quinta-feira, agosto 01, 2013

Votar bem nas autárquicas

Em Portugal tornou-se uma verdade quase absoluta a de que o mundo das autárquicas é um mundo de gente exemplar dedicada à causa pública, empenhada no bem comum e gastando o dinheiro de forma mais eficaz. Mentira, o mundo das autarquias significa em muitas terras deste país corrupção, incompetência, populismo, oportunismos, jogos sujos, caciquismo e esbanjamento de dinheiro.
 
Na minha terra o PCP ajudou o PSD a chegar ao poder numa autarquia onde nunca um responsável da direita pensou ser possível, Mete uma história estranha de reuniões secretas, de candidatos independentes, de pequenas trocas e Monte Gordo, um bastão do PCP mais sólido do que o Alentejo votou obedientemente do candidato da direita, lembrando os famosos sapos engolidos quando Soares venceu Freitas do Amaral nas eleições presidenciais.
 
Por estranho que pareça tal aliança entre o PCP e o PSD não o é, o ódio ideológico do PCP ao PS leva a que quer ao nível nacional, quer ao nível autárquico o PCP seja um candidato bem mais sólido do PSD do que se tem revelado o CDS. Mas no caso da minha terra a candidatura apresentada pelo PS era de ir ao vómito e vómito por vómito o diabo que escolha.
 
O PS é um partido monárquico, ali ser filho de uma personalidade de peso é sinal de uma carreira fácil, ter sangue azul coloca estes jovens acima da carne seca. Não admira que na minha terra seja candidato do PS o filho do senhor que governou tão bem a autarquia que a entregou à direita. Mas no PS a vontade do povo pouco conta para a nobreza por lá instalada, o que conta são os laços familiares, de clã, a notoriedade resultante dos favores passados. Ter feito um grande favor a Almeida Santo é garantia de poder até à quinta geração.
 
Escolho a minha terra como exemplo repelente, mas a verdade é que esse exemplo é generalizado, uma boa parte das candidaturas autárquicas apresentam sinais óbvios de podridão, mas mesmo assim os partidos insistem nelas. Por isso é muito difícil votar nas autárquicas de acordo com as convicções, os princípios e os projectos, o mais certo é sermos obrigados a votar no menos mau, no menos corrupto ou menos podre.
 

Por mais se aumente o divórcio entre o povo e os partidos estes são incapazes de inverter esta tendência, a corrupção, os compadrios e os jogos sujos são mais fortes. Resta-nos votar o menos mal possível.