segunda-feira, abril 06, 2020

A EVIDÊNCIA CIENTÍFICA, A EVIDÊNCIA ARITMÉTICA E A EVIDÊNCIA POLÍTICA


Desde o primeiro caso de covid em Portugal que ministra da Saúde e DG da Saúde se desdobram informando que quem não está contaminado não precisa de usar máscara, bastando manter a distância, acrescentam mesmo que pode ser perigoso e contraproducente usar máscara. Fundamentam esta posição naquilo que referem como sendo as evidências científicas, uma coisa que já vimos ser como as verdades no futebol, o que é evidente cientificamente deixa de o ser uma semana depois.

Mas há também uma evidência aritmética, se apenas os infetados devem usar máscara para não contagiar terceiros e como é sabido que uma elevada percentagem de infetados que não chegam a ter qualquer sintoma e por isso nunca saberemos se estamos mesmo infetados. Mesmo que tenhamos feito o teste uma semana depois já poderemos estar a contagiar terceiros. Aqui entra uma segunda evidência científica, há um par de semanas era cientificamente evidente que sem sintomas não haveria contágio, hoje é cientificamente evidente que há contágio mesmo sem sintomas. Portanto, é uma evidência aritmético científico que se todos usarmos máscaras, aqueles que de entre nós estão contagiados não irão contagiar os outros. Até os netos de Marcelo Rebelo de Sousa souberam explicar isso ao avô, que quando vai às compras leva máscara.

É evidente que a ministra já começou a transição da evidência científica para o seu contrário, diz que tudo isto é dinâmico, ou seja, é mesmo como no futebol, o que é evidente hoje deixará de o ser amanhã.

Talvez não seja propriamente uma evidência científica, mas é óbvio que em Portugal não haviam máscaras suficientes para que além de confinados em casa os portugueses tivessem máscaras para os que trabalham fora de casa ou para quando se é obrigado a ir para a rua. Portanto, se alguém tivesse dito aos cidadãos que tinham de andar de máscara o país entrava em pânico e uma máscara seria bem mais cara do que um acessório da Cartier. Portanto a evidência científica dinâmica dá jeito.

Daqui resulta a evidência política que, perdoe-se a redundância, é evidente que nem o país, nem o SNS tinha stocks mínimos de equipamento de proteção. Poderão dizer que ninguém está preparado para este tipo de “guerra”. Pois, mas para as outras guerras parece que não faltam equipamentos e treinos militares, sinal de que os generais não se mudam, mas sempre há uns que são mais previdentes do que outros.

E por mais que uma tal Jamila Madeira, uma rapariga produto da JS que deve saber tanto de saúde como eu de lagares de azeite, mas que finalmente foi promovida a governante e arvorada no posto de secretárias de Estado e Adjunta da Saúde, se desdobra em idas ao aeroporto, onde com uma linguagem de transitário anuncia a chegada de mais um par de caixotes vindos da China. É pena que  só tenha descoberto estes dotes para a profissão de transitária já depois de estarmos naquela zona da curva onde o crescimento de casos é exponencial.