quinta-feira, julho 18, 2019

OS NOVOS ECONOMISTAS


Quem ouviu Rui Rio apresentar o seu programa fiscal fica com a impressão de que a política económica se resume a uma questão de impostos, tira-se daqui, mete-se ali e a economia cresce milagrosamente e ao crescer gera mais impostos do que antes se cobrava e tudo resolvido, nada mais fácil. Se alguém um pouco mais chato questiona se o crescimento resulta de investimento tecnológico o problema resolve-se, arranja-se um benefício fiscal que favoreça o investimento tecnológico.

Os fiscalistas, normalmente formados em direito e convencidos de que têm vocação para economistas têm soluções para todos os males da economia. Com a crise financeira, que obrigou a que num espaço muito curto se cortassem despesas e fossem geradas receitas, criou-se a ilusão de que a solução de todos os males estaria na política fiscal.

Não importa se os recursos humanos disponíveis no mercado de trabalho são escassos e não correspondem â procura, não interessa se o crescimento consegue-se à custa da venda de bitoques ou da exportação de mercadorias com elevado valor acrescentado. Apenas interessa se as receitas fiscais crescem com a ilusão de diminui a carga fiscal sobre as empresas, depois a mão invisível faz o resto. A política económica fica reduzida à política fiscal e este deve ser desenhada para uma boa gestão da máquina que cobra impostos.

De fora fica uma infinidade de questões que no seu conjunto formam uma política económica e que vão desde as políticas ambientais à política de preços, da concorrência à política industrial, da saúde ao mercado laboral. Tudo isso são coisas sem interesse ou meras despesas públicas, a política económica faz-se apenas com IRC, IRS, IVA e IMI.

Não admira que poucos dias depois de ter apresentado a política fiscal que nos resolveria todos os males, Rui Rio apresentou as suas propostas ambientais, parecendo que eram neutras do ponto de vista da economia. Isto é, um dos grandes motores da economia nesta primeira metade do século XXI ficou reduzido a um par de medidas simpáticas destinadas a conquistar os votos dos que estão mais preocupado com as questões ambientais, mas sem grandes preocupações económicas.

Quase aposto que Rui Rio nada vai dizer sobre políticas industriais, vai reduzir a política de transportes à linha verde do Metro de Lisboa ou ao problema da UBER e dos camionistas de matérias perigosas e quanto ao mercado de trabalho vai ignorar as questões do ensino e da saúde, reduzindo-as a um problema de relação entre aumentos salariais e crescimento económico.

Enfim,. Por este andar ainda vamos ter um TOC em prémio Nobel da Economia.