quarta-feira, janeiro 27, 2016

A Troika está de regresso ao Burkina Faso



A Troika está de regresso e mais uma vez os funcionários de escalão médio baixo que representam as organizações internacionais comportam-se como se estivessem convencidos de que estão no Burkina Faso. Não repararam que em Bruxelas já não está o Durão Barroso, que por cá o país já não é governado por um primeiro-ministro sem o conceito de dignidade e que os cumprimentava com vénias, na presidência está de partida o velho defensor de alunos graxistas, o Gaspar já fugiu de forma cobarde e o outro defensor da desvalorização fiscal já está debaixo de terra. É porque não repararam nas mudanças que insistem em tratar este país sem grande respeito, menorizando as suas instituições ao mandarem para um jornal uma lista de 18 exigências como se esta fosse uma forma honesta de negociar com um governo democrático. Estes representates da troika ficaram viciados em governos fracos e golpes sujos.
  
A relação entre o governo de Passos Coelho e os representantes da Troika foi uma relação que em nada dignifica o FMI, o BCE e a Comissão Europeia, foi uma relação de promiscuidade e de mentiras, de falta de frontalidade e de cobardia e de incompetência técnica e compadrio político. Com a chegada de Passos ao governo em Portugal a Troika esqueceu o memorando e iniciaram um processo de propaganda e de chantagem sobre um país e um povo para o forçar a aceitar uma experiência económica com que o falecido António Borges e o mediano Vítor Gaspar prometeram a um iletrado Passos Coelho que o país se tornaria o país mais competitivo do mundo, como o próprio chegou 
  
O país foi ludibriado durante anos com  mentiras e chantagens sistemáticas, nunca se percebeu se as medidas do governo eram ideias radicais de Vítor Gaspar apoiadas pela Troika ou se essas medidas eram impostas pela Troika. A Troika nunca assumiu as medidas e o governo sempre as atribuiu à Troika. Um bom exemplo de jogo de mentiras foi o que se passou com a famosa refundação do Estado, começou por ser um projecto do governo, passou para a competência do irrevogável Portas, mais tarde foi adoptado um guião assinado pelo FMI mas ficou evidente que o draft era do Moedas. Por fim, na hora do implementar disseram já que já tinha sido implementado. No fim o país pagou um trabalho que o FMI não fez e nada foi implementado por um Portas incompetente e mentiroso.
  
Outro bom exemplo das mentiras combinadas entre a Troika e Passos Coelho foi o corte dos vencimentos ds funcionários públicos, primeiro Passos justificou-o com o famoso desvio colossal e assegurou que era por um ano, depois inventou um estudo que provava que no Estado se ganhava mais do que no sector privado e o corte era para o período de ajustamento, quando o Tribunal Constitucional determinou a reposição dos vencimentos começara a falar de uma nova tabela da Função Pública, um truque para os disfarçar. Por fim prometeram repor os vencimentos às mijinhas e agora até protestam pela reversão quando na hora de tentarem manter-se no poder já admitia esta reversão nas famosas “medidas facilitadoras”. Agora a reposição dos vencimentos já é apresentada como um desrespeito em relação às exigências de uma Troika que nunca assumiu uma posição clara. Quase passou despercebido mas a tese do governo de Passos era a de que o Estado tinha feito o seu ajustamento, faltava agora fazê-lo no sector privado, isto é, a intenção era usar o corte dos vencimentos para, em nome da competitividade, cortar nos salários do sector privado. 
  
A Troika tem actuado de forma suja e os funcionários que a representam têm-se comportado de uma forma muito pouco digna das instituições que representam. Têm sido incompetentes, têm desrespeitado um país soberano, durante anos humilharam um povo manipulando o seu governo de uma forma inaceitável. Em vez de terem mandado as 18 medidas para a comunicação social a Troika devia ter publicado os emails que durante anos trocaram com o governo, as cartas em que davam a conhecer as suas exigências ou em que aprovavam as medidas que o governo lhes propunha e as cartas e emails que trocaram a propósitos de dossiers como o BES e o BANIF, para além das diversas versões do memorando. Recorde-se que a direita exigiu a Sócrates que tornasse público o memorando e até exigiu a sua tradução, mas desde então o país tem sido ludibriado por governo sem escrúpulos e por uma Troika representada por técnicos de competência duvidosa e de baixo nível ético.