verde.
  
É por tudo isto que devemos salvar o Miguel Relvas, apelar à sua manutenção no governo bem ao lado de Passos Coelho.

umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Pato-mandarim [Aix galericulata], Quinta das Conchas, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


"Facebook Bar" - Laulane, Maputo - Mocambique [T. Selemane]



Forte se São Lourenço do Bugio [J. Ferreira]


 
Ultraleve [A. Cabral]
    
Jumento do dia


Miguel Relvas

 Apesar de ser ministro dos Assuntos Parlamenares Miguel Relvas levou muito tempo, demasiado tempo, a perceber que os membros do governo respondem perante o parlamento, precisamente a frase com que iniciou uma comunicação defensiva que visava esvaziar a audição. Para quem passou uma semana a mandar dizer que esperava pelas conclusões da ERC parece que Relvas teve uma espécie de soltura parlamentar, até porque na comunicação inicial de Miguel Relvas não constou uma única referência ao caso Público.

Percebe-se agora que Relvas se estava a aproveitar do caso Público para evitar falar das secretas, e percebe-se porque o ministro falou muito de bom nome, fez muitos choradinhos, mas esclareceu muito pouco. Um bom exemplo da atrapalhação do ministro foi a forma como respondeu ao PCP sobre a eventual presença do seu no nos apensos à acusação do inquérito do MP. Começou por usar essa acusação para afirmar que o seu nome não constava nela, mas quando foi confrontado com a remissão da acusação para apensos lá esclareceu que não leu os apensos e ainda teve coragem para insinuar que nos apensos constariam o nome de "outros" dirigentes. Enfim, Miguel Relvas assentou o discurso da defesa do seu bom nome numa malandrice e num atirar de lama para o nome de "outros" dirigentes partidários.

Relvas é um político fraco, intelectualmente pouco evoluído, com um discurso humano e político assente em banalidades, falando de honestidade como o homem do talho que assegura a qualidade da sua carne e a caminho de ser demitido. Não exitem dúvidas quanto à sua demissão, só não se conhecem as circunstâncias ou o momento em que tal sucederá.
       
 

Os meus relatórios também são curtos

«A Deco hesita sobre o que é mais publicidade enganosa: se chamar àquilo Serviços Secretos ou Serviços de Inteligência. Depois do escândalo do calcio, o primeiro-ministro Mario Monti disse ontem querer suspender o futebol "por dois, três anos" - mas são mais prováveis soluções menos radicais como sair do euro ou acabar com a União Europeia. Se o modus operandi do superespião não mudou, já se conhecem pormenores do seu relatório sobre Ricardo Costa: são 52 primeiras páginas, recolhidas ao longo de um ano, com uma revelação ("Diretor") ainda envolta em plástico. O Vaticano troca os mistérios da fé pela literatura policial e o culpado é o mordomo. Jardim não foi ao parlamento regional e a oposição retirou a moção de censura - ficou-se com a ideia de que se ele prometer ir embora de vez talvez até ganhe um voto de congratulação, de louvor, de saudação e de homenagem. Segundo a UNICEF, as crianças portuguesas são das mais carenciadas da OCDE (25.º em 29), pior só as da Letónia, Hungria, Bulgária e Roménia - o que não impressionou a troika: "Temos ordens de cima, em matéria de crianças o nosso patamar é o Níger." Às nossas autoridades pode faltar muita coisa, menos libido: depois de a secreta se interessar por assuntos de cama, ontem foi a Polícia Judiciária a interessar-se por Caminha. O Bloco de Esquerda grego já tem luta para o verão: diz ter a marca registada e vai exigir aos ingleses que paguem pelos Jogos Olímpicos.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
Está tudo por dizer

«No mesmo dia em que, num doce jardim de Singapura, o dr. Cavaco, estremecendo de emoção, baptizava uma orquídea de "Simplesmente Maria", nesse mesmo dia Portugal vivia entre a barafunda, a mentira, e a omissão. Não há mal-entendidos nestas duas situações, só na aparência dissemelhantes. É o país que temos, o Presidente que se arranja no seu grandioso e fausto possidonismo, e a política de trazer pela trela que tem transformado a nossa pobre terra num episódio desprotegido, grotesco e insano.
  
