segunda-feira, junho 30, 2014

Pontualmente com três anos de atraso

Costuma-se dizer que o comboio espanhol chega sempre pontualmente com uma hora de atraso, parece que o mesmo fenómeno corre com muitos políticos e comentadores que são pontuais com três anos de atraso. É o que sucede com António José Seguro, o político que diz que vai ser diferente, que vai ser honesto, o problema é que a sua honestidade é pontual com três anos de atraso. Foi o que sucedeu com o memorando de entendimento com a troika, Seguro esperou mais de três anos para ter a coragem de dizer que discordava dele.
  
Não é difícil de adivinhar que daqui a três anos Seguro discorde que tenha havido o famoso desvio colossal que serviu a Passos e Gaspar iniciarem a cavalgada de overdose de troika a que Seguro nunca se opôs frontalmente. Daqui a três anos também deverá discordar das sucessivas revisões do memorando a que não se opôs e não seria de admirar que venha a dizer que por ele teria chegado a um acordo com PSD e antecipadon as eleições, mas que os socráticos não o deixaram.
  
Este fenómeno de pontualidade não é exclusivo de José António Seguro, sucede o mesmo com Cavaco mas este é mais manhoso do que o ainda líder do PS, habitualmente fica calado e quando se sente questionado recorda o que escreveu algures ou o que disse num qualquer discurso a que ninguém. Só que em Seguro temos um problema, sobre algumas coisas só sabemos o que ele pensava três anos depois, em compensação nas noutras em  que era conhecida a sua opinião sua opinião, como é a escolha de um candidato a primeiro-ministro através de directas, ele costuma mudar de opinião três anos depois.
  
É mais ou menos o que sucede com muito boa gente neste país, veja-se o que se passa com os excessos de despesa de Sócrates. Cavaco fartava-se de elogiar as reformas de Sócrates e a oposição sempre foi unânime em pedir mais despesa pública, nenhum OE foi criticado por prever despesa em excesso, antes pelo contrário, Sócrates era sistematicamente criticado pelo contrário. Três anos depois, todos a começar por Cavaco eram críticos da política orçamental que tinha sido seguida.
  
Se os atrasos do comboio espanhol não passavam, de fama já no caso do atraso dos nossos políticos em dizem o que pensam sobre muitos temas tem outra justificação, a cobardia. A política portuguesa está transformada numa escola de cobardia e de oportunismo, já pouco importa o que os nossos políticos pensam ou dizem, eles comportam-se como se estivessem num concurso de canários onde os eleitores escolhem o que melhor canta.

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Dormidas Estrela, Campo das Cebolas, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
António José Seguro

O ainda líder do PS é uma mistura de Rangel com o divertido ministro da informação de Saddam, umas vezes quer ganhar visibilidade à custa de debates televisivos, uma estratégia comum a candidatos fracos como sucedeu com Paulo Rangel, outras vezes afasta a derrota vendo vagas de fundo em seu apoio como sucedia com Mohammed Saeed al-Sahhaf.

«O secretário-geral do PS, António José Seguro, disse no sábado à noite, em Celorico da Beira, que o apoio à sua candidatura vem "crescendo" e espera que assim continue para obter uma "grande vitória" nas eleições primárias.

"Sinto que há cada vez um crescente maior nesta candidatura, que as pessoas compreendem as razões pela qual nós estamos a lutar por um país mais justo, colocando as prioridades no sítio certo, que é o crescimento económico e a criação de emprego", disse António José Seguro aos jornalistas, após um encontro com militantes e simpatizantes do distrito da Guarda, no Centro Cultural de Celorico da Beira.» [Notícias ao Minuto]
 
 Dúvidas que me assaltam

Será que quando falam de tralha socrática Seguro e os seus se referem a políticos como Carlos Zorrinho?

 Merecimentos

Pires de Lima diz que os portugueses não merecem um aumento de impostos.

Seguro diz que o PS não merecia o que lhe fizeram.

E eu digo que nada fiz para merecer aturar gajos destes.

 Cavaco, o FMI e a reestruturação da dívida

O FMI:

«O Fundo Monetário Internacional defende que Portugal, bem como a Irlanda teriam saído a ganhar se tivessem renegociado a dívida dos seus países.Segundo o que refere o documento "The Fund's Lenging Framework and Sovereign Debt", a excepção criada para a Grécia (e posteriormente a Portugal e Irlanda), e que permitiu saltar a renegociação de dívida, foi demasiado rígida por "implicar uma reestruturação de dívida definitiva". E propõem que seja eliminada para dar lugar a uma nova regra que diga que deve haver reestruturação sempre que existirem dúvidas relativamente à sustentabilidade da dívida.» [i]

Cavaco:

«"Sobre essa matéria escrevi aquilo que penso no texto da mensagem de Ano Novo de 2013 e em relação a isso só posso acrescentar que, quando me tenho encontrado ao longo dos tempos com investidores estrangeiros, quando ouvem falar na palavra reestruturação reagem de forma muito negativa. Tenho constatado de facto isso, porque imediatamente ligam essa palavra a perdão de dívida e, portanto, assustam-se em relação a possíveis investimentos no país", disse o presidente da República.

Na mensagem de Ano Novo de 2013, o chefe de Estado defendeu que "tentar negociar o perdão de parte da dívida do Estado não é uma solução que garanta um futuro melhor".» [JN]

Palavras para quê? É um artista português.

