Foi assim que uma deputada do PS no Parlamento Europeu
tratou um criminosos que violou a informação de uma entidade privada e muito
provavelmente a cedeu ou vendeu para que esta fosse usada numa guerra travada entre
clubes de futebol. Nunca imaginei ouvir alguém com responsabilidades políticas
defender que uma violação da privacidade tornava o seu autor numa espécie de
herói nacional.
Às vezes ficamos arrependidos de termos votado neste ou
naquele partido, em consequência das políticas que depois são seguidas. Neste
caso senti algo mais forte, é como quem viu a sua casa assaltada ou o seu carro
roubado e depois sentisse nojo de entrar em casa ou no carro. É um fenómeno
muito comum, sente-se repulsa por se sentir a presença de quem nos roubou. Foi
assim que me senti quando ouvi a Dra. Ana Gomes referir-se a um bandido que
viola a vida privada de quem bem entende como se fosse alguém útil à
democracia. É uma sensação de repulsa e não consigo evitar a sensação de nojo
sempre que vejo essa senhora.
Sinto vergonha que alguém que se diz de esquerda defender a
utilidade de termos hackers a fazer aquilo que noutros momentos recusamos às
entidades da justiça. Isto é, recusamos, e muito bem, ao Ministério Público ou
às polícias a violação da privacidade feita de forma indiscriminada e sem
qualquer controlo por parte de um juiz e sem que esteja em causa um crime grave
para o qual existem fortes indícios, para depois dizermos que um bandido que o
faz a quem bem entende para depois colocar tudo na comunicação social ou em
páginas das redes sociais, como sendo um herói.
Há limites para a loucura, para a pornografia política ou
para o desejo de protagonismo, por parte de quem tem medo de desaparecer. E o
limite neste caso são os valores e princípios de que se diz ser militante. Se
os defensores destes rapazes com aptidões fossem candidatos a deputados pelo
Chega ou por qualquer partido da extrema direita eu não teria a estranha
sensação de nojo por causa de um voto.
O que dirá a ex-deputada das suspeitas de que o seu rapazola poderá ter entrado nas mensagens trocadas entre procuradores? Aposto que sobre isto a destemida política vai ficar caladinha que nem um rato.