sexta-feira, fevereiro 21, 2020

GENTE BONDOSA


Ainda não percebi muito bem qual a relação entre os cuidados paliativos e a eutanásia ou o suicídio assistido, já acompanhei um irmão a mudar-se pelo seu pé e aparentemente em forma de uma enfermaria de oncologia para a porta ao lado, que tinha uma placa de identificação que indicava “Cuidados Paliativos” e foi precisamente nessa hora que ele pediu para ser levado para casa, porque se queria suicidar.

Compreendo a bondade de muitas gente que de um momento para o outro se lembrou da necessidade de investimento em cuidados paliativos, mas a verdade é que a quem está em grande sofrimento fisíco e/ou psicológico, acabando que apenas está a aguardar pela morte e sem alternativas terapêuticas pouco importa a bondade destas boas almas. Mesmo assim deve registar-se como positivo o empenho de tantos padres e de gente de direita no investimento no SNS, julgo mesmo que desde que este foi criado que não se via tanta unanimidade.

O problema é que muitos dos que agora são generosos apelando ao investimento em cuidados paliativos, são quase os mesmos que há um par de anos defendiam apoios a todas as mães que não quisessem abortar, que se organizaram em ONG para ajudar essas mães, mas que hoje já se esqueceram dessas causas nobres. Onde estão os deputados que no debate do aborto tanto defenderam o apoio à maternidade, quantos propostas de apoio à maternidade apresentaram entretanto.

Mas também concordo com todas essas boas almas num ponto muito importante, que a questão da eutanásia é uma questão pessoal e que não pode ser decidida por deputados. É verdade, não pode ser decidia por deputados, por magistrados e muito menos por fanáticos que vão ouvir homilias para saberem o que devem impedir os outros de decidir.