É uma tradição portuguesa, quando não sabemos o que fazer
entretemo-nos a fazer colheres de pau, dão sempre jeito. É mais ou menos o que
acabou de fazer Rui Rio com os seus cenários macroeconómicos, apresentados de
forma pobre e às prestações, para fazer render um pouco mais na comunicação
social. Chega a ser ridículo passar dias brincando ao gato e ao rato com a
comunicação social, escondendo as suas grandes propostas fiscais.
Desta vez o Marco António não fez 29 perguntas sobre os
cenários e ninguém se lembrou de exigir a avaliação da UTAO e muito menos do
Conselho de Finanças Públicas. Aliás, nem fizeram perguntas, nem deram muitas
explicações e é bem provável que venham a ter tanto sucesso com esta ideia como
tiveram com todas as que têm copiado ao PS.
E o que é que propõe Rui Rio com base nos seus aturados
cenários macroeconómicos? Nada mas, nada menos do que já tinha prometido Durão
Barroso com seu apregoado choque final, mas depois de tanta eletrocussão já
ninguém liga a choques, até porque todos sabemos que não passam de propostas
que visam apenas enganar os que insistem ser papalvos.
Rui Rio está perdido, irremediavelmente perdido e nem o Cavaco
o ajuda ao aparecer a dizer disparates como aquela de que não era amigo do
Salgado mas se tivesse havido alguma gorjeta de centenas de milhares de euros,
que perguntassem ao pobre do Vasco Valdez, que deve ter dado um pulo no sofá,
na sua casa da Ericeira.
A verdade é que dois ou três dias depois do anúncio do choque
fiscal já ninguém se recorda do tremelique que a coisa provocou, até porque
depois de uma campanha nas europeias inteiramente dedicada às legislativas, era
suposto que estava tudo dito. O que importa agora é que este arrefecimento global
passe e a água da praia esteja quentinha, porque Rui Rio decidiu começar a
pré-campanha para as legislativas com um disparate.