terça-feira, abril 28, 2020

A EVIDÊNCIA EMPÍRICA


O que mudou na ciência médica e nas evidências científicas para que de um dia para o outro vejamos ministros a usar máscaras e governante a sugerir a utilização de máscaras comunitárias? Nada, rigorosamente nada.

Antes da pandemia chegar a Portugal já tinha percorrida muitos países, antes de Portugal passou pela Ásia, pelo Irão, pela Itália, França e Espanha e mesmo por países nórdicos como a Noruega. Poderíamos ter aprendido muito, mas não aprendemos nada e se não fossem as imagens dramáticas que nos chegavam da Itália e da Espanha e muito provavelmente teríamos de passar pelo mesmo.

Temos uma das maiores industria têxteis da Europa que já poderia ter inundado o mercado de máscaras comunitárias. Mas não, alguém insistiu teimosamente em ser coerente com as primeiras opiniões erradas que deu e enquanto em todo o mundo se usa máscara por cá andámos de conferência de imprensa em conferência de imprensa desvalorizando o uso de máscaras, lançando um estigma a quem as usava e até mesmo comentando o seu uso com sorrisos cínicos.

Agora parece que é mesmo aconselhável e até já se diz que a sua utilização deverá ser obrigatória em espaços fechados. Pois, já devia ter sido obrigatória desde o primeiro dia, foi um absurdo termos visto pessoa nos hipermercado, pedreiros, motoristas e muitos outros profissionais não protegerem os outros da eventualidade de estarem contaminados, usando uma simples máscara.
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Quantos profissionais dos lares de terceira idade teriam escapado à contaminação, quantas pessoas que trabalham na construção civil, na distribuição alimentar e em muitos outros setores teriam evitado a contaminação. Quanto custou ao país em vidas e em recursos esta teimosia? Não teria sido mais inteligente ter tornado o seu uso obrigatório dando logo indicações à indústria têxtil?

terça-feira, abril 21, 2020

QUANDO UM RIO VIRA RIBEIRO


Quando milhares de funcionários públicos arriscam tudo para que outros se possam salvar ou sentir-se seguros eis que Rui Rio descobre que um aumento de 0,3% merece intervenção política para que o mesmo nãos seja concedido. Melhor do que o Rio só mesmo o CM que não se cansa de homenagear os heróis e depois lança uma campanha contra os privilégios dos supostos funcionários públicos.

Desejo que o líder do PSD nunca tenha de passar um mês numa unidade de cuidados intensivos pois ficaria a conhecer o quanto trabalham aqueles a quem ele acha que deve ser negado um aumento quase ofensivo de 0,3%. Talvez ele percebesse o quanto trabalham os médicos, os enfermeiros e o auxiliares dentro de um hospital, talvez ele tivesse a oportunidade de lhes perguntar sobre quanto ganham, sobre o quanto perderam nos últimos anos, sobre o quanto trabalham todos os dias.

Infelizmente, Rui Rio acha que não deve esquecer o oportunismo eleitoral e enquanto evita criticar a ação do governo, opta por fazer propostas puramente oportunistas, que apenas visam conseguir o voto populista. Defender que enfermeiros, médicos, auxiliares, polícias, sapadores bombeiros e muitos outros profissionais não devem ter uma aumento de 0,3% é mesmo um problema de pequenez política. O Rio é cada vez mais um pequeno ribeiro.

segunda-feira, abril 20, 2020

O REGRESSO DO AMBIENTE DAS RGA


Gosto de ouvir Manuel Alegre assegurar que a democracia não está suspensa, a propósito da sessão comemorativa do dia 25 de abril organizada segundo o velho estilo do “vírus fascista não mata democratas”. Manuel Alegre tem toda a razão, a democracia não está suspensa.

O cristianismo também não está suspenso, mas milhões de cristãos prescindiram da comemoração das datas mais importantes da sua religião. A família não está suspensa, mas milhares de emigrantes prescindiram de visitar as suas famílias durante a Páscoa e muitas crianças celebram os aniversários sem que os avós não possam ver o primeiro aniversário dos seus neto. A escola não está suspensa, mas alunos e professores aceitaram reduzi-la a um tablet.

Depois de tudo isto há quem venha sugerir que uma cerimónia rotineira, que na maior parte dos anos é um ritual de velhos que depois de terminado apenas serve para discutir recados dos presidentes é o que distingue haver ou não democracia. Não Manuel Alegre, a democracia é muita mais do que um discurso presidencial, discutir recados ou ver quem é que traz ou não traz um cravo ao peito.

