domingo, janeiro 31, 2016

Semanada



Muitas flores e poucos cheques na noite eleitoral
  
Depois de muitos anos de muitos boatos sobre a orientação sexual de José Sócrates eis que a investigação que está sendo feita à vida do ex-primeiro-ministro já começou a dar frutos e temos de agradecer a Rosário Teixeira e ao inspector dos impostos o esclarecimento desta dúvida nacional, Sócrates não só não é gay como já teve pelo menos uma manita de mulheres. Parece que a investigação já deixou para trás muitas das suspeitas e agora toda a atenção da investigação vai para a ajuda financeira que teria chegado às ex mulheres, namoradas e amigas de Sócrates. Temos de ter esperança, O Rosário ainda vai conseguir provar alguma coisa.
   
A crer na comunicação da direita metade do mundo parou por causa do esboço do orçamento enviado para Bruxelas, as notícias multiplicam, por meio país já tomou posição e nunca um OE foi tão discutido como este esboço. Lá fora multiplicam-se as posições, desde as agências de rating até a fonte oficiosa de Berlim já tomaram posição. A direita parece rejuvenescida com a possibilidade de Bruxelas chumbar o OE ou de as agências baixarem ainda mais a nota da dívida portuguesa. A direita ainda não perdeu a esperança.
  
Passos Coelho desempenha tão bem o seu papel de primeiro-ministro no exílio, mantendo a sua postura pós-Tecnoforma, continuando a usar o pin que foi imagem de marca do governo, e a fazer acompanhar a todo o lado do seu ajudante de campo dos pontapés. O papel tem sido tão bem desempenhado que até António Costa anda meio confundido e trata-o por primeiro-ministro em pleno parlamento. Isto começa a lembrar Salazar, depois de ter caído na cadeira continuou convencido de que ainda era primeiro-ministro.

O governo anulou quase todos os concursos para chefias do Estado, os que conseguiram convencer o governo de que tinham padrinhos à esquerda sobreviveram, os outros terão de concorrer outra vez. Bilhim, o senhor que preside à CRESAP, foi reformatado e agora vai ter de abrir concursos e escolher candidatos do agrado do novo governo. Digamos que quem escolheu os candidatos sugeridos por um governo está mais do que habilitado para obedecer a outro governo.

Por onde andarão os apoiantes de Maria de Belém , os que a empurraram para uma candidatura presidencial com o objectivo de trocar as voltas a António Costa? A maioria deles despareceu mal as sondagens começaram a evidenciar o desastre, zangaram-se com a senhora por não ter convidado Seguro para a campanha. Na noite eleitoral eram apenas uns quantos e deram-lhe muitos beijinhos e palmadinhas. O problema é que o que a senhora precisa mais neste momento é de dinheiro para pagar as despesas de uma campanha que aprecia ser rica.
 

Umas no cravo e outras na ferradura



  
 Jumento do dia
    
Duarte Marques, deputado de Passos Coelho

Quando ouço este deputado fico em grande confusão intelectual, tenho sérias dificuldades em conseguir distinguir a mentira da imbecilidade.

«O deputado ‘laranja’ considera que “para disfarçar os disparates” do Orçamento do Estado para 2016, apresentado pelo seu governo, o primeiro-ministro “criou uma distracção mediática”.

Em causa está uma alegada afirmação de António Costa que diz que “o anterior governo disse à Comissão Europeia que os cortes extraordinários eram afinal definitivos”.

“Mas se eram definitivos, como explica o Dr. António Costa que esses cortes tenham começado a ser repostos em 2015, pelo governo PSD/CDS? Pois, mais uma aldrabice do PS que se desmascara a si própria”, afirma.» [Notícias ao Minuto]

 "Bruxelas" é parva?

Como é que é possível que Bruxelas não soubesse que os cortes dos salários não podiam ser definitivos se as posições do Tribunal Constitucional ou a possibilidade deste tribunal chumbar algumas medidas de austeridade esteve sempre presente nas suas posições oficiais?

A verdade é que Bruxelas, como os restantes membros da Troika, foram coniventes com o governo português na estratégia de ir muito mais além na austeridade desrespeitando os limites constitucionais. A troika foi conivente na chantagem sobre os portugueses e na mentira. A Troika foi desonesta, negociou um memorando com um governo e quando apanhou um governo liderado por um idiota esqueceu o memorando e desenvolveu todo um novo programa que passava pela reformatação a experiência de todo um pais e para isso recorreu à mentira, ao medo e à chantagem.

 Dantes diziam que era gay...