 
      
 Demasiados Oliveiras da Figueira
   
«Há já uns meses, Belmiro de Azevedo disse que os salários só poderão crescer quando a produtividade dos trabalhadores portugueses aumentar. Entre outras coisas, terá dito que "os alemães, por hora, fazem três ou quatro vezes mais do que os portugueses". Parece, também, que o Governo se prepara para apresentar uma proposta que pretende indexar o aumento de salários à produtividade.

Como é sabido, a baixa produtividade é um dos maiores problemas da nossa economia. Uma das mais baixas da Europa, diga-se. É, aliás, um tema que devia estar na primeira linha das preocupações de todos os Governos portugueses e permanecer na discussão pública.

As razões são várias e não é possível, de forma clara, identificar um fator como decisivo.
O nosso baixo nível de qualificações é, evidentemente, um fator. Se compararmos esse nível com os nossos parceiros europeus percebemos facilmente o fosso que ainda nos separa deles. Partimos de patamares muito baixos e, apesar de todo o esforço que foi feito nas últimas décadas, ainda há muito caminho para percorrer. Um trabalhador qualificado, educado, é por definição mais produtivo - e, é bom que se perceba, que o problema alastra, e duma maneira flagrante, aos empresários, que apresentam taxas de qualificação e nível académico tremendamente baixos em relação aos nossos parceiros europeus.

É, aliás, absolutamente suicida ter-se acabado com as Novas Oportunidades e com programas com objetivos idênticos. Se a isto somarmos a brutal diminuição do investimento em investigação e em investigadores, um desinvestimento claro na educação e os elevadíssimos níveis de emigração qualificada, teremos um cenário em que a produtividade, inevitavelmente, piorará.

Belmiro de Azevedo sabe de tudo isso. Espanta que não o tenha dito de forma clara. Uma das óbvias consequências evidentes será o regresso do modelo da competição através do preço. Ou seja, comprometerá seriamente o modelo que ele próprio defende: que se crie valor através da inovação, da criatividade e da excelência de gestão. O mesmo se pode dizer do Governo: fala em indexar salários à produtividade e depois assume-se como fomentador da diminuição de qualificações.

Mas ao patrão da Sonae escaparam-lhe mais coisas. Esqueceu-se, por exemplo, de referir a decisiva contribuição de muitos empresários e gestores portugueses para a baixa produtividade em Portugal.

Poder-se-ia começar pela pergunta mais básica: por que diabo os trabalhadores portugueses são elogiados em todas as partes do mundo como exemplo de produtividade? Ou por que raio as multinacionais a operar no nosso país elogiam, de forma sistemática, o desempenho dos trabalhadores locais ?

O facto é que também temos um problema sério com a nossa classe empresarial. As questões da produtividade estão fortemente ligadas à organização do trabalho, à formação, à liderança, a bem estruturadas políticas de recursos humanos - entre outras, claro está. Quem conhece as nossas empresas sabe que a esmagadora maioria é altamente deficiente nestes aspetos. Que o investimento nessas áreas é absolutamente desprezível e desprezado.

Aliás, a proposta do Governo - ainda mal explicada - tendente a aproximar os salários dos níveis de produtividade parece partir do princípio de que esses níveis estão ligados ao desempenho dos trabalhadores. Ou seja, que a produtividade se deve assacar de forma decisiva aos trabalhadores e ao seu papel no processo produtivo. Bem, mas do Governo já sabíamos que acha que as principais origens de todos os males são os elevados salários e a preguiça dos trabalhadores portugueses. É, a falta de vergonha e a ignorância chega a este ponto. Ver um grande empresário como Belmiro de Azevedo afinar aparentemente por esse infeliz e bacoco diapasão é que surpreendeu.

Não há que ter medo de enfrentar a realidade: uma grande parte dos nossos empresários, mesmo dos chamados grandes, são mais homens de negócios do que gente com vontade de montar, desenvolver e consolidar projetos. Temos, infelizmente, muitos Oliveiras da Figueira (popular figura dos livros do Tintin) e poucos Belmiros de Azevedo.

É bom lembrar que a razão para a baixa produtividade não está numa imaginária preguiça congénita do trabalhador português, muito pelo contrário, mas em razões bem distintas dessa. E quando se diz que se deve indexar salários à produtividade e se diz que os trabalhadores portugueses têm de ganhar quatro vezes menos do que os alemães porque são muito menos produtivos, devia-se ter muito, muito cuidado. É que isso acontece, na esmagadora maioria dos casos, por culpa de quem os emprega e dirige. E tanto no sector privado como no público.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.
   
   
 O moço de recados avisa
   
«Analisando a atual situação económica do país e o cumprimento do objetivo de atingir 4% de défice orçamental, Luís Marques Mendes, na SIC, disse que mesmo com os chumbos do Tribunal Constitucional (TC) o país conseguirá cumprir esta meta. O comentador defende porém que se o TC continuar a chumbar as medidas do Governo, nomeadamente os cortes salariais para 2015, poderá haver aumentos de IVA e IRS.