Não sei o que pensam os mais jovens, mas confesso que este ambiente das velhas Reuniões Gerais de Alunos, verdadeiras guerras civis onde a democracia era salva o caminho para paraísos diversos reabertos começa a ser ridículo, lembra os dois velhos dos Marretas. É ridículo ver alguma direita idiota aproveitar a pandemia para conseguir uma vitória contra a história impedindo a realização de uma cerimónia comemorativa do 25 de abril, da mesma forma que é ridículo ver o outro lado a transformar esta cerimónia numa barricada.

Os muitos que não são deputados e que no seu cantinho vão comemorar o 25 de abril porque não é preciso ser deputado ou presidente da AR para se ser democrata não entendem como é que o país faz um sacrifício brutal e no próximo dia 25 há umas dezenas de idosos que correm sérios riscos de ir parar a um ventilador, quando há mais de um mês que os idosos e pessoas vulneráveis como eles está proibida por lei de sair de casa em defesa da sua própria vida.

Viva o 25 de Abril é também viva a inteligência.

PS: Esperemos que na sequência da cerimónia nada suceda a alguma das pessoas que lá vão estar, porque se isso suceder sim que será um grande atentado contra o 256 de abril e a democracia.

NÃO SE PERDEU GRANDE COISA


Neste turbilhão de comunicação em que vivemos, onde se misturam as comunicações, comícios e homilias diárias do meio-dia com as notícias com que somos quase agredidos minuto a minuto, com os jornalistas em buscas de mortos por todos os lados, uma das coisas que mais impressiona é ver como a sociedade olha confortavelmente para a morte dos mais idosos.

Quase todos os dias vemos altos responsáveis passar rapidamente pró cima de mortes sempre com o mesmo argumento, tinha mais de 70 anos e apresentava várias comorbilidades, disto isto o assunto fica arrumado, a culpa não foi do sistema de saúde e quase que nem foi do vírus, foi da idade e das comorbilidades, como se estivessem dizendo que se não morria hoje iria morrer um dia destes.

Uma boa parte dos nossos professores, cientistas, médicos e de muitos outros profissionais de excelência têm mais de 60 anos e é natural que muitos deles tenham comorbilidades porque há um preço a pagar pelo aumento da esperança de vida, esta aumenta porque a ciência consegue não só curar mas manter vivos muitos que no passado morreria, As angioplastias evitam enfartes, os medicamentos controlam a pressão arterial, a insulina mantém vivos os diabéticos e muitas doenças mortais como a SIDA e muitas formas de cancro são agora doenças crónicas.

É natural que muitas pessoas tenham comorbilidades, o coronavirus é bem mais mortal na Europa, na Ásia e na América do Norte precisamente porque nestes países a esperança de vida é muito alta. É natural que em países onde a esperança de vida se situa abaixo dos 60 anos a letalidade do coronavirus seja mais baixa.

Ainda bem que se vive mais e é lamentável ver quase diariamente altos responsáveis políticos às mortes de idosos de uma forma que a desvaloriza de uma forma subliminar, todos os dias vemos desvalorizar a morte daqueles que nos construirão o que somos e temos com um “era velho e tinha várias comorbilidades”,

terça-feira, abril 14, 2020

MAIS OLHOS DO QUIE BARRIGA





Há uma velha tradição dos aparelhos partidários do PSD e do PS que tem passado incólume e sem grandes críticas, que é a confusão entre Estado e partidos quando estes estão no poder. Confunde-se o trabalho dos serviços do Estado e dos seus quadros como obra dos partidos. Tudo o que é feito no Estado resultou da ação dos Governos, tudo o que o Estado faz serve de propaganda dos partidos.

O caso mais recente sucedeu com um cartaz do PS onde mostrava as quantidades de máscaras e de ventiladores distribuídos pelas diversas regiões do país, como se isso fosse mais um milagre que só foi possível graças ao governo. Aliás, as sucessivas idas da Jamila Madeira onde mais parecia uma transitária ou um despachante oficial, dando entrevistas em frente de aviões de onde eram descarregados caixotes, dando ares que se não fosse ela nada tinha chegado.