      
 Um tempo novo
   
«Ultrapassada a jornada eleitoral e fechado o ciclo político, é tempo de os partidos se reorganizarem. Nos últimos dois meses o PSD esteve anestesiado e incapaz de se adaptar ao safanão que António Costa deu ao sistema político ao transformar em vitória uma derrota nas legislativas de 4 de outubro. Sem capacidade de reagir, Pedro Passos Coelho confiou que a "geringonça" não funcionaria e que o poder acabaria por lhe cair no colo mais dia, menos dia. A realidade, porém, tem-se revelado distinta e à medida que o tempo passa somos confrontados com legados surpreendentes com impacto financeiro, como o fim do Banif, e confirmamos embustes como o do crédito fiscal decorrente da sobretaxa, "uma desilusão" nas palavras da ex-ministra das Finanças, que depois das eleições ficou reduzido a zero. Ontem descobrimos também que o anterior governo, à mesma velocidade que em Lisboa falava de medidas transitórias - cortes de salários e pensões, por exemplo -, garantia em Bruxelas que estas eram estruturais, isto é, definitivas. Aqui chegados, vivemos de facto um tempo novo. À esquerda é o que se conhece. Pela primeira vez, um governo minoritário do PS conta com o apoio de PCP e Bloco. À direita, o CDS renova-se e faz uma transição pacífica na liderança e no discurso. Consumado o divórcio com o PSD, as principais figuras do partido alinham discursos para a ocupação do centro político que garanta, no futuro, um peso maior na negociação de eventuais coligações de governo e, sobretudo, que assegurem capacidade de influenciar, seja o PSD ou o PS. E Pedro Passos Coelho, a caminho de um congresso, propõe-se regressar à social-democracia em que, manifestamente, nunca esteve. Diz-nos agora o líder do PSD que, depois de quatro anos de "liberalismo forçado" pelo ajustamento que assumiu como seu programa de governo, se julga capaz de recentrar o partido, ocupar o espaço deixado vago pelo PS com a opção que fez de virar à esquerda, recuperando um eleitorado que Passos Coelho acredita estar órfão. A lógica é simples: liberto que está do exercício do poder, o PSD pode pôr na gaveta o pragmatismo da governação e voltar à ideologia. No fundo, uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde da São Caetano à Lapa. Para isso, como é óbvio, não basta mostrar o busto de Sá Carneiro a cada congresso do partido. E a dúvida legítima é a de saber se quem no passado recente não hesitou em ser mais troikista do que a troika tem hoje condições para protagonizar esta refundação ideológica do PSD. » [DN]
   
Autor:

Nuno Saraiva.

      
 JJ já é campeão pelo SCP?
   
«O treinador do Sporting, Jorge Jesus, admitiu este sábado, em entrevista ao jornal espanhol Marca, vir a treinar o FC Porto ou outro clube europeu, como o Atlético de Madrid, mas ressalvou que "de momento, está focado no Sporting". 

Numa entrevista em que é apelidado de "o novo rei dos leões", Jorge Jesus foi questionado sobre a possibilidade de vir a treinar o FC Porto, depois das passagens pelo Benfica e, agora, o Sporting. 

"Sim. Tenho de estar preparado para treinar todas as equipas do Mundo. Não seria o primeiro [casos de Fernando Santos e Jesualdo Ferreira], mas sim [seria o primeiro] se conseguisse ganhar o título [da Liga portuguesa] com os três", disse Jorge Jesus. 

Após uma consideração do entrevistador de que se Jorge Jesus "ganhar o campeonato [pelo Sporting] será quase impossível ficar em Portugal", a Marca pergunta pelo interesse do Atlético de Madrid. Jesus responde que "se as circunstâncias forem apropriadas, logo se verá".» [Expresso]
   
Parecer:

Isto ainda vai acabar em drama.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

  

sábado, janeiro 30, 2016

Força, força companheiro Costa



Foto de Alfredo Cunha (Público)

Ligo a TV e vejo Fazenda o velho dinossauro da UDP defendendo a política do governo com a deputada do PSD Teresa Leal Coelho, discursa o camarada Fazenda que o Junkers foi um malandro no governo do Luxemburgo, que o comissário francês Pierre Moscovici é outro malandro que quando era ministro francês não cumpriu com as regras do défice. Conclusão, os revolucionários portugueses devem ter como padrão as regras que resultariam do comportamento destes bandidos. É uma pena que o Al Capone não foi comissário europeu, teríamos direito a uma submetralhadora Thompson e cada cidadão tinha direito a uma quota de 17 homicídios, ou ante a uma AK por ser um símbolo revolucionário, ou era antes de se ouvir Allahu Akbar a anteceder os disparos.

Assisto ao debate parlamentar e ouço Catarina Martins falando no parlamento com a postura de Lenine dirigindo-se às massas tal como aparecia nos quadro da velha URRS, inclinado, com os olhos fixo no centro de um buraco negro algures no horizonte, incentiva António Costa a fazer frente à Comissão Europeia, a vingar a derrota e traição do Syriza. Ao ouvir Catarina Martins vem-me à  memória Ibarrruri repetindo a frase de Emiliano Zapata «Más vale morir de pie que vivir de rodillas». A mesma Catarina que garantiu que Passos Coelho já era lembrando uma outra frase famosa de La Passionaria quando disse «Este hombre ha hablado por última vez» incentiva Costa a derrotar os inimigos de Bruxelas com um veemente «¡No pasarán!». 

Mais comedido na linguagem o PCP não deixa de entrar nesta vaga revolucionária que visa repor aquilo que ainda há quatro anos eram símbolos de governações sucessivas da direita, regressaram as greves revolucionárias, apoia-se o governo, mas promove-se a guerra porque a liderança não são dos ministros pequeno-burgueses mas sim dos trabalhadores que têm esse dom especial queos promove a líderes da mudança revolucionária. E as agências confundem alhos com bugalhos ouve-se no parlamento.
  
Isto anda anda, anda e ainda vamos ver o BE a convocar uma manifestação para o Terreiro do Paço onde os trabalhadores devidamente organizados por sectores, acompanhados dos miro empresários e dos intelectuais, gritarão a plenos pulmões “Força, força Camarada Costa! Nós somos a tua muralha de aço”. É este o ambiente que a estratégia de comunicação da Catarina Martins esta promovendo e que o PS quase omisso permite. A defesa do governo do PS é feita na comunicação social pela extrema-esquerda, no parlamento parece que é a Catarina Martins a líder parlamentar da coligação.
  