“Se não tivesse havido este último chumbo do Tribunal Constitucional (TC), com este ritmo de execução orçamental podíamos ficar com um défice abaixo dos 4%. Porém, mesmo com o buraco aberto com a decisão do TC as contas apontam que será possível cumprir o objetivo sem recorrer a aumento de impostos”, começou por dizer, relembrando que atualmente os níveis de confiança dos consumidores e dos investidores subiram, os investimentos cresceram e que as contas externas continuam positivas.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Começaram as ameaças.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Seguro já defende reestruturação da dívida
   
«O secretário-geral do PS quer colocar um novo tema na agenda do Conselho de Estado: a necessidade “urgente” de “estabelecer um consenso nacional em torno da renegociação das condições de pagamento da dívida pública”, diz Seguro, numa declaração ao Diário de Notícias.

“Se na reunião do Conselho de Estado conseguirmos que o primeiro-ministro compreenda a importância desta decisão, então a reunião terá uma grande utilidade para o nosso futuro coletivo: aliviarmos os sacrifícios dos portugueses”, acrescenta ainda o secretário-geral do PS.

Quando convocou o Conselho de Estado para a próxima quinta-feira, Cavaco Silva deixou a agenda aberta, para que todos se sentissem confortáveis em discutir os temas que considerassem relevantes. Mas este é um dos que não agradará a Passos Coelho. Antes das europeias, Passos tinha sido chamado a pronunciar-se sobre o tema no seguimento do manifesto dos 74, onde os termos vagos do pedido de renegociação permitiram juntar Bagão Félix, Ferreira Leite, Francisco Louçã e vários deputados das duas alas socialistas.» [Observador]
   
Parecer:

O coitado tem alegia à palavra reestruturação e fala em renegociação.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «O homem parece outro, um dia destes até o Passos vai dizer que não o reconhece.»
   
 Seguro diz que há um movimento de indignação
   
«Questionado pelos jornalistas sobre a crise interna que afeta o Partido Socialista, António José Seguro disse que "há no país um movimento de indignação por um problema que era desnecessário e que foi criado pelo António Costa a todo o Partido Socialista [PS]".» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Então não há? Este Seguro é um ponto!
     
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «He, he, he, he, he....»
   
   

   
   
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domingo, junho 29, 2014

Segurada

Foi preciso ter de enfrentar António Costa para que Seguro se transformasse num imenso poço de virtudes, o defensor do Estado social, o político humilde, o homem que defende que cada cidadão vale um voto, o candidato que não tem o apoio da banca. Seguro não é Seguro, é um político produzido juntando aquilo que o cidadão comum considera dever ser a qualidade dos políticos. E se ele é a fusão de todas as qualidades que um político deve ter as suas propostas para o país é um extenso cardápio de símbolos de progresso. Enfim, se fosse possível produzir políticos de plástico nem os chineses fariam melhor, nem mesmo se comprassem um molde a Henrique Neto.
  
Parece que a equipa de Seguro quer acabar com a tralha socráticas, algo que não admira pois ao longo de três anos ficaram indiferentes a tudo o que foi destruição de projectos iniciados pelo governo anterior. O ódio a Sócrates é tão grande que até parece que a equipa de Seguro é a ala esquerda dos apoiantes de Seguro. Agora a dúvida está em saber que lixívia branqueou personalidades como o Zorrinho que até aqui era a ala socrática de Seguro.
  
Parece que o FMI vai assinar o manifesto em defesa da reestruturação da dívida pois chegou à conclusão de que teria sido melhor solução. Outro que poderá assinar o manifesto é Seguro, só não o fará porque desde sempre rejeitou a reestruturação. É por ser contra a reestruturação que Seguro vai ao Conselho de Estado defender a renegociação. Até Cavaco que sabe umas coisas de economia deverá estar ansioso por saber qual a diferença entre renegociação e reestruturação, algo que só os iluminados do Novo Rumo deverão saber.
  
O país ficou surpreendido com o apela de uma dirigente nacional do PS para que a direita se inscrevesse nas primárias de Seguro como simpatizantes do PS, a ideia é sugerir que nas primárias votem no Seguro e nas legislativas votem em Paulo Portas. Enfim, é mais um novo rumo que este PS está a tomar com o timoneiro de Penamacor.
 
Enfim, desta vez em vez de uma semanada temos uma segurada.

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Estátua nalhão dos Combatentes da Grande Guerra, Cemitério do Alto de São João, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Marinho Pinto

Até parece que o eurodeputado não sabia ao que se estava candidatando e ficou surpreendido. Até apetece perguntar-lhe se decidiu doar o dinheiro que considera ser pago em excesso a uma instituição.

«Marinho e Pinto, em conversa com o jornal i, denunciou o dinheiro que é dado aos eurodeputados, no Parlamento Europeu, chegando mesmo a afirmar que se vive uma situação "aberrante", pois está a gastar-se o dinheiro dos contribuintes.» [Notícias ao Minuto]
 
 Seguro dá uma ajuda aos simpatizantes do PS

Enquanto tenta passar a imagem do lobo alfa Seguro desdobra-se em auto-elogios e até já tem ideias. É uma pena para o ainda líder do PS que António Costa não tenha aparecido mais cedo.
 
 Que estratégia para António Costa

Depois de inventar as primárias e de soltar os seus pitbulls e caniches contra António Costa o por enquanto líder do PS quer que António Costa passe o tempo a fazer debates televisivos na esperança de ganhar combates de vale tudo na versão partidária. A estratégia de Seguro é de alguém que luta desesperadamente por manter o seu pequeno tacho, não pensando em Portugal ou no seu partido.

