Quando se programa uma greve de forma a tornar inoperacionais
os bancos de cirurgia dos maiores hospitais do país têm-se objetivos e entre
eles não está penalizar o patrão, pretende-se provocar prejuízos e neste caso
os prejuízos são mortes. A expectativa é que morra gente para que as notícias
se virem contra o governo, forçando-o a ceder. Não admira que os jornalistas já
tenham perguntado ao bastonário da Ordem dos Médicos se considerava que já
havia gente a morrer em consequência da greve.
Não é a primeira vez que setores da nossa extrema-direita
fina não conseguem esconder o desejo de ver mortos para os trocar por votos.
Passos Coelho não resistiu à tentação de comprar falsos mortos por suicídio em
Pedrógão, para tentar ressuscitar politicamente. As lágrimas de alguns
políticos perante mortos politicamente rentáveis não passam de lágrimas de
crocodilo.
Não admira que toda a direita seja mais solidária com a
greve dos enfermeiros do que o PCP costuma ser com as greves da CP, há um claro
envolvimento de setores de direita nesta greve e já nem vale a pena referir essa
personagem que é a bastonária da classe, que, aliás, anda muito escondida não
vá alguém achar que o seu partido e principalmente os setores mais à direita do
seu partido estão metidos.
Mas esta greve teve outra originalidade, está sendo
financiada por gente anónima e em muito pouco tempo o “peditório” conseguiu a
proeza de alcançar mais de 300 mil euros. Quem os deu, o cidadão anónimo, os
enfermeiros não envolvidos na greve ou as empresas privadas de saúde que estão
ganhando com os cidadãos que fogem de um SNS que está sendo destruído pelos enfermeiros?
É muito estranho que ninguém exija que sejam tornados públicos os generosos
doadores.