É pena que os partidos insistam nestas estratégias pacóvias, não entendendo que os eleitores já não são assim tão parvos. Neste caso as coisas correram muito mal pois ao mostrarem a “grandiosa obra” para captar simpatias a norte do país, acabaram por provocar revolta e indignação em todo o Algarve, precisamente uma região que deu uma preciosa ajuda eleitoral a António Costa.

O Algarve tem sido preterido por sucessivos governos e é atualmente uma das regiões, senão mesmo a região do país mais desprezada pelos ministros da Saúde e onde o SNS tem uma das piores imagens. Ainda recentemente o governo ignorou a necessidade de um novo hospital da região, não admirando que mal se avizinhava a pandemia a incansável Jamila Madeira, correu para o Algarve para tranquilizar os algarvios, assegurando que o hospital distrital do Algarve estava pronto para uma boa resposta.

Pois, o problema é que o Algarve tem pouco mais de duas dezenas de ventiladores, uma pena UCI em Faro onde já fui residente durante um mês), uma ainda mais pequena em Portimão e mais uma dúzia ou pouco mais de ventiladores em unidades de saúde privada. Assim, quando à data da manobra propagandística oportunista o Algarve tinha direito a uma bolinha pequena onde não cabia nenhum ventilador deu-se o escândalo.

Talvez seja tempo de os militantes dos partidos deixarem de pensar que o Estado é uma extensão obediente dos aparelhos onde quem manda são os seus caciques locais, distritais ou nacionais.

sexta-feira, abril 10, 2020

AS EVIDÊNCIAS EVIDENTES DO BOM SENSO


Para a história local desta pandemia vai ficar o famoso parecer do Conselho Nacional de Saúde a propósito de um eventual enceramento das escolas, concluirão os sábios que "Só se justifica o encerramento total ou parcial de estabelecimento de ensino público ou privado com autorização expressa das autoridades de saúde", isto é, não defendiam tel decisão e que isso era matéria dos médicos de saúde pública da equipa de Graças Freitas e não do poder político.

Ainda bem que o governo decidiu contra os “cientistas” e para ofensa de alguns destes sábios, de que deu conta a comunicação social, optou pelo encerramento das escolas e logo de seguida por decretar o estado de emergência. Para a história ficará uma explicação tranquilizante dada pelo responsável da ARS de Lisboa, a propósito da contaminação de um professor. Do alto da ciência aquele responsável garantia que mesmo com um professor contaminado dificilmente os alunos seriam contagiados.

Ainda bem que o primeiro-ministro não deu ouvidos a esta sapiência, senão a esta hora Portugal estaria a viver o mesmo drama que vive a Espanha, a Itália ou os EUA. Só que se a Espanha e a Itália foram apanhados de surpresa pela chagada da pandemia à Europa e os EUA são vítimas da estupidez trumpiana que leva a que uma grande potência seja governada por arrotos, em Portugal desgraça teria a chancela de sábios e das suas evidências científicas.

Começa a ser óbvio que algumas das evidências políticas não passaram de asneiras, como a conclusão de que o vírus não se transmitiria entre humanos, quando na China a doença se propagava a um ritmo nunca vista. A evidência científica era tranquilizadora e apenas serviu para que nada fosse feito, enquanto os responsáveis da saúde se tornaram vedetas televisivas.

Quando surgiu a famosa gripe das aves o governo tomou medidas, enquanto os jornalistas andavam a ver os resultados das análises a cada cegonha encontrada, todos os serviços públicos eram equipados com numerosos dispensadores de gel desinfetante. Quando a doença chegou o país estava preparado. Desdá vez os responsáveis da saúde tranquilizaram-nos, garantira que aquilo não chegava aqui. Ironia do destino, nalguns serviços públicos o desinfetante que foi utilizado foi o que estava guardado desde a gripe das aves e com os casos a multiplicarem-se no país, nem sequer os funcionários da DG de Registos e Notariado, que estavam nos balcões de atendimento para a emissão de carões do cidadão dispunham de material desinfetante.

Ainda bem que António Costa mandou as evidência à fava e fechou as escolas e que o Presidente da República, que parece que em matéria de evidências dá mais atenção às evidências de bom sendo dos neto do que às evidências dos responsáveis da saúde, pressionou para que fosse decretado o estado de emergência, o que muito provavelmente salvou a vida a muitos portugueses.

quarta-feira, abril 08, 2020

MORRER DO VÍRUS OU MORRER DE FOME


A economia mundial não suporta seis meses de quase paralisação, pior do que isso, suporta mas com um elevado custo de vidas por causa da fome e da multiplicação de outras doenças mais graves do que a covid-19 em consequência da falência dos sistemas de saúde por falta de recursos financeiros.

