Foto de Alfredo Cunha (Público)
Ligo a TV e vejo Fazenda o velho dinossauro da UDP defendendo a política do governo com a deputada do PSD Teresa Leal Coelho, discursa o camarada Fazenda que o Junkers foi um malandro no governo do Luxemburgo, que o comissário francês Pierre Moscovici é outro malandro que quando era ministro francês não cumpriu com as regras do défice. Conclusão, os revolucionários portugueses devem ter como padrão as regras que resultariam do comportamento destes bandidos. É uma pena que o Al Capone não foi comissário europeu, teríamos direito a uma submetralhadora Thompson e cada cidadão tinha direito a uma quota de 17 homicídios, ou ante a uma AK por ser um símbolo revolucionário, ou era antes de se ouvir Allahu Akbar a anteceder os disparos.
Assisto ao debate parlamentar e ouço Catarina Martins falando no parlamento com a postura de Lenine dirigindo-se às massas tal como aparecia nos quadro da velha URRS, inclinado, com os olhos fixo no centro de um buraco negro algures no horizonte, incentiva António Costa a fazer frente à Comissão Europeia, a vingar a derrota e traição do Syriza. Ao ouvir Catarina Martins vem-me à memória Ibarrruri repetindo a frase de Emiliano Zapata «Más vale morir de pie que vivir de rodillas». A mesma Catarina que garantiu que Passos Coelho já era lembrando uma outra frase famosa de La Passionaria quando disse «Este hombre ha hablado por última vez» incentiva Costa a derrotar os inimigos de Bruxelas com um veemente «¡No pasarán!».
Mais comedido na linguagem o PCP não deixa de entrar nesta vaga revolucionária que visa repor aquilo que ainda há quatro anos eram símbolos de governações sucessivas da direita, regressaram as greves revolucionárias, apoia-se o governo, mas promove-se a guerra porque a liderança não são dos ministros pequeno-burgueses mas sim dos trabalhadores que têm esse dom especial queos promove a líderes da mudança revolucionária. E as agências confundem alhos com bugalhos ouve-se no parlamento.
Isto anda anda, anda e ainda vamos ver o BE a convocar uma manifestação para o Terreiro do Paço onde os trabalhadores devidamente organizados por sectores, acompanhados dos miro empresários e dos intelectuais, gritarão a plenos pulmões “Força, força Camarada Costa! Nós somos a tua muralha de aço”. É este o ambiente que a estratégia de comunicação da Catarina Martins esta promovendo e que o PS quase omisso permite. A defesa do governo do PS é feita na comunicação social pela extrema-esquerda, no parlamento parece que é a Catarina Martins a líder parlamentar da coligação.
Aquilo que era um governo do PS, com um programa do PS e que graças a dois acordos feitos em separado e onde ninguém quis participar é agora um governo de uma coligação cuja comunicação é liderada pelo BE quando as medidas são simpáticas e um governo do PS quando as decisões não são simpáticas. Vamos ver se isto corre bem e até quando Catarina Martins considera que dá votos apoiar Costa ou até quando Jerónimo de Sousa mantem a palavra do PCP tornando este partido refém da estratégia da extrema-esquerda marxista-leninista-trotsquista.