Edgar Silva
O candidato com o selo de qualidade emitido pelo PCP parece um híbrido entre o Alberto João, o padre Milícia e Jerónimo de Sousa. Ao Alberto João foi buscar o ar descontraído como diz alarvidades, do padre Melícias tem aquela voz beatificada, o penteado, os óculos e a entoação de voz típica de quem as treinou para homilias, rezas e sermões. A Jerónimo de Sousa foi buscar o discurso tão rotineiro que mais parece uma oração, qualquer crente do partido seria capaz de o dizer com a mesma certeza e rigor de quem reza um terço.
Começou mal ao tropeçar no Paralelo 38 na Península da Coreia durante o debate com Marisa Matias, passado esse sobressalto prosseguiu a campanha dizendo mais ou menos o mesmo em todas as suas intervenções. Como Padre substituiu as rezas do terço pela cassete do partido e transformou a campanha numa peregrinação intervalada de comícios transformados em missas.
Maria de Belém
Lançou a candidatura com o objectivo de incomodar António Costa e acabou por parecer mais a candidata do PàF do que Marcelo. Enquanto o candidato da direita fez uma candidatura de apoio a António Costa e afirmou-se como da esquerda da direita, Maria de Belém começou por querer ser a direita da esquerda e optou por fazer uma campanha de afirmação religiosa, optando pelos mercados da economia social, isto é, pelos corredores da Santa Casa, onde velhinhos disciplinados a encheram de beijinhos para a fotografia.
Perdeu os debates e deu uma imagem de si que nada tem que ver com a pessoa fágil e frontal que parecia, acabando por se enredar no caso das subvenções a políticos. Convencida de que ninguém iria saber do seu papel no processo respondeu aos jornalistas com uma linguagem típica de quem discorda das decisões do tribunal Constitucional. Afinal era defensora das subvenções e acabou a dizer que não abdicava dos seus direitos. Não abdicou dos seus direitos mas acabou por abdicar de qualquer esperança eleitoral, afundando-se nas sondagens. Se começou com as sondagens a colocá-la à frente de Sampaio da Nóvoa e acaba a campanha deixando no ar a dúvida de saber se fica á frente ou atrás do outro candidato guterrista, o Tino de Rãs.
Marcelo rebelo de Sousa
Talvez influenciado por El Niño o cata-vento da direita manteve-se virado sempre para o mesmo lado por influência dos ventos da esquerda, desprezou os pafiosos que o apoiaram fugindo deles como da sarna e enquanto a Maria de Belém sujeitou-çse a uma constante beijoqueira de idosos que depois perguntavam no lar quem era aquela senhora da permanente, nesta campanha foi António Cosa que durante duas semanas foi vítima da beijoquice de Marcelo.~
O único lado positivo de uma eleição de Marcelo é que mais tarde ou mais cedo o país livrar-se-á dessa fioloxera formada por gente como o Passos, a Maria Luís ou o Morgado, só que depois será António Costa a acusá-lo de ser cata-vento pois será uma questão de tempo até que Marcelo repare que, afinal, a esquerda da direita não deixa de ser direita.
Marisa Matias
Marisa Matias arrisca-se a ter muitos mais votos do que tiveram os seus antecessores nas candidaturas presidenciais do BE, designadamente, Francisco Louçã, provando de forma definitiva que o BE é um partido de mulheres e que a pior fase deste partido foi quando despareceu a primeira geração de mulheres, onde estavam Ana Drago e Joana Amaral Dias, dando lugar ao Fazenda e ao Louçã.
Sampaio da Nóvoa
Sampaio da Nóvoa dedicou a campanha a anunciar aí que vinha um tempo novo. E o que é o tempo novo? é o governo de mairoia de esquerda e a reversão das medidas, isto é, o tempo novo é o tempo anterior ao governo de Passos Coelho, descontados os prejuízos resultantes da destruição provocada pelas suas medidas e a austeridade que persiste para todos os ricaços que ganhem dois mil euros líquidos ou mais.