Com o país as viver de futebol e quando a SIC celebra o seu 30.º aniversário com uma entrevista a essa individualidade de grande estatura ética e intelectual que se dá a conhecer pelo acrónimo de JJ não admira que António Guterres justifique mais uma dispensa ao trabalho em prol dos interesses nacionais argumentando. Talvez Guterres tenha razão e Cavaco dá tantos pontapés na gramática presidencial que não admira que em vez de ir para a Coelha ainda apareça no banco do Boliqueime FC.
Neste ambiente de pontapés e caneladas salva-se a bondosa Maria de Belém que em vez de pensar em aviões cheios de adeptos chineses em busca de vistos gold para poderem ver o SCP achou que um bom negócio seria levar os presidentes estrangeiros a visitar lares da terceira idade. Talvez também fosse boa ideia e levar esse pessoal a comer uns pipis na Cova da Moura ou, já que é de bolas para as pitas de que falamos, levá-los a dar uns chutos ao Casal Ventoso. E porque não convidar a Lili Caneças para assessora da Presidência da República para organizar barbecues destinados aos ilustres visitantes na Pedreira dos Húngaros?
Mas em matéria de bola entre candidatos que só à última hora se lembraram de se candidatar e não candidatos que nessa mesma hora perceberam que jogam melhor do que treinam, a personagem mais moderna é o de repente e inesperadamente candidato Marcelo, tão inesperado que ele próprio foi o português que ficou mais surpreendido com a sua decisão abrupta de se candidatar. Marcelo está acima daquilo a que designamos por treinador de bancada, á anos que ele evoluiu ara o estatuto de treinador de PlayStation e o JJ, um iniciado nos maingames, teria muito a aprender com o seu colega nestas andanças de jogos e golpes baixos.
Há anos que Marcelo brinca aos líderes partidários, aos primeiros-ministros e aos presidentes a partir do seu telecomando televisivo e como o próprio defende, nesta coisa da antiguidade é um posto. Onde é que estava Obama no 4 de Julho? Onde é que estava a senhora Merkel quando o Muro foi derrubado em 9 de Novembro de 1989? Onde é que estava o François quando os pobres de Paris entravam pela Bastilha? Ao contrário de Marcelo que esteve em todas, desde a conquista da taça elo Braga até ao 25 de Novembro toda esta gente apareceu de repente.
Não importa se o professor Marcelo que até já ensinou a constituição a 30 mil alunos não saiba que em 1984 já existia Constituição e Tribunal Constitucional, não importa que o Marcelo esteja convencido de que até à sua passagem da SIC ara a TVI quem escolhia as administrações do BES era o Conselho da Revolução ou que os portugueses sejam tão imbecis que não saibam que um secretário de Estado da Presidência de Conselho de ministros faz mais ou menos o menos que o Barroso fez nas Lages, servir cafés e distribuir os cobertores nos dias mais frios.
O que importa é ter um treinador que esteve em todos os campeonatos, serviu e traiu todos, que deu facadas nas costas de todos, que disse e se desdisse, o importante é a senha de presença e quem não tiver estado algures em frente a uma câmara de televisão no dia 25 de Novembro de 1975 perde os direitos políticos, no pressuposto de que isso só vale para os que eram maiores de idade naquela data, então para se ser residente ter-se-á de ter elo menos 59 anos e durante os últimos 41 ter ido a todas. A Heide bem pode regressar neste mês de Janeiro de 1016, mas enquanto o Marcelo estava a libertar Portugal do comunismo em 1975, tarefa que só conseguiu concluir nos finais dos anos oitenta, quando ajudou a extinguir o Conselho da Revolução, a menina Heidi andava a correr atrás dos borregos nos Alpes e aparece agora com ar de novinha em folha a querer o lugar que por direito histórico é do professor Marcelo!