Faça-se uma sondagem para saber quantos portugueses sabem qual é a nacionalidade do actual secretário-geral da ONU, ou pergunte-se a um cidadão comum se sabe o nome do antecessor de Ban Ki-moon . Aposto que as respostas serão uma desilusão. Qual é o país de Ba Ki-moon que tanto prestígio deve ao actual secretário-geral da ONU?
Pergunte-se aos portugueses em que processos Portugal ficou a ganhar pelo facto de ter tido durante tantos anos um português à frente da Comissão Europeia. É Portugal que está em dívida a Durão Barroso ou é o primeiro-ministro que abandonou o país em busca de conforto que lhe deve ter servido de trampolim para um dos maiores tachos do mundo?
Sinceramente, estou farto desta ladainha pacóvia de andar a promover políticos portugueses em altos cargos em nome do interesse nacional com o falso argumento de que é um grande de prestígio para o país, que vamos ser cidadãos do mundo de primeira classe ou que o país tem muito a ganhar. Deixemo-nos de tretas, o país nada ganhou com a presença de Guterres no cargo da ONU, nada ganhou por Freitas do Amaral ter sido presidente da Assembleia Geral da ONU, não deve um único tostão a Durão Barroso a não ser a utilização de Portugal como cobaia de uma experiência económica falhada.
Agora arriscamo-nos a ter mais uma grande dívida com António Guterres, o pais vai gastar umas massas em viagens diplomáticas para que Guterres consiga cumprir com as suas ambições pessoais e ainda vamos ficar em dívida com ele, porque a pensar no interesse nacional assumiu o pesado sacrifício de ser secretário-geral da ONU. Guterres andou meses a fio a deixar o país em suspenso em relação a uma candidatura presidencial, quando os jornais informaram de que não seria candidato ainda chegou a protestar e depois foi o que se viu.
Se um cidadão comum procurar um emprego tem de fazer todas as despesas, mas no caso destes altos cargos são os contribuintes, empregados ou desempregados, a desembolsar os recursos para que uma diplomacia do champanhe promova o candidato ao alto cargo.
O país já teve de aturar o Durão Barroso porque António Vitorino disse não à liderança do PS, agora temos o Marcelo porque Guterres é uma espécie de Jorge Jesus da política e só tem jeito para treinador de topo. Uma boa parte das personalidades da esquerda não passam de umas dondocas pouco dadas ao trabalho que andam sempre em busca de um grande tacho no estrangeiro ou numa instituição nacional, que lhes proporcione conforto e uma vida tranquila, longe de jornalistas e de procuradores.
Durão deixou o governo de um dia para o outro, Guilherme de Oliveira Martins mal teve tempo de arrumar o gabinete e já estava na Gulbenkian, Guterres fugiu do pântano e um par de meses depois teve a sorte de encontrar um alto tacho internacional e ou estou muito enganado ou falhada a candidatura a secretário-geral da ONU vai vagar o lugar de presidente de uma das mais confortáveis instituições nacionais e o Guterres vai fazer o sacrifício de deixar o seu lugar de administrador não executivo para passar a presidente. Entretanto não apoiou a sua afilhada Maria de Belém para não estar bem com Deus e com o Diabo e principalmente com o poder e com António Costa e enquanto a tal vaga de presidente não surge vamos brincando às candidaturas internacionais e aumentando o prestígio deste príncipe da nossa burguesia política.
E todos nós pobres ou ricos que ganhem mais de 2000 euros devemos estar felizes porque o nosso Guterres vai subindo na vida à custa do país que lhe tem sido tão útil, podemos passar fome mas temos o Ronaldo no Real madrid, Durão Barroso rico e com o filho bem empregado e Guterres num cargo mais limpinho do que a presidência portuguesa....