O caso secretas-Relvas-Público e afins, que a "comunicação social" tem tratado com valente energia e sólido nervo, são comentados, pela população, sempre ávida de sacudir a nefasta melancolia, com o mesmo primor que atribui à selecção de futebol. Há algo de irracional nestas emoções. Mas essa irracionalidade pertence-nos, quase em sistema de exclusividade. É o Portugalinho na expressão mais ampla do nosso aparato cultural.
  
O que se sabe, no primeiro caso, é o que a Imprensa diz: apenas a superfície do que se esconde. E o que se esconde é muito mais amplo, muito mais caviloso, muito mais absurdo e vil do que nos dizem. Pelo menos tudo o indica. O que se deseja não é derrubar o Governo: é, apenas, amolgá-lo um pouco, como aviso para o que não deve, ou deve fazer. Miguel Relvas, exuberante por vaidade das funções exercidas, falador até ao cansaço, e incauto até à medula, era um alvo fácil. Almoçou ou jantou com pessoal graúdo da espionagem; recebeu mensagens no telemóvel porque o seu número estava no rol de quem não devia estar; convivia com gente inquietante, como sejam jornalistas. Por aí fora.
  
Enredado nesta teia reticular e quase sufocado pela imodéstia, Relvas, que me parece ser apenas isto e muito pouco mais, entalou Passos Coelho que, naturalmente, vai correr com ele, ajeitando um pretexto qualquer, ostensivamente esquecido algumas semanas depois. Um preopinante de voz grossa e gramática fininha, disse que Passos devia o lugar a Relvas. Tolice. Relvas é uma miniatura política, modelada pelas circunstâncias actuais da mediocridade generalizada. E Passos o tal incidente à espera de acontecer. Está ali para durar, tendo em vista a falta de atractivo e de fibra de António José Seguro, notoriamente um líder de passagem.
  
Entretido com as orquídeas, o dr. Cavaco nada disse, ou talvez ainda diga, servindo-se das evasivas e dos anacronismos do costume. Perdão, disse. Disse o que contraria as teses do Governo. Este, pelas vozes de Passos e Relvas, aconselhou os jovens a ir para o estrangeiro; o dr. Cavaco insistiu em que permaneçam em Portugal. Afinal, em que ficamos?
  
Nesta jiga-joga de expressões, em que o Público não sai virtuoso e na qual tudo é confuso, duvidoso e aleatório, vamos passando ao lado das lições diárias da História. E tudo fica por dizer.» [DN]

Autor:

Baptista-Bastos.
  

Mais uma alarvidade

«O primeiro-ministro defendeu hoje que é preciso "enfrentar as dificuldades com coragem e optimismo", e não a chorar.» [DN]

Parecer:

O homem sempre foi um modelo de coragem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Passos que vá dizer isso a alguém que por lhe cortarem os subsídios teve de entregar a casa ao banco.»
  
Uma crise nacional, diziam eles

«A maioria dos gregos quer que o programa de assistência internacional ao país seja revisto, segundo a mais recente sondagem no país. Além disso, o líder do Fundo Grego de Estabilidade Financeira disse hoje que não pode emprestar dinheiro ao Estado caso o Governo venha a precisar. A Comissão Europeia já pediu ajuda directa da zona euro para os bancos problemáticos, agora que tem outra situação que exige máxima atenção: a Espanha.

É neste cenário que as bolsas mundiais estão hoje em queda e as praças em Wall Street não fogem a estas perspectivas negativas em relação à zona da moeda única europeia e o futuro dela. No arranque da sessão, os índices industrial Dow Jones e S&P 500 perdiam 0,95% e 1,11%, respectivamente, ao mesmo tempo que o tecnológico Nasdaq recuava 1,31%, após terem somado 1% ontem.

"Os investidores estão muito preocupados com a Grécia e estão a ficar atrapalhados no escuro", referiu Mikkerl Kierkegaard Petersen, especialista do Nordea Private Bank, à Bloomberg. "Estão à procura da melhor oportunidade para vender porque as sondagens estão a ir na direcção errada, embora os dados não sejam 100% fiáveis", acrescentou o responsável.» [DE]

Parecer:

Já estão a engolir do que disseram.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao marido da orquídea se acha que já existe uma crise internacional.»
  
