O BE esteve negociando o OE com o objetivo de levar o
governo a ceder em medidas que tornassem esse orçamento mais de acordo com os
calores que aquele partido entende serem norteadores de uma política orçamental
de esquerda? Ou, em vez disso, limitou-se a jogar, usando as negociações como
forma de conseguir protagonismo, sabendo de antemão que ia votar contra, o que
lhe permitia exigir cada vez mais para que as negociações acabassem numa
rotura?
Por outras palavras, o BE estava negociando de boa fé ou
usando um instrumento de política económica tão importante como o OE para fazer
um jogo político que pode ser considerado um jogo sujo?
Se me tivessem pedido para apostar no primeiro dia das
negociações teria apostado na segunda hipótese, o que move o BE são as
sondagens e os resultados eleitorais e julgando que o país quer que o Novo
Banco vá à falência apostou tudo na rotura fazendo exigências cada vez mais
inaceitáveis.
Começou por tentar fazer chantagem sobre a política
orçamental para impor o seu programa ao nível laboral. Até encheu o país de
cartazes populista exigindo que as empresas fossem proibidas de gerir recursos
humanos enquanto tivessem lucros, mas parece que deixou cair esta bandeira.
Restou-lhe a chantagem do Novo Banco, tudo isso de pois de ter levado a incluir
no OE algumas das suas medidas.
O jogo era evidente, mesmo que o BE venha a perder esta jogado,
poderia vir a dizer que não se tinha juntado à direita e como prova disso
estavam as medidas orçamentais que foram da sua iniciativa. A isto chama-se
jogo sujo.
A leviandade como o BE negociou o mais importante orçamento
de Estado das últimas décadas, como se um OE desta importância fosse uma mera
brincadeira, servindo para jogos políticos pouco sérios é impressionante. Com
um país à beira de um colapso sanitário, económico e social, o BE preocupa-se
mais com 2% a mais ou a menos nas próximas sondagens.
Enfim, é com políticos destes que um imbecil como o André
Ventura até parece um grande político aos olhos dos idiotas.