Já houve um tempo em que os debates do OE tinham nível,
recordo-me de quando a Dra. Manuel Silva, a professora de Política Económica do
ISEG recentemente falecida, declarou a propósito de um OE apresentado por Mota
Pinto, que na época era primeiro-ministro, que se um aluno lhe apresentasse
aquele OE levaria um chumbo.
O debate do OE deixou de ser o grande debate da política
económica do governo para ser uma peixeirada digna do Mercado da Ribeira, como
se fosse uma banca onde os carapaus e as pescadas fossem substituídos por
medidas avulso. É triste ver os partidos mais interessados em apresentarem-se
junto dos eleitores como tendo feito aprovar uma determinada medida, como se
isso devesse colocar os cidadão em dívida.
É um nojo ver os líderes da direita a dialogar com os da
esquerda conservadora, com o presidente de um PSD a declarar de forma quase
subserviente que alterou uma medida para que a sua proposta ficasse mais
próxima do pensamento do BE. Em vez de debater o OE com grandeza vemos um presidente
do PSD a recorrer a truques só para dar beliscões ao PS com a ajuda do BE ou do
PCP, enquanto ao seu lado a extrema direita comporta-se com alguma seriedade.
O que pretende Rui Rio? Ir ao Congresso do PSD em Viana do
Castelo cantar vitória porque tramou uma linha do Metropolitano ou que
conseguiu rasteirar o PS numa qualquer ninharia, graças à ajuda do BE ou do
PCP. Parece que com isto Rui Rio não entende que se apresentam junto dos seus
pares sem grandeza e parecendo mais um presidente de uma associação de
estudantes do ensino básico, uma espécie de Chicão dos pequeninos, do que como
um candidato a primeiro-ministro.