quinta-feira, março 05, 2020

A BATALHA PERDIDA


A reação ao risco de uma pandemia deve ser feita a pensar na doença e não na imagem dois responsáveis e a verdade é que até há poucas horas parece que há muita gente a ignorar o que pode vir aí e que está mais preocupada em obter ganhos na sua imagem. O caso mais ridículo foi protagonizado por uma ministra da Agricultura que mostrou não saber nada do setor e ter valores éticos muito originais.

Um exemplo desta estratégia de comunicação correu no Algarve. Depois de mais uma vez um governo ignorara a urgência de um novo hospital no Algarve, os responsáveis do ministério desdobraram-se em visitas e referências ao hospital universitário de Faro, uma unidade de saúde a rebentar pelas costuras. A secretária Adjunta e da Saúde Jamila Madeira, uma ex-líder do PS e estudou economia, foi de propósito ao Algarve fazer uma encenação, assegurando que tudo estava pronto para o coronavirus. No dia seguinte dois doentes de VRSA com suspeitas de serem portadores do vírus foram para a Lisboa.

Qualquer pessoa de bom senso sabe que esta é uma batalha perdida para qualquer governo, basta surgir uma centena de casos suspeitos para que se entre em pânico, um pânico que durante semanas parece ter sido promovido de forma mais ou menos irresponsável, isso depois de o problema ter sido ignorado, com a senhora da agricultura ver nele uma boa oportunidade para vender carne de suíno para a China.

Qualquer governo teria de preparar a resposta do sistema de saúde e pensar também na comunicação, mais pela gestão da opinião pública face a uma crise do que para dar ares de grande competência deste ou daquele representante do Estado. Perante uma situação desta seria mais inteligente o governo preparar-se para o pior do que para o melhor, pensando que a pandemia passaria ao lado e que tal se deveria às conferências de imprensa diárias, dadas em função das conveniências uma diretora-geral mandada para a frente ou pela ministra.

Foi um erro e o próprio Marcelo já percebeu o que pode vir aí e até agradece que seja o primeiro-ministro a chamar a si os afetos, beijinhos e selfies.