Quem é que não conhece a libelinha que a Dra. Graças Freitas,
diretora-geral da Saúde, costuma ostentar nas suas camisolas? Graças ao pânico generalizado
em relação ao coronavírus esta senhora tornou-se na maior vedeta da televisão
portuguesa.
Tudo começou com a ministra a transformar o regresso de
cidadãos da China numa grande oportunidade para ganhar uns pontitos para a sua
imagem cada vez mais desgastada. Juntou um conjunto de secretários de Estado em
reapresentação de cada ministério envolvido na viagem, para que ninguém ficasse
prejudicado, e organizou uma conferência de imprensa com intervenções todas
certinhas e combinadas, encenação em que a ministra foi a amestra.
Uns dias depois, as suas conferências começaram a parecer
cada vez mais ridículas, deixando na sua diretora-geral o papel de divulgar
diariamente os boletins de saúde. A senhora gostou tanto da notoriedade
conseguida que nunca mais largou as televisões. Se a ministra da Saúde quase
ignorou os problemas nos primeiros dias, enquanto a ministra da Agricultura
aproveitava para exibir a sua ignorância e falta de valores éticos, a diretora-geral
da Saúde viu uma oportunidade de disputar o protagonismo de Marcelo Rebelo de
Sousa, que também já fez a sua perninha em matéria de diagnósticos e boletins
clínicos.
Só que a senhora diretora-geral da Saúde já foi longe demais,
percebendo que quanto mais pânico houvesse mais ela seria famosa, desatou a
deitar números para a comunicação social, o Expresso avançava com uma previsão
de um milhão de contagiados. Poucas horas depois a senhora viu o disparate e ainda
muita gente não tinha virado a primeira página do semanário e já a senhora
aparecia a corrir, fazendo correções, que o número era outro, que aquilo não
era uma previsão mas sim um cenário.
Entretanto, parece que o SNS descobriu que os WC podem ser
convertidos em sala de “isolamento” e já há gente a fechar escolas porque uma
criança foi a Milão. E tudo isto mereceu a compreensão da senhora diretora-geral
que nunca ouviu o Rei Juan Carlos dizer a sua famosa frase, “¿Por qué no te
callas?” Parece que esta senhora ainda não percebeu muito bem qual é o seu
papel.