Depois de ter montado um esquema de chapelada e de ter imposto as suas regras Seguros espera que António Costa faça o seu próprio jogo. Só que aqui as coisas mudam e António Costa deve ignorar os golpes sujos, as dentadas dos pitbulls e caniches do canil de Seguro e conquistar o país. O que está em causa não é o tacho de Seguro, é o país e o povo e o ainda líder do PS já teve mais de três anos para mostra o que vale e mostrou que não valia grande coisa.

Se Seguro queria mostrar o que vale em debates teve uma oportunidade de o fazer contra Passos Coelho de quinze em quinze dias, mas perdeu todos os debates quinzenais, assim como perdeu dezenas de oportunidades de apresentar propostas, de contestar as políticas. Ao fim de três anos nãop propôs nada e só agora começa a dizer o que pensava há três anos.

António Costa deve ignorar Seguro e evitar perder tempo com ele, o que está em caus aé conquistar o país, começar a construir uma alternativa séria e competente, abrir portas a compromissos com outros sectores e personalidades. Não é só o PS que está dividido, é o próprio país, de um lado estão os dois jotas e a sua fast política que prejudica a saúde do país, do outro lado está António Costa e muita gente à esquerda e à direita para quem é possível recuperar o país.

Seguro já teve 3 anos de oportunidades para mostra do que é capaz e foi o que se viu, três anos sem ideias, sem propostas e sem um novo rumo. A única coisa que Seguro conseguiu mostrar é que não passa de um sucedâneo de Passos Coelho, está para este assim como a chicória está para o café.

 A diferença entre a selecção e o governo

Enquanto temos uma das piores selecções com o melhor jogador do mundo e sem banco, temos um dos piores governos do mundo com o pior primeiro-ministro da Europa e um banco ainda mais mal servido.

      
 Liderar de dentro do armário
   
«Pouca coisa revela tão bem a degenerescência burocrática dos partidos e a sua captura pela partidocracia do que o actual processo no PS.

É verdade, e toda a gente que conhece história e ciência política sabe-o, que o problema das oligarquias partidárias é inerente aos partidos políticos em democracia. Há cem anos de análises destes fenómenos, por isso não se trata de novidade nenhuma, mas como Michels não escreveu sobre o PS português talvez valha a pena olhar com atenção o que lá se passa, medidas todas as distâncias. E como o que lá se passa é relevante para a vida cívica portuguesa, muito para além das fronteiras das sedes partidárias – mais do que isso é um verdadeiro problema nacional da democracia e de Portugal que se reflecte na vida concreta de milhões de cidadãos –, encolher os ombros e dizer que é o “costume” nos partidos, “eles lá que se arranjem” é irresponsável.

Comecemos por uma nota prévia, um aviso a tempo por causa do tempo. Falar do processo do PS é essencialmente falar de António José Seguro e dos seus apoiantes, porque são eles com a sua maioria nos órgãos do PS que têm condicionado tudo. São eles os autores relevantes em todo o processo, a que apenas o acto inicial de contestação da liderança de António Costa pode ser comparado. E acrescente-se aquilo que todos sabem e que todas as consultas de opinião dizem de forma tão expressiva: para os portugueses, entre António Costa e António José Seguro vai uma diferença abissal em termos de opinião pública. Pode ser engano, pode ser um efeito mediático, pode ser tudo, mas existe sem ambiguidades. Os dois não são iguais, mesmo que a luta fosse apenas por estilos de liderança, que não é. Podem não ser claras e estar escondidas em muita retórica redonda, mas há diferenças programáticas, há diferentes sensibilidades e pulsões que apontam para caminhos distintos. O próprio Francisco Assis, apoiante de Seguro, enunciou no PÚBLICO um conjunto de perguntas que marcam diferenças tácticas e estratégicas. Mas não é essa a matéria deste artigo, ficando para outra altura essa análise.

Agora trata-se de compreender a natureza aparelhística nua e crua da resposta de António José Seguro à contestação de Costa e o que ela nos mostra sobre o estado dos maiores partidos portugueses, visto que se trata de uma reacção que não é distinta entre PS e PSD, só que agora se revela em todo o seu esplendor no PS. Já há muito escrevi aqui que, se António Costa ou Rui Rio contestassem as actuais lideranças, o seu prestígio social de pouco valia face ao acantonamento de aparelhos que se defendem até à última, mesmo que isso signifique perder eleições, desde que os seus poderes internos não sejam postos em causa, o que também significa o seu emprego. Na altura, referi que, mesmo assim, seria mais fácil essa contestação ser vitoriosa no PS do que no PSD. E, embora surpreendido pelo catálogo absurdo de truques que Seguro tem tirado da manga, continuo a achar que no PSD seria muito mais duro, porque há poder e a ruptura violenta do partido com a sua história, programa, e ideologia, logo com o seu eleitorado, tem facilitado a degenerescência aparelhística.