Passos Coelho não demite ministros por receberem sms

«Em resposta as acusações de Seguro, o primeiro-ministro diz já fez muito para que haja um esclarecimento do assunto e garante que não demitirá ministros por receberem SMS.» [Expresso]

Parecer:

Pois, mas se for ele a receber um sms da Manuela Moura Guedes já dispensa secretários de Estado indigitados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
Mais uma mentira de Relvas

«Quando foi ao parlamento para falar pela primeira vez sobre o seu envolvimento no caso das secretas, há duas semanas, Miguel Relvas foi taxativo: nenhum dos nomes que constavam de um sms enviado por Jorge Silva Carvalho com sugestões para chefiar os serviços secretos estava abrangido pelo segredo de Estado.

"Não eram agentes, eram pessoas para responsabilidades, para lugares de topo que não eram agentes, aqui não há segredos de Estado", respondeu então o ministro dos Assuntos Parlamentares a uma pergunta da deputada socialista Isabel Oneto.
  
Mas de acordo com o que um antigo responsável dos serviços explicou ao Expresso, dois dos nomes que constavam no sms estavam abrangidos pelo segredo de Estado e a sua identidade não podia ser revelada.» [Expresso]

Parecer:

Pobre Relvas, foi ao corta-relva.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
Ena, o Barroso teve um ataque de coragem

«O presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que a ajuda que a Alemanha presta aos países do sul da Europa não é feita por caridade, mas sim porque é também do seu próprio interesse, já que os benefícios que retira do mercado único europeu são muitos.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

A Merkel ainda o manda para a Berlim russa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Drão Barroso se se sente bem, se não será melhor ir ao médico confirmar que está na posse de todas as suas faculdades.»
   

   




quarta-feira, maio 30, 2012

Podridão


É evidente que as secretas estão num estado de podridão, são incompetentes, estão ao serviço de golpes, têm ou tiveram idiotas à sua frente, foram postas ao serviço de interesses privados, poderão ter sido utilizadas em situações que configuram conspirações.
  
São incompetentes porque se não o fossem nada do que está sendo divulgado se saberia, aliás, o seu ex-dirigente é a imagem da incompetência, manda sms a torto e a direito, mistura negócios privados com ambições pessoais e no fim vem tudo escarrapachado nos jornais, parece ser mais fácil saber o que um chefe das secreta o que jantou ontem o presidente da Junta de Freguesia do Castelo.
  
A forma como Bernardo Bairrão foi afastado do governo ainda antes de tomar posse mostra como se misturam informações de secretas com mentiras de empresa para depois se informar um primeiro-ministro por sms, como aconteceu no caso Bairrão onde um sms chegou para acabar com uma carreira política ainda antes de começar. Ainda antes de estar formado um governo já actua com base em golpes alimentados por informação duvidosa e de origem duvidosa.
  
A grande dúvida em relação ao caso Relvas é saber até onde foram as relações entre o chefe das secretas e o agora ministro, bem como saber até que ponto estas relações envolvem Pedro Passos Coelho. Ambos começaram por dizer que mal conheciam o agente secreto, mas pelo menos em relação a Miguel Relvas já se percebeu que poderia estar a mentir e a sua intimidade ser maior do que a resultaria de um encontro casual numa festa de anos. Ninguém imagina o agente secreto a escrever a Miguel Relvas um sms do tipo: “Ói, sou a agente secreto, lembra-se de mim? Conheci-o no aniversário da Tatá. Como deve estar a formar o governo não se esqueça que estou interessado nos Negócios Estrangeiros, mas se não for possível então fico com a Administração Interna, ou mesmo a Defesa. Fico a aguardar a confirmação. Abraço e bjs à Tatá”.
  
O PSD defende-se que o agente secreto foi nomeado por Sócrates o que é verdade, mas isso não significa que o homem seja simpatizante do PS, até para o próprio governo Sócrates nomeou gente simpatizante do PSD. É o caso, por exemplo, do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, antes de ir para o governo tinha estado como assessor do ministro da Agricultura de Pedro Santana  Lopes e depois de Passos ganhar as eleições foi promovido a administrador do Banco de Portugal.
  