Mesmo que esta pandemia seja controlada à escala mundial, deixando de haver receio de uma segunda vaga, só a paralisação de uma parte significativa da atividade económica à escala mundial vai deixar um rasto de fome e de miséria que não se ficará pelos países do costume. A quebra da procura externa dos países desenvolvidos, a baixa acentuada dos preços das principais matérias-primas e a redução da atividade turísticas vai deixar muitas comunidades sem quaisquer recursos.

Se considerarmos a morte provocada pela fome e subnutrição e pela falta de recursos médicos nos países mais pobres e menos desenvolvidos, não é difícil de se perceber, que sem contabilizações mórbidas, o número de mortos em consequência do impacto económico da pandemia pode ser muitas vezes superior aos provocados diretamente pelo vírus.

Mesmo em Portugal, que está longe de ser um dos países mais pobres do mundo, o fenómeno da fome não é raro. É por isso que em todos os concelhos há escolas com as cantinas a funcionar, para fornecer as refeições aos alunos mais carenciados. E se recuarmos no tempo, lembrar-nos-emos do que sucedeu no Vale do Ave ou na península de Setúbal, quando essas regiões foram atingidas pelo desemprego, com níveis muito inferiores à vaga gigantesca a que estamos a assistir.

Desta vez nem nos países mais ricos há escapatória, a capacidade de ajudar é reduzida e quem não tem recursos nem sequer vale a pena ir em busca de trabalho porque não há. Não há biscates, não há empregos e não há emigração, não há nada, nem sequer ajuda das ONG, não há nada ou quase nada, resta a fome. Não tardará muito para que esta passe a ser a principal preocupação do e dos governos.

Os governos vão estar confrontados com uma escolha, a de escolher entre deixar alguns morrer de fome ou optar por deixar outros morrer à fome.

segunda-feira, abril 06, 2020

A EVIDÊNCIA CIENTÍFICA, A EVIDÊNCIA ARITMÉTICA E A EVIDÊNCIA POLÍTICA


Desde o primeiro caso de covid em Portugal que ministra da Saúde e DG da Saúde se desdobram informando que quem não está contaminado não precisa de usar máscara, bastando manter a distância, acrescentam mesmo que pode ser perigoso e contraproducente usar máscara. Fundamentam esta posição naquilo que referem como sendo as evidências científicas, uma coisa que já vimos ser como as verdades no futebol, o que é evidente cientificamente deixa de o ser uma semana depois.

Mas há também uma evidência aritmética, se apenas os infetados devem usar máscara para não contagiar terceiros e como é sabido que uma elevada percentagem de infetados que não chegam a ter qualquer sintoma e por isso nunca saberemos se estamos mesmo infetados. Mesmo que tenhamos feito o teste uma semana depois já poderemos estar a contagiar terceiros. Aqui entra uma segunda evidência científica, há um par de semanas era cientificamente evidente que sem sintomas não haveria contágio, hoje é cientificamente evidente que há contágio mesmo sem sintomas. Portanto, é uma evidência aritmético científico que se todos usarmos máscaras, aqueles que de entre nós estão contagiados não irão contagiar os outros. Até os netos de Marcelo Rebelo de Sousa souberam explicar isso ao avô, que quando vai às compras leva máscara.

É evidente que a ministra já começou a transição da evidência científica para o seu contrário, diz que tudo isto é dinâmico, ou seja, é mesmo como no futebol, o que é evidente hoje deixará de o ser amanhã.

Talvez não seja propriamente uma evidência científica, mas é óbvio que em Portugal não haviam máscaras suficientes para que além de confinados em casa os portugueses tivessem máscaras para os que trabalham fora de casa ou para quando se é obrigado a ir para a rua. Portanto, se alguém tivesse dito aos cidadãos que tinham de andar de máscara o país entrava em pânico e uma máscara seria bem mais cara do que um acessório da Cartier. Portanto a evidência científica dinâmica dá jeito.

Daqui resulta a evidência política que, perdoe-se a redundância, é evidente que nem o país, nem o SNS tinha stocks mínimos de equipamento de proteção. Poderão dizer que ninguém está preparado para este tipo de “guerra”. Pois, mas para as outras guerras parece que não faltam equipamentos e treinos militares, sinal de que os generais não se mudam, mas sempre há uns que são mais previdentes do que outros.