Aquilo que era um governo do PS, com um programa do PS e que graças a dois acordos feitos em separado e onde ninguém quis participar é agora um governo de uma coligação cuja comunicação é liderada pelo BE quando as medidas são simpáticas e um governo do PS quando as decisões não são simpáticas. Vamos ver se isto corre bem e até quando Catarina Martins considera que dá votos apoiar Costa ou até quando Jerónimo de Sousa mantem a palavra do PCP tornando este partido refém da estratégia da extrema-esquerda marxista-leninista-trotsquista.


Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
António Costa

Convinha que o actual primeiro-ministro deixasse de se dirigir ao anterior primeiro-ministro como se ainda o fosse não vá algum psicólogo concluir que um anda a fazer de conta que deixou de ser primeiro-ministro enquanto o outro cacha que ainda é líder da oposição.

«O chefe do Governo do PS, António Costa, chamou hoje duas vezes "senhor primeiro-ministro" ao seu antecessor, Pedro Passos Coelho, aparentemente por lapso, durante o debate quinzenal.

"Eu compreendo e respeito a dificuldade que o 'senhor primeiro-ministro' tem em libertar-se dos últimos quatro anos. Há de compreender que o meu dever é governar o dia de hoje com os olhos postos no futuro e não passar o tempo a alimentar consigo um debate sobre o seu passado", disse António Costa numa resposta a Passos.

Logo depois, o chefe do Governo do PS voltou a chamar "senhor primeiro-ministro" ao presidente do PSD, causando ruído no hemiciclo, mas depois corrigiu: "Senhor deputado Pedro Passos Coelho, com toda a cordialidade, convido-o a vir para o presente, porque no presente é muito bem recebido".» [DN]

 Passos enganou Bruxelas

Bruxelas conhece muito bem todos os acórdãos do Tribunal Constitucional sobre matérias como a reposição das pensões e dos vencimentos, não só a troika vinha e continua a vir periodicamente a fazer avaliações como a UE tem uma representação em Portugal e o país, por sua vez, tem uma representação permanente em Bruxelas. Portanto, Buxelas não podia ser enganada, quem Passos Coelho enganou foi os portugueses e se esse engano foi apresentado como um corte estrutural da despesa é porque Bruxelas foi conivente com essa mentira.

Passos nunca teve qualquer intenção de repor os vencimentos, antes pelo contrário, tencionava levar esse "ajustamento" ao sector privado, exigindo que os trabalhadores deste sector fizessem o mesmo sacrifício, era desta forma que ele tencionava alcançar o se sonho, transformar Portugal num dos paíse mais competitivos do mundo. Em Março de 2015 disse no Japão que Portugal seria "uma das nações mais competitivas do mundo", voltou a dizê-lo poucos dias depois em Portugal, numa conferência sobre o programa de fundos comunitários Portugal 2020.

Dizia nessa conferência que tinha por ambição que a economia portuguesa fosse "uma das economias mais competitivas, quer na Europa, quer no mundo", algo que, convenhamos, exigiria algo parecido com a reposição da escravatura pois com a nossa carga fiscal e todos os outros custos de contexto só seria conseguido se os portugueses pagassem aos patrões para trabalharem. Passos estava tão convencido da sua ideia paranóica que até garantia que nada o podia impedir. [Ver DN]

Passos Coelho prometeu a reposição dos vencimentos, mas ao mesmo tempo lançou o projecto de uma nova tabela de vencimentos, isto é,  devolvia os vencimentos com base na tabela antiga e voltyava a cortá-los com uma tabela nova. Bruxelas sempre soube destas intenções e só alguém ingénuo acha que Passos enganou Durão Barros e a sua Comissão, a verdade é que Barros e a Comissão Europeia juntaram-se a Passos na tentativa de enganar um todo um povo.

 A Barbie Cristas

Li algures que vai ser lançada uma nova Barbie com as medidas da Assunção Cristas, o que pode ser uma boa oportunidade para o fabricante, amos ver a "Barbie no peditório do Banco Alimentar", "Barbie escuteira", "Barbie sem gravata", "Barbio Opus Dei", "Barbie nas Carmelistas". Até podem vender assessórios como o terço da Barbie ou uma colecção de roupa inspirada nas ordens religiosas.

      
 Turismo político
   
«Paulo Portas estará na próxima semana em Estrasburgo, durante a sessão plenária do Parlamento Europeu. O ex-vice-primeiro-ministro vai encontrar-se na terça-feira à tarde com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

"Ele (Portas) pediu para se encontrar com o presidente. E o presidente vai encontrar-se com ele, com todo o gosto, para discutir a agenda das atuais políticas europeias, de uma forma geral, e, é claro, os desenvolvimentos em Portugal", disse esta sexta-feira o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas.» [Expresso]
   
Parecer:

Fantochada.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se se leva a afilhada.»

sexta-feira, janeiro 29, 2016

O problema costuma estar do lado da receita



Não é só no green que há muitos buracos,
ainda que estes tenha a vantagem de estar assinalados com uma bandeirinha
  
Desde que um modesto juiz do Tribunal de Trabalho, uma espécie de prateleira dourada de mangas de alpaca, decidiu conquistar notoriedade com as PPP que culpamos as parcerias de todos os nossos males orçamentais. Das PPP a direita aproveitou o discurso da “despesa” e daí a cortar os vencimentos dos funcionários públicos foi um saltinho, estes deixaram de ser vistos pelas suas funções e foram reduzidos a despesa que pode ser cortada.

O país tem vivido a paranóia da despesa pública como se fosse através desta que se resolverão todos os nossos males, como se desde o crescimento económico à defesa do estado social tudo passasse por mais despesa. Tanto para a direita como para a esquerda tudo passa pela despesa, o défice depende da despesa, a dívida depende da despesa, a manutenção do estado social depende da despesa, o crescimento depende da despesa. A receita é uma constante e desse lado tudo está bem.

