Se este governo cegar ao fim da legislatura sem qualquer remodelação e ganhar as próximas eleições legislativas, sendo um governo minoritário e com alguns ministros “espanta votos” estaremos perante um fenómeno político.
Ainda não percebi se António Costa está sugerindo que o consideramos um case study, mas começo a desconfiar de que sim, talvez estejamos perante um fenómeno político merecedor de atenção de analistas e dos cientistas da ciência política.
Para já, parece que o primeiro-ministro está muito empenhado nesta ideia, tão empenhado que até correu o risco de ir a votos nas autárquicas, partindo do princípio de que armado de uma bazuca evitava o fogo dos tanques inimigos.
Para já, o balanço não foi muito negativo, perdeu algumas câmaras, ganhou outras e continua a ser o maior partido autárquico. Perdeu Lisboa e Coimbra, isso não representa grande custo, afinal, conquistou Monchique e mais algumas minudências autárquicas. Estatisticamente, neste saldo de derrotas e vitórias seria tão grave perder Alcoutim como Lisboa, as contas são simples na escolha do presidente da associação dos municípios cada câmara vale um voto.
Se António Costa perdeu Medina, mas em contrapartida não atirou o Eduardo Cabrita pela borda fora, antes pelo contrário, até ajeitou o orçamento familiar com um cargo para a esposa. Um balanço deveras positivo, perdeu Medina um autarca que vale tanto como o presidente de Barracos ou de Alcoutim, em contrapartida, manteve umas das famílias mais nobres da corte.
António Costa está de parabéns ganhou as eleições. Só espero que não se recorde dos políticos que tiveram carreiras que terminaram em cargos de primeiro-ministro ou de Presidente da República, depois de terem conquistado essa câmara municipal que na contabilidade eleitoral vale tanto como Alcoutim.