quinta-feira, setembro 06, 2018

MEDALHAS


Segundo o Ministério Público o Benfica terá obtido resultados graças à violação do segredo de justiça. Se levarmos a acusação a sério, bem como aquilo que por aí se diz, só com o Caso Marquês haveria na justiça quem tivesse mais medalhas olímpicas do que o Michael Phelps. Aliás, se as violações do segredo de justiça servissem para favores nas competições olímpicas, com tanto doping que escorre nas nossas redacções Portugal teria ocupado o lugar de destaque que foi deixado vago pela extinta RDA.

O curioso é que depois de termos ouvido a Maria José Morgado vir dizer que não usava o Citius e tranquilizar-nos porque os magistrados não colocavam os processos mais importantes no sistema, por não confiarem nele, eis ficamos a saber que para azar do Benfica os magistrados do caso dos e-mails confiavam no Citius. Enfim, é mesmo um azar dos Távoras e agora, por causa de umas camisolas, alguns magistrados propõem que um dos maiores clubes do mundo seja destruído.

Tudo isto acontece a poucos dias de o governo tomar uma decisão sobre quem será a personalidade a ficar com o cargo que nos últimos anos se tornou o mais poderoso do país, um cargo cujo titular pode levar à prisão de ex-governantes e até mesmo à perseguição de presidentes estrangeiros. O mais curioso é que há quem defenda que é precisamente porque o cargo ganhou esta dimensão política que a actual procuradora seja reconduzida.

Acontece que estes deviam ser os melhores argumentos para não reconduzir alguém. Se durante um mandato de um Procurador-Geral for destruída a democracia esse mesmo procurador pode sentir-se tentado a pensar que não só é ele que decide quem pode governar como pode escolher quem governa. Mandaria o bom senso que qualquer nome que suscitasse tantos apoios de um mesmo sector político deve ser excluído da escolha para tal cargo.

Reconduzir a actual procuradora-geral ou nomear para o cargo algum dos seus braços direitos seria mau para a democracia.