quinta-feira, agosto 01, 2013

A mentirita

Num país onde se mente, onde é necessário nascer meia dúzia de vezes na tentativa vã de ser mais honesto do que Cavaco Silva, convenhamos que a mentirita da Maria Luís nem sequer tem grande gravidade. Se a Maria Luís fosse demitida por causa da sua ou sua mentiritas o coitado do homem de Massamá até perderia a nacionalidade.

Enquanto se discute a questão semântica da narrativa de Maria Luís, um argumento usado por um conhecido alarve que escreve no Jornal de Negócios e de vez em quando dá ares de comentador económico com um QI ligeiramente acima do do orangotango, ninguém reparou na facilidade com que o marido da senhora arranjou emprego na EDP, um daqueles empregos maravilhosos em que nada fazemos e nos mandam o vencimento para casa.
  
Não se discute também se a senhora está à altura da pastas e se o facto de ter conseguido convencer alguns especuladores internacionais a comprar dívida portuguesa a mais de 5% é suficiente para assegurar que a senhor sabe o que quer que seja de política económica ou de política orçamental. A verdade é que a senhora tem uma licenciatura em gestão numa dessas universidades em que o diploma tem desconto no cartão Continente, mais um mestrado em questões monetárias ou, para ser mais preciso, nessa coisa dos derivados, de que a senhora nada sabia nem tinha ouvido falar.
  
Se a oposição fosse inteligente até teria agradecido a Passos a escolha da Maria Luís e a Cavaco o factpo de ter dado posse entre dois carapaus alimados, em termos intelectuais esta senhora é uma sombra do Gaspar e se o antecessor errava nas previsões a actual ministra nem as vai conseguir fazer. 
  
Mas já que é de mentiras que se fala o mais grave da mentirita da Maria Luís não está na dimensão, na semântica ou na eventual diferença entre o que disse e o que queria dizer, está sim no facto de ter sido um pequeno golpe sujo. A Maria Luís não terá mentido para se defender ou para entreter a populaça, o que fez foi tentar passar a outros responsabilidades que eram suas e isso é bem mais grave do que mentir.

Mas, por favor, mantenham a Maria Luís no lugar.
 
PS: O bom exemplo do Cavaquismo

O governo de Sócrates devia ter seguido o exemplo de Cavaco, o homem a quem bastou nascer uma vez para ser o modelo de virtudes que todos conhecemos. Quando o falecido Sousa Franco chegou ao ministério das Finanças não haviam pastas, ficheiros com os dados do OE, os computadores tinham apenas o sistema operativo e as etiquetas dos telefones tiram sido trocadas pelos que nos primeiros dias não se conseguia fazer um telefonema para o número pretendido.
  
Compare-se com o que se vai dizendo sobre a passagem de dossiers entre os governso de Sócrates e de Passos Coelho.