O que mostra à evidência o que Seguro e os seus têm feito no PS é algo que muitas vezes se compreende mal no aparelhismo: é que acima da força do partido e das suas oportunidades eleitorais de aceder ao poder, acima do “cheiro ao poder”, está o controlo interno do aparelho. Seguro não hesitou um segundo em castrar o PS por vários meses, numa altura crítica para a vida pública portuguesa, para adiar um confronto que pressentia ser-lhe desfavorável, arregimentar as suas tropas e encontrar uma panóplia de truques para tentar obter vantagem. E Seguro sabe, e se não sabe não está lá a fazer nada, que, se sair vitorioso deste confronto nestas condições viciadas, não só muito dificilmente ganha as eleições em 2015, com um partido esfrangalhado e um líder recusado pela opinião pública, como, se as ganhar, é para começar no dia seguinte a negociar com o PSD. Corre, aliás, o risco, que no PSD também se corre a um prazo mais dilatado, de criar condições para as primeiras cisões a sério nos partidos do “arco de governação”. » [Público]
   
Autor:
 
Pacheco Pereira.
   
   
 Não há pressa no CDS
   
«Uma frase colocada ontem no Facebook por um assessor de imprensa de Paulo Portas no CDS constitui a resposta do líder centrista à urgência já manifestada pelo PSD para que a questão da coligação entre os dois partidos para as próximas legislativas se defina "rapidamente". E a resposta foi: não há pressa nenhuma.

"Não é possível estar-se a discutir politicamente um Orçamento ao mesmo tempo que se discute partidariamente uma coligação", publicou o referido assessor, Pedro Salgueiro.» [DN]
   
Parecer:

O Paulo portas a pôr o Passos Coelho de marinada.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 A resposta aos ressabiados
   
«Segundo noticiou este sábado a TVI, históricos socialistas como Soares, Arons de Carvalho, Alfredo Barroso e Mário Mesquita revêem-se no texto onde se diz ser “indispensável que António Costa seja o candidato a primeiro- ministro”, por estar em “melhores condições externas e internas para ganhar as próximas eleições legislativas e oferecer a Portugal uma alternativa sólida, clara e de esquerda”.

Nuno Godinho de Matos, outro dos subscritores do manifesto, disse à TVI que considera o actual presidente da Câmara de Lisboa “uma pessoa mais sólida, mais preparada” do que António José Seguro, “e que se afirmou na política trabalhando em público e para o público”, enquanto o actual líder do PS “não tem curriculum”.

Depois de defender a "participação de todos" neste processo de "clarificação" do partido, os subscritores do manifesto apelam a que "o debate e o processo eleitoral decorram no cumprimento escrupuloso das regras democráticas, nomeadamente de transparência, lisura e respeito mútuo pelas posições de cada um".» [Público]
   
Parecer:

Sempre é gente a quem o país deve mais do que ao ressabiado do Neto que deve a fama ao ódio que tem a Sócrates, muito bem aproveitado pela comunicação social.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
     

   
   
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sábado, junho 28, 2014

Alguns conselhos a Seguro

Seja honesto

De um político espera-se honestidade e isso significa dizer o que se pensa e não o que é conveniente. Uma pessoa honesta não tem dois estados quanto à honestidade, o estado dentro da gaiola e o estado fora da gaiola. Quando se tem duas opiniões em função das circunstâncias nunca sabemos quando se diz o que se pensa ou quando se diz o que é conveniente ouvir.

Seja frontal

Ser frontal é dizer o que se pensa olho nos olhos e de um líder ou candidato a líder partidário espera-se frontalidade. Não se pode ficar em silêncio e quando o nosso interlocutor não está presente é que nos lembramos que discordámos dele ou que defendíamos algo diferente.

Seja grande

De um candidato a primeiro-ministro espera-se alguém com grande, um mínimo de estatura, ninguém esperaria ver uma maluca qualquer a apupar um adversário político em Ermesinde. E ninguém teria de esperar vários dias para que um Mário Soares condenasse tal comportamento, algo que um político pequenino teria dificuldades em fazer, a não ser quando percebesse que estava a ser prejudicado.

Diga ao que vem

Em circunstância alguma e muito menos num momento de crise um candidato à liderança do país se pode refugiar em decisões europeias para não dizer quais as suas proposta, para depois escolher as eleições europeias para apresentar pacotes de dezenas de medidas que ninguém vai discutir.

Não recorra a truques já gastos

Um político que teve dezenas de debates com Passos Coelho não tendo ganho um único e que durante três anos contou com as televisões permanentemente atrás de si não pode dar parte de fraco criticando os adversários de cobardia por lhe recusarem os debates que agora julga ganhar, comportando-se como se fosse o Rangel.

Seja corajoso

De um político espera-se coragem, exige-se que dê a cara pela suas ideias e projectos, não se refugiando em truques, em manipulações estatutárias ou em decisões de conselhos de jurisdição.
Seja criterioso com quem o rodeia
Alguém que apela à direita para se inscrever como simpatizante do PS para depois votar num candidato não pode ser um braço direito de um líder digno desse nome, quem se rodeia de gente digna de um Idi Amin Dada acaba por se parecer com ele.

Se demonstrar ter estas qualidades tem toda as condições para liderar um grande partido com as tradições do PS e está em condições para liderar uma mudança do país. Se não as tem ainda está a tempo de aprender a fazer alguma coisa na vida ou então pode ir ajudar a esposa na farmácia.


Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Sede do BES, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Pires de Lima

Pires de Lima, a Santinha da Horta Seca para os seus amigos deste palheiro, ignora que não é ministro para fixar metas, mas também para dizer que medidas adopta ou propõe para as conseguir. Em vez disso cavalga na refinaria de Sines e continua a elogiar o falso milagre, projectando-o para o futuro como se tivesse alguma sustentabilidade.