A verdade é que o domínio das secretas pelo PSD começou há muitos anos, o homem que mandou nelas foi o omnipresente Dias Loureiro, recorde-se que durante muito tempo o senhor das secretas foi um tal Daniel Sanches, amigo de Dias Loureiro que mais tarde foi ministro da Administração Interna e fez o famoso negócio das comunicações da segurança, em três dias despachou o negócio do SIRESPE, adjudicou-o a um a empresa da SLN pagando quatro vezes mais do que pedia a concorrência [Público]. O caso ficou em águas de bacalhau, hoje o país está a ser manado pela troika e a culpa foi só do Sócrates.
  
O problema das secretas não é de sujidade, não se resolve com limpezas como alguns sugerem. É um problema de podridão e como qualquer cancro quisto deve ser extirpado e atirado para o lixo. Ali nada se aproveita, as escolhas de gente foram feitas a dedo e o controlo por parte dos bandidos vai até à terceira geração, até os porteiros poderão ser gente escolhida pelos mafiosos da Ongoing e de outras agremiações que nos últimos anos estiveram muito activas na conquista do poder.
  
Ser amigo de uma destas personagens era símbolo de poder, no fisco temia-se uma personagem porque era destas relações e a verdade é que foi em defesa dessa mesma personagem que o autor deste blogue foi alvo de um golpe baixo por parte do jornal “i”

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Gaivotas nas salinas de Castro Marim
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Gaivotas [A. Cabral]
     
Jumento do dia


Avelino de Jesus

Avelino de Jesus foi ao parlamento lançar suspeitas sobre as PPP, mas em vez de provas usou como indício aquilo a que de acordo com a sua própria opinião foi uma sonegação de provas. Assim, na sua opinião, se lhe foram supostamente escondidos documentos é porque haveriam coisas a esconder, logo, existiriam arranjinhos.

O problema desta tese de Avelino de Jesus está no facto de o governo já ter mudado e se tais documentos existissem há muito que estariam no Ministério Público onde, como se sabe, não faltam magistrados desejosos de investigar o anterior governo. O problema da tese de Avelino de Jesus é que usada fora do tempo é ela própria uma arranjinho para denegrir a imagem de terceiros de quem o Avelino não gosta e contra os quais se tem batido no plano político-partidário.

«Questionado directamente pelo deputado social-democrata Paula Batista Santos sobre se a existência de "arranjinhos" e "favorecimento de privados" nos contratos de PPP, Avelino Jesus considerou legítima a suspeição de que assim aconteça.
  
Com mais de duas horas de audição, o ex-membro da comissão de avaliação das PPP defendeu que "há pelo menos a suspeição que essas situações sejam reais face à dicifuldade na obtenção da informaçãoão, que deveria ser pública". E para ilustrar a dificuldade na obtenção de informação, o professor do ISEG assinalou a entrega de documentos a conta-gotas, com má vontade, tendo até recebido CD vazios.» [DN]

O que fará Cavaco?

Se fosse no tempo de José Sócrates:

  • Mal chegasse a Lisboa chamaria a jornalista e a editora a Belém para se queixarem em viva voz do ministro.
  • Chamaria Pinto Balsemão para este lhe contar sobre o que sabe a propósito da promiscuidade entre o governo, a Ongoing e a célula clandestina deste grupo na secreta.
  • Reuniria com o PGR para avaliar se há situações de crime.
  • Mandaria uns recados ao primeiro-ministro e não parava de mandar bocas enquanto o ministro não fosse demitido.

Como o governo não é o de Sócrates não fará nada a não ser que perceba que tal é inevitável para proteger a sua própria imagem.

Já percebo a insensibilidade do Gaspar

Não é insensibilidade em relação à miséria em que vivem as crianças portuguesas como explica o relatório da UNICEF, acontece que o nosso ministro também deve estar mais preocupado com as crianças subsarianas.
   
