Passos Coelho seguiu as ideias de Gaspar achou que a melhor forma de enriquecer o país era empobrecendo-o, ignorando os princípios da economia o guru económico de Passos Coelho inspirou-se na agronomia e aplicou à economia uma poda drástica com se a economia portuguesa fosse um pomar doente. O resultado foi o empobrecimento forçado dos trabalhadores por conta de outrem, em especial dos quadros mais qualificados.
Parece que agora vai ser iniciado o processo inverso e os mais pobres recuperarão rapidamente os seus rendimentos enquanto os outros vão ter de sofrer pelo menos mais um ano de austeridade, ainda que ligeiramente mitigada. A lógica é inversa, em vez de se podar as árvores do pomar segue uma opção agronómica inversa, opta-se por fertilizar algumas árvores do podar e a este processo chama-se reversão do empobrecimento.
No meio desta dança de enriquecimentos e empobrecimentos ainda é cedo para saber quem empobrece e quem enriquece, ainda que já se saiba quem tenha ficado de fora do enriquecimento e do empobrecimento. O problema é que sem crescimento económico não há nova riqueza para distribuir e estes processos de redistribuição da riqueza, sejam de empobrecimento ou de reversão do empobrecimento, não resolvem os problemas a longo prazo.
O problema não está apenas em reverter o empobrecimento de alguns, escolhidos em função do escalão do IRS, até porque este critério leva a que a reversão do empobrecimento seja um bónus aos muitos que Portugal ganham uma parte dos seus ordenados “por fora”. O problema está em saber como criar mais riqueza pois só assim é possível inverter a tendência para o empobrecimento de um país que era pobre e agora é ainda mais pobre.
O debate do empobrecimento e da reversão do empobrecimento conduz necessariamente a duas reflexões, antes de mais saber até que ponto a evasão fiscal distorce esta preocupação governamental com a reversão da política de Passos, acabando por penalizar os que mais cumprem porque ao fazê-lo pagam mais impostos e ficam nos escalões dos cidadãos condenados ao empobrecimento eterno, bem como saber como criar mais riqueza para distribuir de forma equitativa e justa.