Que medidas tem promovido Pires de Lima para atingir a meta que propõe para as exportações? Nenhuma.

«O governo quer que até 2020 as exportações representem mais de 50% do PIB, anunciou hoje o Ministro da Economia no discurso de abertura da Conferência Nacional Investimento e Empreendedorismo, na Fundação Serralves, no Porto.

"Portugal vive um processo de ajustamento muito exigente e que ainda não está completamente concluído. (...)Há um caminho que se tem feito de responsabilidade financeira, um caminho económico de mudança de paradigma", disse o ministro da Economia.

Em causa está um processo iniciado há vários anos que ditou um peso de 40% das exportações no PIB nacional, meta alcançada no fim de 2013. "Até 2020, as exportações têm que valer mais de 50% do PIB. Mais de metade da riqueza que se cria em Portugal tem que ser criada fora de Portugal, pela capacidade das empresas portuguesas poderem competir internacionalmente", afirmou.

António Pires de Lima sublinhou a recuperação económica do país por via de um aumento de 30% das exportações nos últimos quatro anos, reforçada por um decréscimo de 2% das importações no mesmo período. No primeiro trimestre do ano, o aumento das exportações em setores como o vestuário (+13%), calçado (+11%), turismo (+11%), viagens (+9%), agroindustrial (+9%), entre outros, foram fundamentais para equilibrar os efeitos produzidos pela queda das exportações de combustíveis (-38%).» [DN]
 
 Resumo da participação portuguesa no mundial

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Ante-visão de um jogo de Portugal no Mundial 2018

Vamos ser campeões.
Não, não vamos porque o Ronaldo está lesionado.
Um azar nunca vem só, o Pepe também se lesionou.
Há uma epidemia de lesões, vamos tentar passar aos oitavos.
O árbitro foi um malandro, mostrou um vermelho e quando íamos recuperar não viu a grande penalidade.
Não vale a pena perder a esperança vamos ganhar os próximos dois jogos.
Este já está ganho.
Azar, eles empataram, mas ainda falta muito tempo para o jogo acabar.
Agora já não dependemos só de nós e ainda por cima os alemães e os americanos estão feitos.
Mesmo que Portugal ganhe ao Gana a Alemanha faz o jeito ao treinador alemão do adversário.
Agora já só falta a Alemanha fazer a sua parte e o Ronaldo marcar mais quatro golos.
Boa, a Alemanha já fez a sua parte, até talvez marque mais alguns, ainda falta muito tempo.
Azar, estamos empatados, mas aindda falta muito tempo.
Golo! Já só faltam três, perdão 4. Não faz mal, ainda falta mais de meia hora.
Portugal marca, ainda é possível.
Faltam três minutos mais os descontos ainda é possível o milagre.
Faltam três minutos, agora só um milagre.
Acabou.
Vamos contratar especialistas em geriatria para acompanhar a selecção do Paulo Bento até ao próximo mundial.
 
 Dúvida

Porque será que tenho a sensação de que o PS vai passar pela vergonha de ter umas directas dignas dos processos eleitorais do tempo de Salazar. Já faltou mais para que se possa votar nas farmácias ou para que os eleitores sejam transportados em autocarros alugados pelo Pingo Doce.
 
 Curiosidade

A mesma oposição que é contra a austeridade e defende um défice mais generoso criticou os resultados da execução orçamental porque com actual nível do défice orçamental o governo não conseguirá atingir as metas.
 
      
 Há três anos a separar a política dos negócios
   
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A Associação Nacional de Farmácias (ANF) está longe de ser apenas um ponto de encontro de proprietários de empresas de um determinado ramo de actividade. É muito mais do que isso. É a cabeça de um vasto grupo económico. A partir dos lucros obtidos pela intermediação entre o Estado e as farmácias, a ANF criou um império que se estende do fabrico e da distribuição de medicamentos à participação no capital social de clínicas e lares, passando pela posse de uma sociedade financeira. E através de um peculiar modelo de negócio, amarrou os proprietários da farmácias à própria ANF, transformando-os, em termos práticos, em franchisados.

Esta estratégia foi planeada e executada por João Cordeiro, que se converteu na grande força de bloqueio às reformas de José Sócrates na área do medicamento. Estranhamente, António José Seguro impôs, à revelia da estrutura local do PS, João Cordeiro como candidato à presidência da Câmara de Cascais nas eleições de 2013. No fundo, não há nenhum mistério nesta insólita escolha, dado que o próprio João Cordeiro revelou os laços que mantém com António José Seguro: «A Dra. Margarida é minha colega de direcção, o Dr. Maldonado [sogro de Seguro] foi meu colega e colega do meu pai, há aqui muita relação».

É esta mesma poderosa associação patronal que — soube-se hoje — está a colaborar activamente com o inner circle de António José Seguro no recenseamento para as eleições primárias do PS. Esta situação é grave. Veja-se: 

1. Aqueles que trazem sempre na ponta da língua a necessidade de separar a política dos negócios são os mesmos que recorrem ao mundo dos negócios para ganhar vantagens na esfera política, procurando manter à frente do PS uma grupo que os portugueses rejeitam (como o atestam as sondagens) e que os militantes não querem (como o confirmam as múltiplas moções aprovadas por federações e concelhias a exigirem a convocação de directas e de um congresso extraordinário). 