 

Más combinações: alemães e mapas

«Os erros são como as dívidas aos bancos, só se cobram quando são pequenos. Angela Merkel, dona do Banco Central Europeu, acaba de cometer um pequenino erro e eu ia perdoar-lhe? Nem pensar, passo e repasso aquele vídeo, já viral na Internet. Então, a senhora foi à Escola Internacional Europeia, em Berlim, a uma aula de Geografia. Conta-se rapidamente: a professora pediu-lhe para apontar Berlim, Merkel enganou-se e apontou longe, para as profundezas da Rússia, gargalhada geral dos jovens. Mas isso foi um engano, que mereceria só risinhos. O problema é outro: é o erro. Que, nos grandes, quando é pequeno pode tornar-se enorme. Em janeiro ou fevereiro de 1992, Jonas Savimbi desembarcou em Luanda para eleições - numa cidade farta da incapacidade do Governo do MPLA e que estava disposta a aceitar alternativas. Aí, Savimbi cometeu o tal funesto pequeno erro: desceu do avião mostrando a pistola no coldre. Mais do que da ineficiência, Luanda estava farta da guerra, e Savimbi perdeu a eleição. Voltando a Merkel: um chanceler alemão, seja ele mulher, não pode ser filmado a apontar para um mapa (ou jogando à bola com um globo terrestre)! Trocamos logo a professora por dois generais, Jodl e Keitel, e à Merkel pomos-lhe um bigodinho. E se o (ou a) chanceler aponta como território alemão um ponto da estepe russa, vemos logo a pobre da Polónia atravessada por panzers... Abuso? Talvez, mas ando muito irritado com arrogância alemã.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
Miguel Relvas e os sacanas com lei

«1. Tudo isto é triste, tudo isto é fado - esta é a legenda que mais se adequa ao filme verídico e actual da nossa política. Tem como protagonistas Miguel Relvas e Jorge Silva Carvalho, para além das figuras secundárias dessa empresa a brincar chamada Ongoing. Atenção: para os mais zelosos do pudor e dos falsos moralismos que por aí cirandam, aviso que o título é inspirado no filme "Sacanas sem Lei" de Tarantino. Não significa, pois, que esteja nas presentes linhas a qualificar Miguel Relvas como um "sacana": este político do PSD até tem sensibilidade política, capacidade de trabalho e até criatividade para resolver problemas políticos complexos. Até poderia ser, em tese, um bom Ministro. Em tese: na prática, Relvas tem contra si a sua personalidade obsessiva, controladora e autoritária; o seu imoralismo (para ele, só contam os fins e nunca os meios - se for preciso inventar militantes numa secção, inventa-se; se for preciso ameaçar uma jornalista, ameaça-se) e a sua falta de carácter. Enfim, é uma pessoa que não merece - de forma alguma! - ser membro do Governo de Portugal.
  
2. Quanto a Jorge Silva Carvalho, é a personificação dos vícios mais salientes da democracia portuguesa: alguém que através de ligações promíscuas com os líderes partidários consegue subir nas estruturas do Estado, fazendo o samba político constante de ora apoiar o PS, ora apoiar PSD, usando dados pessoais dos cidadãos, violando pornograficamente os direitos e garantias individuais. Nesta medida, objectivamente, Jorge Silva Carvalho - não digo que é um "sacana com lei", mas... - é um indivíduo que não merece a nossa (mais) mínima consideração.
   
3. Para quem acha que sou demasiado duro e intolerante com Jorge Silva Carvalho, sugiro que pense no episódio que marcou o fim de semana informativo: as escutas a Francisco Pinto Balsemão. É um episódio lamentável, que mancha a democracia portuguesa e confirma numa ditadura de interesses privados, empresariais, conluiados com o poder político. Podemos admirar ou criticar o percurso de Francisco Pinto Balsemão; podemos enaltecer ou criticar as suas competências como presidente de um grupo de comunicação social - mas num ponto todos concordamos: não podemos permitir que um grupo empresarial tenha acesso a dados da nossa vida privada, de uma forma que nem o Estado está legitimidado para o fazer! Hoje é Francisco Pinto Balsemão; amanhã posso ser eu ou você, caro leitor. Os meninos da Ongoing deveriam aprender com este episódio: o problema é que o Governo, enredado em ligações perigosas com este grupo empresarial, já perdeu autoridade moral para se mpor. Seri positivo que, de ma v por todas, alguém esclarecesse o que é a Ongoing, qual a sua função (para além de pressionar o poder político) e se tem algum escopo económico-comercial: caso contrário, que se proceda ao levantamento da sua personalidade colectiva.
  
4.Quanto a Miguel Relvas, a solução só pode ser uma: a sua saída imediata do Governo. Relvas já não ajuda; só atrapalha. Desenvolveremos este ponto amanhã aqui no Politicoesfera.» [Expresso]

Autor:

João Lemos Esteves.
    

