Muito mais grave do que a contratação de um primo para
assessor de um gabinete governamental é o que se pode passar em muitos
concursos de admissão de funcionários públicos. Isso quando há concursos, já
que no caso dos precários muitas escolhas feitas sem qualquer procedimento
concursal obedeceram a critérios políticos ou familiares e agora passam à
frente de outros cidadãos com dispensa de qualquer concursos. Basta ir a algumas
autarquias para se perceber como muitos jotas e afilhados foram promovidos a
funcionários autárquicos.
Encontrar primos e conhecidos nos gabinetes ministeriais de
qualquer governo, a começar pelos do Cavaco Silva, é fácil. Desses até sabemos
qual foi o critério da escolha, o pior é quando os laços são bem mais perigosos
e não são identificáveis pelo apelido. Se aprofundarem as investigações vão
encontrar muitos representantes de escritórios de advogados em gabinetes
sensíveis, senão mesmo secretários de Estado escolhidos por grupos, basta
olharem com cuidado para o governo de Passos Coelho.
Os governos não são centros de emprego onde deve
respeitar-se o princípio da igualdade no acesso dos cidadãos aos cargos
governamentais. O primeiro-ministro, os ministros e secretários de Estado
escolhem quem bem entenderem, se escolherem incompetentes, irresponsáveis ou
corruptos sofrerão as consequências nas eleições, se nada de grave se souber
antes.
Ter míni conselhos de ministros familiares merece um sorriso
e não parece ser um modelo de republicanismo. Mas se não gosto da escolha dos
ministros da Administração Interna e da ministra do Mar não é porque são marido
e esposa, não sinto uma especial sobre as duas personagens e não foi o casamento
que as melhorou ou piorou.
Mas é bom que toda o PSD se dedique a estas questões, é
sinal de que o Centeno fez um bom trabalho e o Rui Rio não tem muito com que se
preocupar. Como o PSD tem uma certa mania de salvador da pátria isso significa
que podem ser dispensados para a próxima legislatura.