Sucede que o grande problema da economia portuguesa não está nem nunca esteve apenas do lado da despesa e da gestão do Estado é bem mais exigente do lado da despesa do que do lado da receita. Aliás, a não ser em situações em que o oportunismo eleitoralista se impõe, os orçamentos costumam falhar do lado da receita e não do da despesa, como a direita costuma fazer crescer. Aprovado o OE a despesa é rígida, por princípio só se pode gastar o que se prevê gastar, a não ser que os governantes recorram ou permitam truques contabilísticos, o que pode variar e ficar aquém do previsto é a despesa.

Para que o Estado autorize a aquisição de um saco de papo-secos são necessárias informações, pareceres, despachos, cativações de verbas, controlo de facturas, auditorias, investigações do MP, e, mais recentemente controlos da troika e de tudo quanto é gato pingado que por cá passe. Para o Estado falhar do lado da receita não é preciso muito e não há grande controlo, quando o governo sabe que a receita do IRC desceu de forma inesperada ou que o aumento de uma taxa do IVA não resultou no aumento da sua receita "já foi".
  
Cavaco Silva chegou ao fim sem um tostão e a pagar vencimentos com títulos do Tesouro, Durão Barroso teve de Poupar no papel higiénico, Guterres foi-se embora por causa do pântano quando o Pina Moura adoptava 50 medidas para poupar. Todos estes primeiro-ministros falharam na receita. Com Durão Barroso a evasão fiscal foi tanta que com crescimento económico e um aumento de 2% na taxa do IVA a receita deste imposto caiu de forma significativa.
  
Não admira que um dos grandes problemas dessa coisa a que agora se chama esboço do OE sejam  as previsões do crescimento, é com base nestas previsões que se fazem as previsões das receitas fiscais. Mesmo assim está-se partindo do princípio errado de que a eficácia fiscal é uma constante, que a tendência é para melhorar e isso nem sempre é verdade.
  
Se este governo falhar não é por causa dos suplementos das pensões ou da reposição dos vencimentos, uma boa parte destas despesas regressam aos cofre sob a forma de impostos, aliás, o correspondente ao IRS nem chega a sair. Se este governo falhar é por causa de não conseguir receitas fiscais para financiar as despesas que fez e isso pode suceder devido a três causa, contas mal feitas no momento da elaboração das previsões, perda de eficácia da máquina fiscal ou falta de poder dissuasor dessa mesma máquina.
  
Como ninguém questiona as despesas, algumas delas não são mais do que uma manifestação de respeito da legalidade pois a sua reposição foi ordenada pelo Tribunal Constitucional, o melhor seria que começassem a pensar nas receitas fiscais pois é por essa porta que podem entrar os problemas. Infelizmente há políticos que estão convencidos de que um qualquer manga de alpaca faz aparecer nos cofres do Estado as receitas fiscais que inscrevem no OE. Veremos...
  

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
João Bilhim, presidente da CRESAP

Se os concursos fossem feitos com base em critérios rigorosos de avaliação da competência dos candidatos não faria sentido colocarem-se dúvida sobre a transparência, mas a verdade é que muitos concursos não passaram de uma encenação. Perante esta decisão do governo em vez de se desculpar com alterações de perfil o presidente da CRESAP devia pedir a demissão.

«O Governo vai anular “alguns concursos” para dirigentes de topo da Administração Pública lançados pelo anterior executivo e cujas propostas de nomeação nunca chegaram a ser concretizadas. Há casos em que a lista dos três nomes propostos pela Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (Cresap) já estava nas mãos dos ministros de Pedro Passos Coelho desde 2013 e 2014, sem que tenha havido qualquer decisão.

“Em breve, dentro de quinze dias, serão publicados despachos de anulação de alguns concursos com fundamento na alteração de perfil”, disse ao PÚBLICO fonte oficial da Cresap, sem adiantar mais detalhes.

A comissão liderada por João Bilhim explica que, das 36 propostas de designação pendentes, o Governo “avalia, caso a caso, se concorda ou não com o perfil então definido pelo Governo anterior”. “Se concorda, procede à nomeação de um dos três elementos constantes da proposta de designação; se não concorda com o perfil (…) manda encerrar o procedimento”, acrescenta.» [Público]
  
  Luís Fazenda

Estou ouvindo o Luís Fazenda na SIC Notícias a defender o governo num frente a frente com uma deputada do PSD e dou comigo pela primeira vez a concordar com alguém do PSD, algo que não sucedia há muito anos. Apetece-me dizer que o Varoufakis ao pe´deste BE até era acusado de ser de direita.

Se as posições de Fazenda segundo o qual Portugal faz o que bem entender em termos orçamentais porque os comissários europeus são todos uns malandros sem autoridade tenho que concluir que isto vai acabar mal e com mais uma dose dupla de austeridade. Estes idiotas não aprenderam nada com a Grécia  e estão utilizando o governo do PS para uma tentar em Portugal o que não conseguiram na Grécia. 

Isto ainda vai acabar mal.
  
 IVA reduzido só para o conduto?

Esta ideia de aplicar o IVA normal às bebidas e o IVA de 13% deixa a sensação de que depois de a promessa tantas vezes repetida além de se aplicar apenas em Julho se ficou pela meia dose. Mas há algo de confuso nesta ideia pois fica-se com a sensação de que os sistemas de facturação dos restaurantes está preparado para calcular o IVA parcela a parcela. Se isso não for possível vamos ter um problema sério e o pessoal dos restaurantes ainda vai fazer uma manifestação a exigir o IVA a 23% para todos os produtos. O PS fez uma promessa desnecessária e agora tem um problema de que não vai ser fácil sair.
  
