Passos Coelho
Portugal vai ter um Presidente da República que Passos Coelho humilhou no último congresso do PSD, não admira que a comunicação do líder do PSD na noite eleitoral, para além de revelar arrogância e falta de educação mostrou um político que parecia estar a ter a sua última conversa no corredor da morte. Marcelo Rebelo de Sousa dispensou o PSD e rejeitou a presença de Passos na sua campanha, mandou-o ir mostrar os seus dotes eleitorais numas eleições autárquicas intercalares. O discurso de Marcelo é incompatível com a continuação de Passos na liderança do PSD, com Passos é impossível qualquer diálogo ou a realização de compromissos.
António Costa
Ao ver Maria de Belém ficar com poucos mais votos do que Tino de Rãs, o outro guterrista que participou na corrida, António Costa livrou-se da oposição interna. Muito provavelmente livra-se de Passos Coelho, o pessoal dos leitões não vai poder dizer que representa metade dos votos do PS e até Manuela Alegre deve estar a interrogar-se sobre onde estarão o milhão de votos dos portugueses de que ele era proprietário.
Com Sampaio da Nóvoa era mais fácil a Passos Coelho manter-se na liderança do PSD, enquanto o PS ficaria encostado a um BE que não escondeu a intenção de se juntar a Nóvoa na segunda volta. A saída de Passos da liderança do PSD liberta o PS da chantagem permanente do BE que só apoia este governo para e enquanto obtiver ganhos eleitorais. António Costa só tem a ganhar com a saída de Marcelo, resta saber se desta vez mete o BE no sapato como fez na CML com o Zé.
Marisa Matias
A estratégia de Marisa Matias foi juntar-se ao Tino de Rãs e a Marcelo Rebelo de Sousa na lógica eleitoral de um reality show. Quando deu jeito beijar velhinhos ela beijou, quando foi vantajoso ser populista até ao enjoo ela foi, quando dava jeito ela ser de esquerda ela foi. Ainda que apoiada por um partido ela imitou o Tino de Rãs e ganhou.
Edgar Silva
O PCP cometeu dois erros graves, concorreu enquanto partido para cumprir a sua obrigação e mais uma vez confundiu as manifestações de militantes disciplinados com o voto dos portugueses e desta vez deu-se mal com as suas gloriosas maiorias na rua. Como se isso não bastasse escolheu para candidato um híbrido entre o padre Melícias e o Josef Vissarionovitch com sotaque madeirense. Duvido que alguém se lembre de alguma palavra dita pelo candidato a não ser “valores”, palavra que usou mais de uma dezena de vezes no discurso da derrota.
Sampaio da Nóvoa
Sampaio da Nóvoa estava convencido de que a segunda volta das presidenciais seria a terceira volta das legislativas e ancorou o seu discurso na sua relação com um António Costa que insistiu no celibato político durante estas eleições. O resultado foi o que se viu, Sampaio da Nóvoa não conseguiu votos ao centro, o povo dos reality shows escolheu entre o Marcelo, o Tino e a Marisa e António Costa viu os candidatos das primárias do PS ficarem muito abaixo dos 30%. António Costa ganhou e o PS saiu derrotado apesar da decisão manhosa de não ir a jogo.
Maria de Belém
A candidata guterrista viu o seu velho amigo assobiar para o ar, António Guterres joga numa dupla, ou um cargo internacional só possível com o apoio do governo ou um alto cargo nacional impossível se estiver em conflito com o governo, não havia lugar para uma tripla com uma candidata fraca que era Maria de Belém. Nem mesmo o pessoal dos leitões se empenhou muito numa campanha feita no submundo da economia social, com beijinhos de velhinhos arregimentados e uma permanente afirmação dos seus valores religiosos. Maria de Belém chega ao fim da sua carreira política e com ela afundou-se o pessoal dos leitões e até Manuel Alegre esqueceu o tom poético na sua última intervenção.
Tino de Rãs
Se tivesse atrás de si a máquina do BE e o apoio de muitos jornalistas deste partido e se tivesse recorrido ao populismo misturado com a lamechice Tino de Rãs teria conseguido mais votos do que Marisa Matias. Sem quaisquer recursos, sem quaisquer apoios, sem apoio no meio dos jornalistas e ridicularizado a toda a hora o Tino de Rãs foi um dos grandes vencedores da noite e teve quase tantos votos como Edgar Silva e um terço dos votos de Marisa Maias, mais uns dias de campanha eleitoral e teria ultrapassado Maria de Belém, mesmo apoiada pelo tal senhor que até ontem à noite estava convencido de que era o senhor do milhão de votos.
Cavaco Silva
Sai destas eleições sem grande glória, teve de assistir a um discurso de vitória de Marcelo que foi escrito com a preocupação de ser o oposto dos discursos de vitória de Cavaco e sabe que a partir de hoje respira-se melhor no país, cheira menos mal.