Miséria Moral

«Francisco Pinto Balsemão espera que o caso das secretas permita uma “imediata limpeza” nos serviços de informações. Entrevistado no programa “Terça à Noite”, da Renascença, o presidente do grupo Impresa mostra-se preocupado com a situação de “miséria moral” em que estão impregnados os serviços secretos.
  
“Acho que os serviços secretos são uma actividade necessária, dentro de determinadas balizas, e que Portugal, pelos vistos, tem os serviços secretos numa situação de miséria moral que muito me preocupa. Bem sei que há pessoas válidas e que não actuam assim lá dentro, mas penso que é indispensável uma imediata limpeza e um imediato esclarecimento sobre tudo o que se lá passa”, defende, criticando o facto de haver “serviços secretos que funcionem para municiar eventualmente interesses privados”.» [RR]

Parecer:

Não é só miséria moral, é miséria intelectual (vide declarações de Passos sobre o desemprego), é miséria judial (vide os patrocínios do congresso dos magistrados), é miséria financeira (vide o BPN dos cavaquistas), enfim, é miséria total.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Concorde-se mas recorde-se a Pinto Balsemão as responsabilidades do partido de que é militante n.º 1 e de que ele próprio foi vítima no tempo da ascensão de Cavaco Silva, ascensão que faz recordar a dos amigos do rapaz das secretas e do patrão da Ongoing.»
  
Gente que andou a gastar demais

«Três em cada dez crianças em Portugal são carenciadas, de acordo com um relatório da UNICEF sobre pobreza infantil, que coloca o país quase no final da tabela dos 29 países europeus estudados.» [CM]

Parecer:

Umas malandrecas, estas crianças carenciadas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Gasparoika.»
  
Vietname: condenados à morte aguardam por falta de químicos

«Mais de 400 condenados à morte estão à espera de ser executados devido à falta de produtos químicos que compõem a mistura utilizada na injeção letal, revelou esta treça-feira à imprensa um responsável governamental.
  
"Nós temos mais de 400 condenados à morte que não podemos executar. As formalidades dos processos estão concluídas em mais de 100 casos mas não dispomos dos produtos necessários para as efetuar", explicou o vice-ministro da Segurança Pública, Dang Van Hieu, ao jornal Tuoi tre.» [DN]
    
Crato não sabe quantos professores vai despedir

«O ministro da Educação, Nuno Crato, afirmou hoje que não faz ideia de quantos professores contratados ficarão fora do ensino no próximo ano letivo, indicando como "fantasiosos" os receios de que sejam "dezenas de milhares".» [i]

Parecer:

Bem, só sabe que se fartou de adoptar medidas para poder despedir o maior número possível do professores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos professores que vão ser despedidos se já estão com saudades das avaliações da Lurdinhas.»
  
Scolari explica porque não convocou Vítor Baía

«Luiz Felipe Scolari revelou, em entrevista à RTP, que Pinto da Costa tinha “muita influência” na selecção nacional. A questão “Vítor Baía” foi também abordada, com o ex-seleccionador a explicar que o guarda-redes estava em conflito com a direcção do FC Porto e que convocá-lo seria uma afronta a “um dos maiores dirigentes do futebol português”.
   
“Disseram-me que o Vítor Baía não estava mais nos planos do F.C. Porto, não jogaria mais, estava em conflito com o seu treinador e com a direcção. Foi o presidente do F.C. Porto que me disse isto. A partir daí passei a olhar com outros olhos para o Vítor Baía”, contou em entrevista que irá hoje para o ar na televisão pública.
  
Scolari disse ainda que não interessava esclarecer porque não convocava Vítor Baía “porque seria uma guerra que poderia ter com um dos maiores dirigentes, uma pessoa que influenciava as escolhas na selecção, como era o presidente do FC Porto”.
   
Segundo o ex-seleccionador nacional, Pinto da Costa influenciava muitas das escolhas da selecção: “ele pode opinar sobre um ou outro jogador, ele pode numa conversa muito interessante com o presidente da Federação sugerir a ideia de jogar aqui ou jogar lá. Senti muita destas influências e por isso tive esta rixa”, desabafou.» [i]

Parecer:

Sempre, sempre, sempre, o Pinto da Costa, uma verdadeira Ongoing do mundo do futebol.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»