Mas não se pode confundir leite com vinho ou água com sumos de frutas, deve promover-se o consumo de água por oposição ao açúcar e o leitinho em desfavor do vinho pelo que há que aplicarv taxas de IVA diferentes. Isto significa que muito provavelmente uma boa parte dos restaurantes devem considerar os seus programas de facturação obsoletos. Ainda há poucos meses tiveram de comprar tudo novo por causa do e-fatura, agora para aplicar taxas de imposto em cuja cobrança não passam de meros tesoureiros do Estado vão ter de comprar novo software e proceder à actualização cada vez que introduziram num novo produto na ementa. 

Há por aí alguns louco à solta.



      
 Jogos chineses da II são ideia de primeira   
  
«Esse negócio entre a II Liga de futebol e a Ledman, grande empresa elétrica chinesa, tem sido recebido com algum desdém. Erradamente. Quando dita ("vêm aí charters de chineses") já era uma lâmpada a bruxulear, mas o lado histriónico de Futre deu cabo dela. Agora tem novos proponentes e os indícios prometedores. É bom ser com a liga secundária, o sítio certo para começar uma coisa que deve ir por tentativas. Na primeira divisão, coisa grande de mais, o dinheiro arriscava-se a ser a vedeta da partida. A II Liga passará a chamar-se Ledman Proliga, tal como a Premier League inglesa se chama Barclays. Associa-se a uma indústria moderna e ganhadora, lâmpadas LED, o que é uma vantagem sobre um prestígio tão apagado como o dos bancos. E é um negócio como eles devem ser: conflui o interesse das duas partes. Nós fornecemos o know-how: treinamos jovens e fornecemos a técnica e organização do jogo. O contrato fala de dez jogadores e três treinadores adjuntos - se os 13 vierem conscientes de que vêm para treinar e só serem mais se merecerem, tudo bem... Quanto à Ledman ganha publicidade (pouca) mas uma participação num mundo, o do futebol, que tem tanto futuro como as lâmpadas que ela produz. Nesta história, do que mais gosto é do seu lado cosmopolita, tão do futebol. Os ingleses exportaram-no com os trabalhadores do cabo submarino (foi assim que nos aportou, no Leixões e no Carcavelinhos...) E, agora, lá o ajudamos a viajar para a China.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

      
 A "sensação espiritual" de Marcelo queria louvor a Salgado
   
«Herdeira rica, ligada a várias famílias bem colocadas, foi professora de Direito mas também advogada de negócios. E é íntima de Ricardo Salgado e da mulher. Foi aliás através dela que Marcelo Rebelo de Sousa se aproximou do casal Salgado. 

A relação não era apenas pessoal, mas também profissional. A namorada de Marcelo há mais de três décadas – estão juntos desde 1981 – integrou o Conselho de Administração do ex-BES. No dia da queda, a 13 de Julho de 2014, esteve na última reunião daquele órgão e até propôs um louvor ao presidente caído em desgraça: a SÁBADO consultou a acta e conta-lhe todos os detalhes na edição desta quinta-feira, dia 28.

Ela é "a minha sensação espiritual", dizia dela Marcelo. Não vai ser primeira dama, mas é a maior influência na vida de Marcelo Rebelo de Sousa, garantem os amigos.» [Sábado]
   
Parecer:

Isto de existirem actas é uma chatice.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Pobre Maria de Belém
   
«Entre Tino de Rans e Maria de Belém vai uma distância de milhares de votos (ela teve 196.673, ele teve 152.068), mas ainda maior de euros para pagar. Implacável, a lei de Murphy abateu-se sobre a antiga ministra da Saúde: viu-se sem o apoio do partido e sem o dinheiro do Estado, com o qual contava (tal como o DN noticiou já esta semana). A fatia imaginava pela candidatura de Belém apontava para os 790 mil euros, algo que nas suas contas era o equivalente a um resultado de 24% na primeira volta. Ficou-se pelos 4% e, com isso, nem um cêntimo do Estado. A possibilidade de contrair um empréstimo é ventilada, mas oficialmente nem uma palavra sobre o assunto.

Quando partiu para campanha, Vitorino Silva - que o país inteiro conhece como Tino de Rans - tinha um teto de 50 mil euros no orçamento, "porque era preciso dar um valor". O calceteiro da Câmara do Porto fez as contas todas, ao que iria gastar e também aos votos. De tal maneira que (diz agora ao DN) não ficou surpreendido com os resultados alcançados. "Pelas minhas contas teria uns 200 mil votos". Mas não chegou a tanto. Vitorino ficou em 6º lugar entre os dez candidatos, ganhou na terra dele e em muitos concelhos teve mais votos que os candidatos Edgar Silva, Marisa Matias ou Maria de Belém. » [DN]
   
Parecer:

às vezes as vaidades saem caras.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos que empuirraram a senhora que lhe paguem as despesas.»

 IVA só desce para as papas
   
«O IVA da restauração vai voltar aos 13% a partir de 1 de Julho, mas apenas para a comida. As bebidas vão continuar a ser taxadas a 23%. A medida, apurou o PÚBLICO, consta do Orçamento do Estado que o Governo irá entregar na Assembleia da República no dia 5 de Fevereiro.

