Quando o problema surgiu a ministra da Saúde quase não lhe
deu importância. Quando se começou a perceber que na China a situação se
agravava e foi necessário repatriar os portugueses que estavam na cidade mais
atingida a ministra aproveitou para gerir imagem, com conferências de imprensa
diárias. Depois terá percebido o ridículo da situação e saiu de cena.
Estava tudo tão tranquilo que a ministra da Agricultura nos
fez lembrar as anedotas do ministro Carlos Borrego. A pobre senhora conseguiu
ver na desgraça alheia uma grande oportunidade para exportar suínos para a
China. Ao fim de uns quantos dias lá terá conseguido perceber a barbaridade que
tinha dito e tentou convencer-nos que estávamos todos parvos, que tinha dito
outra coisa.
Como a senhora ministra da Agricultura não foi demitida pode
ser que venha dizer-nos que novas oportunidades de negócio vão surgir, agora
que vírus parece ter-se instalado na
Itália. Provavelmente vamos exportar muitas massas, pizzas e carne picada...
O problema é que começa a ser óbvio que um dia destes não
bastará mandar fazer análises a uma ou outra pessoa que se lembre de espirrar
depois de chegar de Milão. E ninguém acredita que a haver uma pandemia, como
começa a ser muito provável, não bastará uma cama de hospital no Curry Cabral e
outra no São. João.
Talvez não fosse má ideia se a ministra deixasse a sua
quarentena e aparecesse a dizer alguma coisa.