Estes três anos poderiam ter sido preciosos para o futuro da esquerda em Portugal, o governo demonstrou que é possível o equilíbrio orçamental sem que este seja conseguido à custa da perda de rendimentos dos trabalhadores, os trabalhadores perceberam que a melhor forma de aumentar os seus rendimentos é a promoção do crescimento económico e tanto trabalhadores como patrões perceberam que tinham muito mais a ganhar com a estabilidade social.
As próximas eleições deveriam ser um passeio para a esquerda, a única dúvida seria a dimensão da vitória. Os eleitores mais conservadores deixaram de recear uma aliança à esquerda, os eleitores do PCP e do BE deixariam de se sentir atraídos pela tentação do voto útil, a direita aprenderia uma lição de que nem tão cedo se esqueceria. O país continuaria imune às tentações da extrema-direita e do seu populismo.
Mas o medo do PCP de perder votos para o BE e o receio dos dois partidos de ficarem com menos protagonismo levou-os à loucura. A luta entre estes dois partidos é uma luta de vida ou de morte e a única coisa que os une é um ódio histórico ao PS, que os leva a tentar derrotar este partido, mesmo que isso traga a direita de volta.
Chegam ao ridículo de o governo que mais promoveu a distribuição equilibrada de rendimentos enfrentar a maior crise laboral na história da democracia. O governo que mais dialogou e maior protagonismo deu aos sindicatos é o que mais dificuldade tem para se entender com eles. E como se tudo isto fosse pouco a direita une-se à esquerda conservador promovendo uma greve onde os grevistas são financiados para que destruam o Serviço Nacional de Saúde. Mas como a prioridade é impedir uma maioria absoluta do PS tudo vale.
É triste mas é verdade, de nada serviram as lições acima referidas, até parece que a esquerda conservadora é burra que nem uma porta e precisa que a Troika regresse para aprender de vez, isso se em vez da troika não aparecer um qualquer populista da extrema-direita e em pouco tempo tanto o PCP como o BE correm um sério risco de desaparecer com o seu eleitorado a fazer o mesmo que os eleitores do PCF, aderindo ao candidato a ditador que está na moda.
Esta parece ser a lição que a esquerda conservadora merece aprender e o mais certo é que a aprenda esta com uma facilidade com que não aprendeu as anteriores. Estão mesmo a pedi-las.