E por mais que uma tal Jamila Madeira, uma rapariga produto da JS que deve saber tanto de saúde como eu de lagares de azeite, mas que finalmente foi promovida a governante e arvorada no posto de secretárias de Estado e Adjunta da Saúde, se desdobra em idas ao aeroporto, onde com uma linguagem de transitário anuncia a chegada de mais um par de caixotes vindos da China. É pena que  só tenha descoberto estes dotes para a profissão de transitária já depois de estarmos naquela zona da curva onde o crescimento de casos é exponencial.

sábado, abril 04, 2020

O VERDADEIRO INIMIGO


A G3 ou a Ak47 matam facilmente, mas numa guerra os inimigos não são as armas, são os soldados inimigos que as disparam. É por isso que neste caso da luta conta a pandemia o nosso verdadeiro inimigo não é o malfadado coronavírus, mas sim os idiotas que o andam a disparar por aí. É o meu vizinho descuidado que espirra para o corrimão, o desconhecido que por causa da fila desata a berra no hipermercado, enfim, uma infinidade de soldados inimigos que nem usam farda, nem exibem as suas armas.

Mas nesta guerra também há o chamado fogo amigo, muitas vezes provocado pela incompetência de alguns generais. Quando se questionou os riscos de contaminação numa sala de aula ouvi um alto responsável assegurar que não havia grande risco, já que os seus perdigotos dificilmente atingiriam os alunos da primeira fila. Ainda bem que as aulas foram suspensas, porque se acreditássemos nesse responsável a esta hora as escolas seriam hospitais.

Este inimigo mata usando uma nova estratégia de guerrilha, engana os nossos generais inoculando-lhes ignorância e levando-os a tomar decisões erradas, transforma os nossos familiares e amigos em soldados inimigos, coloca minas nos locais mais inesperados, dos óculos ao smartphone, do corrimão aos botões da braguilha.

E enquanto alguns responsáveis anda pulando de evidência em evidência científica ou inaugurando hospitais de campanha ou espalhando um otimismo que apenas serve para termos uma imensa vontade de passear, os inimigos vão-se multiplicando e instalando-se em todos os pontos de onde é mais fácil acertar-nos.

O inimigo pode ser o amigo, o político irresponsável, a senhora da limpeza descuidada. Esta guerra só será ganha com uma arma de destruição maciça, que é a vacina ou a cura. Mas a batalha que agora travamos e que determinará uma grande parte das vítimas que vamos sofrer nesta guerra será perdida se cada um de nós não for um bom soldado e se os nossos “generais” forem irresponsáveis, oportunistas ou incompetentes. O verdadeiro inimigo são os nossos maus soldados e os generais incompetentes.

quinta-feira, abril 02, 2020

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E CALDOS DE GALINHA

Desde há alguns dias que a DG Saúde recorre à expressão “evidências centíficas” para fundamentar todas as posições que assume. Compreende-se, passados mais de três meses de pandemia que de evidência em evidência tudo o que se diz num dia é desmentido uns dias depois.

A primeira evidência científica era a de que este coronavírus dificilmente era transmissível de pessoa para pessoa, podíamos estar tranquilos porque a moléstia dificilmente poderia chegar cá. Não se entendia como é que na China os infetados se multiplicavam de um dia para o outro sem transmissão pessoa a pessoa. Provavelmente na China era uma versão asiática do filme “Os Pássaros” de Alfred Hitchcock, com as aves a serem substituídas por morcegos.

Era mais do que óbvio, apesar das evidências científicas, que tinha de haver contágio pessoa a pessoa da mesma forma que haviam sérios motivos para recear que a epidemia poderia dar lugar a uma pandemia. Mesmo assim preferiram a evidência científica.

Quando perceberam que havia contágio pessoa a pessoa explicaram que eram só as gotículas, vulgo perdigotos, bastando espirrar para o cotovelo e ficar a uma metro. Depois o metro passou para dois metros, agora já admitem que nem todos os perdigotos são projetados para o chão pela força da gravidade, agora descobriram que há aerossóis.  

Quantas pessoas ficaram infetadas porque acreditaram, nas sucessivas evidências científicas?

Começa a ser óbvio que em vez de coinfiarmos nas tais evidências o melhor é seguir o provérbio popular segundo o quel "cuidados e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém".