sexta-feira, novembro 06, 2020

O RIO TRANÇÃO DA POLÍTICA

Um acordo de Rui Rio com o André Ventura é muito estranho e só se entenderia se o líder do PSD estivesse convencido de que o André Ventura ainda é militante do PSD e só foi ao Chega fazer uns programas, como se fosse a CMTV. Mas um acordo de um partido que transporta o selo de social-democrata com um outro partido cujo símbolo lógico devia ser um canivete de capar é muito estranho.

Com muito boa vontade poderia aceitar um acordo com vista à adoção de instruções de utilização de papel higiénico ou sobre outro tema que nada tenha que ver com a política, mas um acordo político para viabilizar um governo aceitando ficar na mão de alguém sem escrúpulos como o André Ventura? Bem, não é difícil de perceber quem vai acabar por ficar capado.

Mas este negócio entre o Rio e o André é mais perverso do que parece. O Rui Rio diz-se social democrata e aceita reduzir os apoios sociais a metade. E como se isso não bastasse Rio aceita representar o Chega dando-lhe poderes de revisão constitucional, aceitando apresentar uma proposta de revisão assinada pelo André Ventura.

Rio até pode dizer que o PSD também propõe reduzir os deputados. Mas confundir uma redução de deputados num quadro de gestão da democracia é bem diferente de reduzir deputados porque para os fascistas  estes são uns inúteis.

E como se tudo isto fosse pouco, ainda faz figura de urso deixando ao Chega o anúncio desta vergonha, subalternizando-se perante um pequeno partido de extrema-direita.

Se Rio tivesse vergonha na cara demitia-se do PSD e reformava-se da política. Este Rio é um Rio de estupidez, está para a política como o Alviela de outros tempos estava para o ambiente, é uma espécie de Rio Trancão da democracia.