Desde o primeiro caso de covid em Portugal que ministra da
Saúde e DG da Saúde se desdobram informando que quem não está contaminado não
precisa de usar máscara, bastando manter a distância, acrescentam mesmo que
pode ser perigoso e contraproducente usar máscara. Fundamentam esta posição
naquilo que referem como sendo as evidências científicas, uma coisa que já
vimos ser como as verdades no futebol, o que é evidente cientificamente deixa
de o ser uma semana depois.
Mas há também uma evidência aritmética, se apenas os
infetados devem usar máscara para não contagiar terceiros e como é sabido que
uma elevada percentagem de infetados que não chegam a ter qualquer sintoma e
por isso nunca saberemos se estamos mesmo infetados. Mesmo que tenhamos feito o
teste uma semana depois já poderemos estar a contagiar terceiros. Aqui entra
uma segunda evidência científica, há um par de semanas era cientificamente
evidente que sem sintomas não haveria contágio, hoje é cientificamente evidente
que há contágio mesmo sem sintomas. Portanto, é uma evidência aritmético
científico que se todos usarmos máscaras, aqueles que de entre nós estão
contagiados não irão contagiar os outros. Até os netos de Marcelo Rebelo de
Sousa souberam explicar isso ao avô, que quando vai às compras leva máscara.
É evidente que a ministra já começou a transição da
evidência científica para o seu contrário, diz que tudo isto é dinâmico, ou
seja, é mesmo como no futebol, o que é evidente hoje deixará de o ser amanhã.
Talvez não seja propriamente uma evidência científica, mas é
óbvio que em Portugal não haviam máscaras suficientes para que além de
confinados em casa os portugueses tivessem máscaras para os que trabalham fora
de casa ou para quando se é obrigado a ir para a rua. Portanto, se alguém
tivesse dito aos cidadãos que tinham de andar de máscara o país entrava em
pânico e uma máscara seria bem mais cara do que um acessório da Cartier.
Portanto a evidência científica dinâmica dá jeito.
Daqui resulta a evidência política que, perdoe-se a
redundância, é evidente que nem o país, nem o SNS tinha stocks mínimos de
equipamento de proteção. Poderão dizer que ninguém está preparado para este
tipo de “guerra”. Pois, mas para as outras guerras parece que não faltam
equipamentos e treinos militares, sinal de que os generais não se mudam, mas
sempre há uns que são mais previdentes do que outros.
E por mais que uma tal Jamila Madeira, uma rapariga produto
da JS que deve saber tanto de saúde como eu de lagares de azeite, mas que
finalmente foi promovida a governante e arvorada no posto de secretárias de
Estado e Adjunta da Saúde, se desdobra em idas ao aeroporto, onde com uma
linguagem de transitário anuncia a chegada de mais um par de caixotes vindos da
China. É pena que só tenha descoberto
estes dotes para a profissão de transitária já depois de estarmos naquela zona
da curva onde o crescimento de casos é exponencial.