Segundo o Ministério Público o Benfica terá obtido
resultados graças à violação do segredo de justiça. Se levarmos a acusação a
sério, bem como aquilo que por aí se diz, só com o Caso Marquês haveria na
justiça quem tivesse mais medalhas olímpicas do que o Michael Phelps. Aliás, se
as violações do segredo de justiça servissem para favores nas competições
olímpicas, com tanto doping que escorre nas nossas redacções Portugal teria
ocupado o lugar de destaque que foi deixado vago pela extinta RDA.
O curioso é que depois de termos ouvido a Maria José Morgado
vir dizer que não usava o Citius e tranquilizar-nos porque os magistrados não
colocavam os processos mais importantes no sistema, por não confiarem nele, eis
ficamos a saber que para azar do Benfica os magistrados do caso dos e-mails confiavam
no Citius. Enfim, é mesmo um azar dos Távoras e agora, por causa de umas camisolas,
alguns magistrados propõem que um dos maiores clubes do mundo seja destruído.
Tudo isto acontece a poucos dias de o governo tomar uma decisão
sobre quem será a personalidade a ficar com o cargo que nos últimos anos se
tornou o mais poderoso do país, um cargo cujo titular pode levar à prisão de
ex-governantes e até mesmo à perseguição de presidentes estrangeiros. O mais
curioso é que há quem defenda que é precisamente porque o cargo ganhou esta
dimensão política que a actual procuradora seja reconduzida.
Acontece que estes deviam ser os melhores argumentos para
não reconduzir alguém. Se durante um mandato de um Procurador-Geral for
destruída a democracia esse mesmo procurador pode sentir-se tentado a pensar
que não só é ele que decide quem pode governar como pode escolher quem governa.
Mandaria o bom senso que qualquer nome que suscitasse tantos apoios de um mesmo
sector político deve ser excluído da escolha para tal cargo.
Reconduzir a actual procuradora-geral ou nomear para o cargo
algum dos seus braços direitos seria mau para a democracia.