A reação ao risco de uma pandemia deve ser feita a pensar na
doença e não na imagem dois responsáveis e a verdade é que até há poucas horas
parece que há muita gente a ignorar o que pode vir aí e que está mais
preocupada em obter ganhos na sua imagem. O caso mais ridículo foi
protagonizado por uma ministra da Agricultura que mostrou não saber nada do
setor e ter valores éticos muito originais.
Um exemplo desta estratégia de comunicação correu no
Algarve. Depois de mais uma vez um governo ignorara a urgência de um novo hospital
no Algarve, os responsáveis do ministério desdobraram-se em visitas e
referências ao hospital universitário de Faro, uma unidade de saúde a rebentar
pelas costuras. A secretária Adjunta e da Saúde Jamila Madeira, uma ex-líder do
PS e estudou economia, foi de propósito ao Algarve fazer uma encenação,
assegurando que tudo estava pronto para o coronavirus. No dia seguinte dois
doentes de VRSA com suspeitas de serem portadores do vírus foram para a Lisboa.
Qualquer pessoa de bom senso sabe que esta é uma batalha
perdida para qualquer governo, basta surgir uma centena de casos suspeitos para
que se entre em pânico, um pânico que durante semanas parece ter sido promovido
de forma mais ou menos irresponsável, isso depois de o problema ter sido
ignorado, com a senhora da agricultura ver nele uma boa oportunidade para
vender carne de suíno para a China.
Qualquer governo teria de preparar a resposta do sistema de
saúde e pensar também na comunicação, mais pela gestão da opinião pública face
a uma crise do que para dar ares de grande competência deste ou daquele representante
do Estado. Perante uma situação desta seria mais inteligente o governo
preparar-se para o pior do que para o melhor, pensando que a pandemia passaria
ao lado e que tal se deveria às conferências de imprensa diárias, dadas em
função das conveniências uma diretora-geral mandada para a frente ou pela
ministra.
Foi um erro e o próprio Marcelo já percebeu o que pode vir
aí e até agradece que seja o primeiro-ministro a chamar a si os afetos,
beijinhos e selfies.