segunda-feira, janeiro 04, 2016

Cata-ventos e bandalhos

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Quando Passos Coelho usou a imagem do cata-vento para excluir o apoio a candidaturas presidenciais itinerantes acertou em cheio pois todos perceberam que havendo um único candidato da direita era a Marcelo que Passos Coelho se referia. Mas se em vez de usar o termo cata-vento tivesse usado bandalho ideológico não só voltaria a acertar como apanhava com o ricochete, já que quase toda a nossa direita é uma bandalhice económica.

Foram muitos poucos os políticos da direita portuguesa que tiveram a coragem de se assumirem claramente de um ponto de vista ideológico, a cobardia da dreita portuguesa levou a que no dia 25 de Abril todos tivessem virado a casaca, os mais ligados à brigada do reumática transformara-se de uma hora para a outra em democratas cristãos, os mais liberais travestiram-se em social-democratas, cada um disfarçou-se da melhor forma e em poucas horas até uma boa parte dos agentes da PIDE sempre tinham sido democratas, só foram para PIDE porque era um emprego como os outros.

No meio de toda esta bandalhice não admira que Marcelo Rebelo de Sousa presida à Fundação da Casa de Bragança e seja apoiado por monárquicos como Paulo portas na sua candidatura à Presidência da República. Nem Marcelo Caetano esperaria que o jovem filho do regime poderia ir tão longe numa democracia e ainda menos poderia Salazar imaginar que os seus livros autografados teriam tanto sucesso.

No meio desta bandalhice o especialista em luxosos jantares nas casas e iates dos banqueiros apesenta-se agora na cantina dos bombeiros de Sintra com uma marmita enfiada num saco de papel de uma loja, como se fosse uma dactilógrafa do Estado a caminho do emprego. Não admira que aquele que recorreu a Ricardo Salgado para convencer Cavaco a candidatar-se à Presidência da República renegue agora aquele que apoiou e que por sua escolha aconselhou fuja dele como o diabo da cruz.

Mas ninguém questiona o que será a Presidência da República com alguém que pensa em função das circunstâncias e defende hoje o que condenava ontem. A verdade é que Portugal não é como em Roma, onde não se apoiava os traidores. Aqui Marcelo renega os seus, namora a esquerda como se fosse uma prostituta política e sobe logo nas sondagens, até dizem que ganha no eleitorado do PCP.

Os portugueses não estão a perceber muito bem o que será um país em instabilidade permanente provocada por alguém que não consegue ter a mesma opinião durante mais de uma semana, que em público anda de marmita e em privado prefere o luxo dos banqueiros, que na rua se junta aos pobres, mas prefere que a companheira seja administradora do BES. O portugueses ainda não perceberam que o que Marcelo é o bandalho e a dar voltas como um cata-vento vai ser um país quando na Presidência estiver alguém tão errático, imprevisível, incoerente e sem valores como é o Marcelo.