Para a história local desta pandemia vai ficar o famoso
parecer do Conselho Nacional de Saúde a propósito de um eventual enceramento
das escolas, concluirão os sábios que "Só se justifica o encerramento
total ou parcial de estabelecimento de ensino público ou privado com
autorização expressa das autoridades de saúde", isto é, não defendiam tel
decisão e que isso era matéria dos médicos de saúde pública da equipa de Graças
Freitas e não do poder político.
Ainda bem que o governo decidiu contra os “cientistas” e
para ofensa de alguns destes sábios, de que deu conta a comunicação social,
optou pelo encerramento das escolas e logo de seguida por decretar o estado de
emergência. Para a história ficará uma explicação tranquilizante dada pelo
responsável da ARS de Lisboa, a propósito da contaminação de um professor. Do
alto da ciência aquele responsável garantia que mesmo com um professor contaminado
dificilmente os alunos seriam contagiados.
Ainda bem que o primeiro-ministro não deu ouvidos a esta
sapiência, senão a esta hora Portugal estaria a viver o mesmo drama que vive a
Espanha, a Itália ou os EUA. Só que se a Espanha e a Itália foram apanhados de surpresa
pela chagada da pandemia à Europa e os EUA são vítimas da estupidez trumpiana
que leva a que uma grande potência seja governada por arrotos, em Portugal
desgraça teria a chancela de sábios e das suas evidências científicas.
Começa a ser óbvio que algumas das evidências políticas não
passaram de asneiras, como a conclusão de que o vírus não se transmitiria entre
humanos, quando na China a doença se propagava a um ritmo nunca vista. A
evidência científica era tranquilizadora e apenas serviu para que nada fosse
feito, enquanto os responsáveis da saúde se tornaram vedetas televisivas.
Quando surgiu a famosa gripe das aves o governo tomou
medidas, enquanto os jornalistas andavam a ver os resultados das análises a
cada cegonha encontrada, todos os serviços públicos eram equipados com
numerosos dispensadores de gel desinfetante. Quando a doença chegou o país estava
preparado. Desdá vez os responsáveis da saúde tranquilizaram-nos, garantira que
aquilo não chegava aqui. Ironia do destino, nalguns serviços públicos o
desinfetante que foi utilizado foi o que estava guardado desde a gripe das aves
e com os casos a multiplicarem-se no país, nem sequer os funcionários da DG de
Registos e Notariado, que estavam nos balcões de atendimento para a emissão de
carões do cidadão dispunham de material desinfetante.
Ainda bem que António Costa mandou as evidência à fava e
fechou as escolas e que o Presidente da República, que parece que em matéria de
evidências dá mais atenção às evidências de bom sendo dos neto do que às
evidências dos responsáveis da saúde, pressionou para que fosse decretado o
estado de emergência, o que muito provavelmente salvou a vida a muitos
portugueses.