Trata-se de um regime progressivo. Ou seja, a intenção é repor o IVA a 13% num curto espaço de tempo a todas as categorias de serviços da restauração. Mas para já, a partir de 1 de Julho os restaurantes só terão imposto mais baixo nas refeições que venderem aos seus clientes.» [Público]
   
Parecer:

Digamos que os restaurantes vão ter meia dose de redução do IVA o que significa que a comida vai tger um aumento de preços e uma descida dos mesmo nas bebidas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Erro ou divergência
   
«O Governo considerou no esboço do Orçamento do Estado para 2016 as reversões das medidas de austeridade como medidas extraordinárias, erradamente segundo a UTAO, e foi essa forma de contabilização que permitiu apresentar a Bruxelas uma redução, ainda que de apenas 0,2 pontos percentuais, do défice estrutural. Segundo os técnicos, se as medidas forem consideradas da forma habitual, como dizem as regras, não existe uma redução, mas sim um aumento do défice estrutural.

“A identificação indevida de medidas one-off de agravamento do défice orçamental, i.e. operações que aumentam despesas ou diminuem receitas, contribui para melhorar artificialmente o esforço orçamental, interferindo com a medição da variação do saldo estrutural conforme estabelecido no Pacto de Estabilidade e Crescimento e refletido na Lei de Enquadramento Orçamental”, dizem os técnicos que trabalham junto da comissão de orçamento e finanças.

O impacto desta diferente forma de contabilização é, nas contas da UTAO, significativo, especialmente tendo em conta as obrigações que Portugal tem no âmbito do PEC: “Admitindo como medidas one-off apenas aquelas que têm habitualmente sido consideradas nos exercícios da Comissão Europeia e do Conselho das Finanças Públicas, o défice estrutural subjacente ao Esboço de OE/2016 aumenta em 2015 e 2016, em vez de diminuir”.» [Observador]
   
Parecer:

Esperemos que a linha de resposta do governo não seja a de Catarina Martins.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  

quinta-feira, janeiro 28, 2016

Deus vos pague!

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Faça-se uma sondagem para saber quantos portugueses sabem qual é a nacionalidade do actual secretário-geral da ONU, ou pergunte-se a um cidadão comum se sabe o nome do antecessor de Ban Ki-moon . Aposto que as respostas serão uma desilusão. Qual é o país de Ba Ki-moon que tanto prestígio deve ao actual secretário-geral da ONU? 
  
Pergunte-se aos portugueses em que processos Portugal ficou a ganhar pelo facto de ter tido durante tantos anos um português à frente da Comissão Europeia. É Portugal que está em dívida a Durão Barroso ou é o primeiro-ministro que abandonou o país em busca de conforto que lhe deve ter servido de trampolim para um dos maiores tachos do mundo?

Sinceramente, estou farto desta ladainha pacóvia de andar a promover políticos portugueses em altos cargos em nome do interesse nacional com o falso argumento de que é um grande de prestígio para o país, que vamos ser cidadãos do mundo de primeira classe ou que o país tem muito a ganhar. Deixemo-nos de tretas, o país nada ganhou com a presença de Guterres no cargo da ONU, nada ganhou por Freitas do Amaral ter sido presidente da Assembleia Geral da ONU, não deve um único tostão a Durão Barroso a não ser a utilização de Portugal como cobaia de uma experiência económica falhada. 
  
Agora arriscamo-nos a ter mais uma grande dívida com António Guterres, o pais vai gastar umas massas em viagens diplomáticas para que Guterres consiga cumprir com as suas ambições pessoais e ainda vamos ficar em dívida com ele, porque a pensar no interesse nacional assumiu o pesado sacrifício de ser secretário-geral da ONU. Guterres andou meses a fio a deixar o país em suspenso em relação a uma candidatura presidencial, quando os jornais informaram de que não seria candidato ainda chegou a protestar e depois foi o que se viu.

Se um cidadão comum procurar um emprego tem de fazer todas as despesas, mas no caso destes altos cargos são os contribuintes, empregados ou desempregados, a desembolsar os recursos para que uma diplomacia do champanhe promova o candidato ao alto cargo.

O país já teve de aturar o Durão Barroso porque António Vitorino disse não à liderança do PS, agora temos o Marcelo porque Guterres é uma espécie de Jorge Jesus da política e só tem jeito para treinador de topo. Uma boa parte das personalidades da esquerda não passam de umas dondocas pouco dadas ao trabalho que andam sempre em busca de um grande tacho no estrangeiro ou numa instituição nacional, que lhes proporcione conforto e uma vida tranquila, longe de jornalistas e de procuradores.
  
Durão deixou o governo de um dia para o outro, Guilherme de Oliveira Martins mal teve tempo de arrumar o gabinete e já estava na Gulbenkian, Guterres fugiu do pântano e um par de meses depois teve a sorte de encontrar um alto tacho internacional e ou estou muito enganado ou falhada a candidatura a secretário-geral da ONU vai vagar o lugar de presidente de uma das mais confortáveis instituições nacionais e o Guterres vai fazer o sacrifício de deixar o seu lugar de administrador não executivo para passar a presidente. Entretanto não apoiou a sua afilhada Maria de Belém para não estar bem com Deus e com o Diabo e principalmente com o poder e com António Costa e  enquanto a tal vaga de presidente não surge vamos brincando às candidaturas internacionais e aumentando o prestígio deste príncipe da nossa burguesia política.
  
E todos nós pobres ou ricos que ganhem mais de 2000 euros devemos estar felizes porque o nosso Guterres vai subindo na vida à custa do país que lhe tem sido tão útil, podemos passar fome mas temos o Ronaldo no Real madrid, Durão Barroso rico e com o filho bem empregado e Guterres num cargo mais limpinho do que a presidência portuguesa....

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Francisco Assis

A coragem política é um atributo dos líderes e não é necessária muita coragem para assumir-se como alternativa, o risco de ir a um congresso do PS e levar duas galhetas é bem menor do que ir-se meter onde não foi chamado, como sucedeu quando foi a Felgueiras. Mas depois do fiasco da jantarada Na Mealhada e no rescaldo da derrota humilhante e financeiramente muito dolorosa de Maria de Belém aquele que tem dado rosto à divergência no PS opta por não ir a jogo.

«O eurodeputado Francisco Assis diz que é tempo de encerrar o capítulo das eleições presidenciais - que “não correu bem ao PS” – e seguir com atenção o partido com o qual mantem uma “divergência programática e ideológica". O ex-líder da bancada parlamentar socialista discorda desde a primeira hora da solução encontrada pelo primeiro-ministro, António Costa, de fazer um acordo com as esquerdas para poder formar Governo e mantém essa divergência. Mas isso – sublinha – não significa que vá protagonizar já uma tendência interna dentro do partido.

Em declarações ontem ao PÚBLICO, Francisco Assis, que se está a restabelecer de uma cirurgia, reafirma a sua oposição ao caminho seguido pelo secretário-geral do PS, mas afirma que não está a preparar qualquer documento programático para levar ao congresso do partido, marcado para o primeiro fim-de-semana de Junho.

“Não delineei nenhuma estratégia e nem tenho nenhuma perspectiva do que vou fazer em relação ao congresso”, afirmou, insistindo: “Não tenho nenhum movimento [de oposição interna], mas isso não significa que não tenha a minha posição sobre as coisas e não deixarei de exprimir as minhas opiniões”. Revela que a ida ao congresso “não entrou” nas suas reflexões” e que “nada está definido sobre isso”.» [DN]

 Ainda que mal pergunte

O governo deu conhecimento prévio do esboço do orçamento a Cavaco Silva ou como o senhor está de partida já é mais tolerante do que no tempo do PEC IV?

 Marcelo ajudado pela TV


Marcelo não foi o primeiro a ganhar eleições impulsionado por uma gestão da sua imagem na televisão, desde o famoso programa que punha Sócrates a Santana Lopes que os políticos portugueses acham que vender um político é como vender os velhinhos sabonetes Lux, o "sabonete preferido por 9 entre 10 estrelas de cinema".

Começa a ser um hábito a escolha de políticos favorecidos pela passagem em programas de televisão. Se por um lado é bom conhecermos os políticos ao pormenor, por outro estamos a escolher entre os políticos previamente escolhidos pelas televisões. Isto é, nas nossas eleições começam a haver umas primárias ocultas, as primárias que escolhem os políticos que podem ascender ao estrelato televisivo.

      
 Esta Comissãoi EUropeia é um nojo
   
«À medida que se aproxima o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito à nacionalização e venda do Banif, ainda sem data agendada, vão surgindo informações que ajudam a levantar o véu sobre o que aconteceu nas vésperas da decisão de resolução que poderá implicar perdas para o Estado até 3200 milhões de euros (2400 milhões já garantidos). O BCE e Bruxelas impunham o Santander nos bastidores, mas oficialmente garantiam que não intervinham.

Durante o processo de venda do Banif, os dois gestores indicados pelo Estado, Miguel Barbosa e Issufa Ahmad, enviaram um email aos restantes administradores da equipa liderada por Jorge Tomé com o seguinte teor: de acordo com instruções da DGCOM para o secretário de Estado das Finanças o concurso para a alienação do banco teria de respeitar condições, nomeadamente, a venda a uma instituição a operar em Portugal cuja dimensão fosse três vezes superior à do Banif. O adquirente não podia ainda beneficiar de auxílio estatal. A missiva foi dirigida ao início da tarde de 15 de Dezembro, terça-feira, quatro dias antes de terminar o prazo indicativo para a venda em concurso, sexta-feira, 18 de Dezembro. O que constitui uma tentativa de Bruxelas de condicionar o resultado do concurso de venda do Banif. A iniciativa de Barbosa e de Ahmad precedeu ainda em seis dias a resolução do banco, decretada domingo, 20 de Dezembro.

O Estado detinha 61% do capital do Banif, o que levou à nomeação dos dois administradores, Miguel Barbosa e Issufa Ahmad, com poderes de decisão e de veto, e de três membros para a comissão de auditoria. Desde Setembro de 2014, que Barbosa estava a tempo inteiro no Banif onde tinha o pelouro do risco, indicado pelo BdP em representação do Estado. Barbosa foi ocupar o lugar deixado vago por António Varela, que, em Setembro de 2014, passou a integrar a administração do Banco de Portugal por nomeação da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque.  

Em Portugal apenas dois bancos, Santander e BPI, cumpriam as exigências de Bruxelas em termos de dimensão (três vezes maiores) e de não terem ajudas públicas. Isto, dado que o BPI já devolveu  o empréstimo estatal de 1500 milhões de euros de Coco’s. Mas na prática, sem o mencionar, Bruxelas restringiu a venda ao Santander. Porquê? Ao contrário da filial do grupo espanhol, o BPI não foi convidado a apresentar uma oferta de compra do Banif.» [Público]
   
Parecer:

Manda quem pode, obedece quem deve.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
  
 Santander faz de vítima
   
«O presidente do Banco Santander Totta, Vieira Monteiro, revelou esta quarta-feira que foram detetadas "situações" inesperadas no balanço do Banif, sem querer especificá-las, mas dizendo que se fossem conhecidas na altura da compra, até podiam ter retirado o interesse na operação.

