Um cidadão regressa do Japão onde esteve internado e tem à
sua espera no aeroporto um secretário de Estado da Saúde e uma secretária de
Estado das Comunidade. Encontra-se com a esposa, segue levando a bagagem e
atrás deles vem a pequena comitiva governamental, até que chegam ao local
combinado, onde cuidadosamente estavam as bandeirinhas para tirarem a
fotografia.
Mas que raio de espetáculo foi este, o que foram fazer dois
membros do governo ao aeroporto? Se fizeram alguma coisa não fizeram mais do
que o seu dever, é para isso que têm chefe de gabinete, um enxame de
assessores, motoristas, telefonistas, auxiliares, direções-gerais, institutos e
muito dinheiro para que nos seus gabinetes haja muito mais conforto do que numa
escola. Não se percebe que tenham decido cobrar o que fizeram perante todo o
país!
Sejamos honestos, é ridículo ver membros do governo a
aproveitarem-se destas situação para aparecerem em fotografia, com ar de quem
salvou o homem e a quem todos devemos ficar agradecidos. Mas será que em plena
crise o trabalho daquele secretário de Estado da saúde é ficar com cara de pau
nas conferências de imprensa e fazer-se às fotografias?
Do outro lado da cidade, em Cascais o espetáculo foi outro.
Um Presidente que decidiu bater o recorde mundial de beijinhos e selfies, que
se aproveita da treta dos afetos para promover a sua imagem até ao ridículo decide
ficar em quarentena e gastar testes só porque houve uma probabilidade muito
remota de poder ter estado na mesma sala com algum jovem portador do vírus na
fase assintomática.
Sejamos honestos, se todos os portugueses que verificassem
esta situação estariam de quarentena a começar na ministra da Saúde que esteve numa
reunião coma sua colega inglesa, bem como um colega meu que estava uma fila
atrás no avião em que a ministra regressou de Bruxelas , eu próprio porque tomei
café com esse colega, todos os que tiveram comigo e por aí adiante, começando
por membros do governos, motoristas, familiares e ministros da ministra, etc. etc. Ainda bem que o Reino Unido saiu da UE, senão ficávamos sem governo....
Mas mesmo em quarentena o Presidente não resistiu ao vício
da fama e de ser o centro das atenções, foi à varanda nas traseiras da casa e
já lá estava uma jornalista para o entrevistar... Não teria sido melhor o
Presidente da República usar o seu poder de comunicação e dar alguns conselhos
aos portugueses, acabando com essa treta dos afetos e da quarentena? Não seria
melhor se alguns governantes se preocupassem mais com o raio do vírus do que
com a sua imagem?