2. As notícias hoje publicadas revelam que está em gestação uma chapelada das antigas nas eleições primárias. Escreve Isaura Martinho — membro da comissão nacional do PS e do secretariado do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas — no ofício-circular enviado aos associados da ANF: «É muito importante que todos os colegas desse distrito se envolvam e subscrevam o maior número de pessoas sem grande alarido. O segredo é a alma do negócio. Nas legislativas votam onde entenderem, no dia 28 de Setembro temos que votar Seguro para que a tralha Socrática não volte.» 

Preto no branco: esta dirigente do PS apela a não-simpatizantes do PS que decidam a favor de Seguro as eleições primárias, procurando mobilizar a própria direita para o recenseamento eleitoral. Este apelo desesperado é também uma confissão de que o inner circle de Seguro dá por perdido o apoio dos militantes e simpatizantes do PS. 

3. Que se esconde atrás do desesperado apelo de Isaura Martinho — de resto, um caso de sucesso na separação entre a política e os negócios (vídeo) — para reunir votantes da direita para afastar a «tralha socrática»? A colaboração empenhada da ANF não é inocente. Foi José Sócrates que atacou os interesses da ANF, ao liberalizar a propriedade das farmácias, reduzir as obscenas margens de lucro de que elas beneficiavam e permitir a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias. A ANF não aceitou de bom grado as medidas reformistas da «tralha socrática» no âmbito do sector dos medicamentos. 

4. O recurso à narrativa da direita para combater António Costa mostra que há um vazio ensurdecedor no discurso de Seguro — e uma confluência com a estratégia da direita. 

5. Até ao momento, António José Seguro não se pronunciou sobre esta chapelada em gestação. Mas fizeram-no outros dois dirigentes nacionais do PS: António Galamba, que não condenou a iniciativa em declarações ao Correio da Manha, e Miguel Laranjeiro, que desvalorizou esta acção de enorme gravidade, atribuindo-a a uma «iniciativa individual». Ao responder assim, Laranjeiro ignora que está em causa um acto praticado por uma dirigente nacional do PS, que se pôs em marcha antes de o regulamento das eleições primárias ter sido aprovado. Os dirigentes nacionais do PS estão em autogestão? » [Câmara Corporativa]
   
Autor:
 
Miguel Abrantes.
      
 O PS cheio de tralha por todos os lados
   
«Lê-se 20 vezes e não se acredita. A direcção do PS decidiu não condenar expressamente o já famoso mail divulgado pelo "Correio da Manhã" e pelo "Jornal de Notícias" em que uma dirigente socialista, membro da Comissão Nacional, apela à inscrição em massa nas primárias de alegados simpatizantes de António José Seguro, quer sejam quer não sejam simpatizantes do PS - "nas legislativas votam onde entenderem, no dia 28 de Setembro temos de votar Seguro". A ausência de uma condenação firme por parte de Seguro (Miguel Laranjeiro referiu-se-lhe apenas como "iniciativa individual") lança obviamente uma suspeita sobre todo o processo de primárias proposto pelo secretário-geral e a dúvida sobre se "iniciativas individuais" deste género não estarão a ser multiplicadas por esse país fora.

O caso em si é gravíssimo, mas ainda se torna mais grave quando as declarações de dirigentes nacionais como António Galamba e Miguel Laranjeiro não o condenam objectivamente. E é evidente que a partir daqui qualquer pessoa se pode perguntar se a direcção de Seguro não estará a pactuar com o processo de arrebanhar militantes, sejam simpatizantes do PSD, do PCP ou do CDS, desde que tudo sirva para correr com "a tralha socrática" que está colada à candidatura de António Costa. O mail - e a complacência da direcção com essa peça política - é um exemplo acabado da existência de uma "tralha segurista" que não vai olhar a meios para atingir (se conseguir) os fins. Seguro respondeu ao desafio de Costa - e ao seu resultado de 31% nas eleições europeias - com o facto de se estar perante uma crise do regime (o que é absolutamente verdade) de que a mistura entre política e negócios é das mais graves manifestações (o que é totalmente verdade e no que os socialistas estão carregados de culpas). Infelizmente, ontem Seguro foi incapaz de condenar uma manifestação dessa crise de um dos seus defensores dentro do partido.

A autofagia que varre o PS e que vai continuar até 28 de Setembro só terá uma vantagem se produzir uma verdadeira catarse sobre o partido, os seus métodos, a sua história enquanto foi governo, os fenómenos de enriquecimento de alguns dos seus dirigentes e ex-dirigentes mais destacados, a promiscuidade entre partido, Estado e interesses económicos. Só dessa discussão pode sair alguma luz. O PS está cheio de tralha por todos os lados, e isso aplica-se ao passado e ao presente.» [i]
   
Autor:

Ana Sá Lopes.
   
   
 O regime da Madeira no seu melhor
   
«O governo da Madeira vai gastar mais de 550 mil euros com um estudo, encomendado por Alberto João Jardim em 2002 e que é apresentado esta sexta-feira em Lisboa, com o objectivo de contrariar “a ideia de despesismo que se associa a esta Região Autónoma”.

O projecto de investigação de investigação sobre o “Deve e Haver das Finanças da Madeira (séculos XV a XXI)” foi encomendado por Jardim, primeiro em 2002 e depois por despacho de 26 de Maio de 2010. O historiador Alberto Vieira foi nomeado responsável pela coordenação do projecto de investigação a desenvolver pelo Centro de Estudos de História do Atlântico (CEHA), instituto de que era director e entretanto extinto no âmbito dos cortes de “gorduras” na administração regional, determinados pelo Programa de Ajustamento Económico e Financeiro madeirense.