"Atualmente, tivemos conhecimento de certas situações que estão no balanço do banco", afirmou o gestor durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do Santander Totta, em Lisboa, recusando-se a identificá-las. E reforçou: "Houve certas situações que, se calhar, se soubéssemos nem sequer teríamos apresentado a proposta".

Apesar da insistência dos jornalistas, Vieira Monteiro escusou-se a dar mais detalhes, reservando essa explicação para "a altura certa".

Questionado se havia situações criminais no Banif, o responsável disse que esse tipo de questões teria que ser averiguado pelas autoridades. "Situações criminais ou não criminais, isso caberá às autoridades atuar. Nós não fazemos este tipo de coisas."» [Expresso]
   
Parecer:

Isto ainda vai acabar mal.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

 Guterres também leva uma medalhita
   
«x-primeiro-ministro António Guterres vai ser condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, um mês depois de ter cessado funções como alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

Segundo fonte da Presidência da República, a cerimónia de agraciamento de António Guterres irá realizar-se na próxima terça-feira, 2 de fevereiro, no Palácio de Belém, em Lisboa.» [Expresso]
   
Parecer:

Quem ainda não tem uma medalha que levante o braço.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Guterres se não preferia ter sido condecorado pelo próximo presidente.»

   
   
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quarta-feira, janeiro 27, 2016

A Troika está de regresso ao Burkina Faso



A Troika está de regresso e mais uma vez os funcionários de escalão médio baixo que representam as organizações internacionais comportam-se como se estivessem convencidos de que estão no Burkina Faso. Não repararam que em Bruxelas já não está o Durão Barroso, que por cá o país já não é governado por um primeiro-ministro sem o conceito de dignidade e que os cumprimentava com vénias, na presidência está de partida o velho defensor de alunos graxistas, o Gaspar já fugiu de forma cobarde e o outro defensor da desvalorização fiscal já está debaixo de terra. É porque não repararam nas mudanças que insistem em tratar este país sem grande respeito, menorizando as suas instituições ao mandarem para um jornal uma lista de 18 exigências como se esta fosse uma forma honesta de negociar com um governo democrático. Estes representates da troika ficaram viciados em governos fracos e golpes sujos.
  
A relação entre o governo de Passos Coelho e os representantes da Troika foi uma relação que em nada dignifica o FMI, o BCE e a Comissão Europeia, foi uma relação de promiscuidade e de mentiras, de falta de frontalidade e de cobardia e de incompetência técnica e compadrio político. Com a chegada de Passos ao governo em Portugal a Troika esqueceu o memorando e iniciaram um processo de propaganda e de chantagem sobre um país e um povo para o forçar a aceitar uma experiência económica com que o falecido António Borges e o mediano Vítor Gaspar prometeram a um iletrado Passos Coelho que o país se tornaria o país mais competitivo do mundo, como o próprio chegou 
  
O país foi ludibriado durante anos com  mentiras e chantagens sistemáticas, nunca se percebeu se as medidas do governo eram ideias radicais de Vítor Gaspar apoiadas pela Troika ou se essas medidas eram impostas pela Troika. A Troika nunca assumiu as medidas e o governo sempre as atribuiu à Troika. Um bom exemplo de jogo de mentiras foi o que se passou com a famosa refundação do Estado, começou por ser um projecto do governo, passou para a competência do irrevogável Portas, mais tarde foi adoptado um guião assinado pelo FMI mas ficou evidente que o draft era do Moedas. Por fim, na hora do implementar disseram já que já tinha sido implementado. No fim o país pagou um trabalho que o FMI não fez e nada foi implementado por um Portas incompetente e mentiroso.
  
Outro bom exemplo das mentiras combinadas entre a Troika e Passos Coelho foi o corte dos vencimentos ds funcionários públicos, primeiro Passos justificou-o com o famoso desvio colossal e assegurou que era por um ano, depois inventou um estudo que provava que no Estado se ganhava mais do que no sector privado e o corte era para o período de ajustamento, quando o Tribunal Constitucional determinou a reposição dos vencimentos começara a falar de uma nova tabela da Função Pública, um truque para os disfarçar. Por fim prometeram repor os vencimentos às mijinhas e agora até protestam pela reversão quando na hora de tentarem manter-se no poder já admitia esta reversão nas famosas “medidas facilitadoras”. Agora a reposição dos vencimentos já é apresentada como um desrespeito em relação às exigências de uma Troika que nunca assumiu uma posição clara. Quase passou despercebido mas a tese do governo de Passos era a de que o Estado tinha feito o seu ajustamento, faltava agora fazê-lo no sector privado, isto é, a intenção era usar o corte dos vencimentos para, em nome da competitividade, cortar nos salários do sector privado. 
  
A Troika tem actuado de forma suja e os funcionários que a representam têm-se comportado de uma forma muito pouco digna das instituições que representam. Têm sido incompetentes, têm desrespeitado um país soberano, durante anos humilharam um povo manipulando o seu governo de uma forma inaceitável. Em vez de terem mandado as 18 medidas para a comunicação social a Troika devia ter publicado os emails que durante anos trocaram com o governo, as cartas em que davam a conhecer as suas exigências ou em que aprovavam as medidas que o governo lhes propunha e as cartas e emails que trocaram a propósitos de dossiers como o BES e o BANIF, para além das diversas versões do memorando. Recorde-se que a direita exigiu a Sócrates que tornasse público o memorando e até exigiu a sua tradução, mas desde então o país tem sido ludibriado por governo sem escrúpulos e por uma Troika representada por técnicos de competência duvidosa e de baixo nível ético.