quinta-feira, junho 27, 2019

UM RAPAZ COM APTIDÕES


Foi assim que uma deputada do PS no Parlamento Europeu tratou um criminosos que violou a informação de uma entidade privada e muito provavelmente a cedeu ou vendeu para que esta fosse usada numa guerra travada entre clubes de futebol. Nunca imaginei ouvir alguém com responsabilidades políticas defender que uma violação da privacidade tornava o seu autor numa espécie de herói nacional.

Às vezes ficamos arrependidos de termos votado neste ou naquele partido, em consequência das políticas que depois são seguidas. Neste caso senti algo mais forte, é como quem viu a sua casa assaltada ou o seu carro roubado e depois sentisse nojo de entrar em casa ou no carro. É um fenómeno muito comum, sente-se repulsa por se sentir a presença de quem nos roubou. Foi assim que me senti quando ouvi a Dra. Ana Gomes referir-se a um bandido que viola a vida privada de quem bem entende como se fosse alguém útil à democracia. É uma sensação de repulsa e não consigo evitar a sensação de nojo sempre que vejo essa senhora.

Sinto vergonha que alguém que se diz de esquerda defender a utilidade de termos hackers a fazer aquilo que noutros momentos recusamos às entidades da justiça. Isto é, recusamos, e muito bem, ao Ministério Público ou às polícias a violação da privacidade feita de forma indiscriminada e sem qualquer controlo por parte de um juiz e sem que esteja em causa um crime grave para o qual existem fortes indícios, para depois dizermos que um bandido que o faz a quem bem entende para depois colocar tudo na comunicação social ou em páginas das redes sociais, como sendo um herói.

Há limites para a loucura, para a pornografia política ou para o desejo de protagonismo, por parte de quem tem medo de desaparecer. E o limite neste caso são os valores e princípios de que se diz ser militante. Se os defensores destes rapazes com aptidões fossem candidatos a deputados pelo Chega ou por qualquer partido da extrema direita eu não teria a estranha sensação de nojo por causa de um voto.

O que dirá a ex-deputada das suspeitas de que o seu rapazola poderá ter entrado nas mensagens trocadas entre procuradores? Aposto que sobre isto a destemida política vai ficar caladinha que nem um rato.