No entanto, as linhas gerais e conclusões do estudo – que será apresentado por Jardim na “Representação Permanente da Madeira em Lisboa/Casa da Madeira”, nas proximidades de representações diplomáticas localizadas no Restelo – foram antecipadas por Alberto Vieira no congresso do PSD-Madeira, a 24 de Março de 2000, em que interveio como orador convidado. O historiador já então concluía que a Madeira pode ser "auto-suficiente em relação o Estado português".» [Público]
   
Parecer:

O regime decadente e cada vez mais perto do colapso contrata um historiador do regime e paga-lhe uma fortuna para provar que o regime é muito poupadinho, que é roubado pelos cubanos e que daria lucro se fosse independente.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Da irrevogabilidade ao tabu
   
«Perante as dúvidas sobre novas decisões do Tribunal Constitucional e a disputa interna no PS, Passos Coelho terá optado por evitar mudanças no Executivo até final do ano, assegurou uma fonte próxima de S. Bento ao semanário Sol. A grande novidade da coligação será só nas legislativas de 2015: Paulo Portas não tem vontade de ser candidato.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Digamos que Paulo Portas não sabe muito bem o que fazer para se salvar ou para ir gastar as suas poupanças.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 A Santinha da Horta Seca abandonou-nos
   
«O processo de "reequilíbrio externo" da economia portuguesa sofreu uma interrupção grave no início deste ano. O défice externo voltou a aparecer após vários trimestres, tendo atingido o valor de 1,4% do produto interno bruto (PIB), o pior registo desde meados de 2012, estava Portugal a crise no seu auge.» [DN]
   
Parecer:

Deve ser dos sapatos, desde que disse que até já comprava sapatos portugueses nunca mais fez milagres.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ofereça-se um par de sapatos importados à Santinha da Horta Seca para que ganhe inspiração milagreira.»
      
 Até o FMI?
   
«O Fundo Monetário Internacional está a rever a excepção que permitiu emprestar dinheiro a Portugal, Grécia e Irlanda sem uma reestruturação da sua dívida. No início dos resgates houve dúvidas relativamente à sustentabilidade da dívida destes países, mas foi possível evitar a reestruturação. Agora, essa possibilidade pode acabar.

De acordo com um artigo apresentado ao Conselho Consultivo do FMI, e hoje citado pelo Jornal de Negócios, técnicos desta instituição defendem que existem vantagens em reescalonar as dívidas quando existem dúvidas de sustentabilidade.

No ano passado, a instituição chegou a mencionar o "erro" de não se ter renegociado a dívida grega no início do primeiro resgate. E agora, este técnicos mostram que Portugal e a Irlanda teriam saído a ganhar se tivesse havido uma renegociação.» [DN]
   
Parecer:

Um dia destes só o Passos Coelho e Cavaco SIlva defendem o fundamentalismo gaspariano.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a São Bento e Belém.»
   
 Declaração de vontade
   
«O ministro da Economia, António Pires de Lima, admitiu hoje que a carga fiscal em Portugal atingiu níveis "excessivos" e sublinhou a "declaração de vontade" do Governo de iniciar em 2015 um processo de redução de impostos.» [i]
   
Parecer:

Deixem-me imaginar uma conversa de Pires de Lima com a esposa: "ó filha, deixa-me fazer uma declaração de vontade para mais logo!". Enfim, tem vontade a mais e pica a menos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
   
 Maria de Belém no seu melhor
   
«A 94 dias das primárias, o PS já conta com um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre os incidentes de domingo passado em Ermesinde, e acusações de "fraude eleitoral", num episódio que a presidente do partido também vai mandar apurar.» [i]
   
Parecer:

Primeiro deixou passar vários dias antes de tomar posição, passados outros tantos dias pediu ao MP para investigar uma senhor que deu beijinhos ao Seguro e vaiou Costa, daqui a uns tempos vai apresentar queixa contra a "popular". Ridículo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Maria de Belém se já perguntou aos seguristas de Ermesinde se sabem alguma coisa sobre o facto.»
   
 Durão está muito satisfeito
   
«O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirmou hoje estar "muito satisfeito" com a indigitação de Jean-Claude Juncker para lhe suceder no cargo, sublinhando que o luxemburguês é um amigo de Portugal.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Pois, lá se foi a possibilidade de fazer de rolha e ficar no cargo caso o esquentador tivesse sido rejeitado.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Um mau dia para a Europa
   
«"Este é um mau dia para a Europa, que arrisca enfraquecer a posição dos governos nacionais", disse Cameron depois de o conselho europeu ter aprovado a escolha de Juncker por 26 votos a favor e dois contra (Reino Unido e Hungria).

"Se tivéssemos trabalhado juntos, teríamos encontrado um candidato alternativo", frisou.

Cameron admitiu contudo ter de "aceitar o resultado" da cimeira, embora a decisão tomada por 26 Estados membros nesta matéria "reforce a convicção" britânica de que "a Europa tem de mudar".» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Deixar o Reino Unido de fora para ficarem com o esquentador da Merkel foi uma péssima solução.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver o que vai suceder no Parlamento Europeu.»
     

   
   
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