Quando a Joicine foi eleita e perante os primeiros debates
fiquei logo com a ideia de que uns rapazinhos muito espertos tinham escolhido
alguém a pensar nas suas características, a raça e a gaguez, para conseguirem
mais votos. Muito ao de leve dei essa opinião, ao de leve porque nesses dias
quem ousasse criticar o que quer que fosse na Joicine era logo acusado de racismo
e mais meia dúzia de coisas, o LIVRE sentia-se na mó de cima.
Agora é a própria Joicine que acusa o LIVRE de a ter usado e
no congresso desta agremiação partidária acusou mesmo este partido de a ter
usado para obter proveitos financeiros. Até agora ainda não ouvi ninguém do
LIVRE provar o contrário ou contestar a declaração da deputada de que o libelo
acusatório que lhe foi apontado estava cheio de mentiras.
O último discurso da deputada foi ainda mais forte ao
sugerir que além de não se poder dissociar o racismo do fascismo também não se
pode dizer que na esquerda o problema não existe. Porque a ser verdade que
houve um aproveitamento da raça e da gaguez, como se nas eleições se tivesse
voltado ao tempo dos animais de circo, estamos perante algo de muito grave e o
silêncio do LIVRE é preocupante.
Afinal há mesmo racismo em Portugal e do puro e duro. E se a
forma como o LIVRE se portou e fez eleger uma deputada nada tem de elegante, as
declarações recentes da Joicine tiveram a vantagem de se pôr fim a uma mentira,
a de que em Portugal não há racismo, algo que vem na linha de outra mentira, a
do colonialismo benevolente que tratava os africanos como iguais, ao ponto de
em finais do século XX ainda tentarem passar a imagem de um país com províncias
em África.
Compreende-se o ódio que por aí vai em relação à Joicine,
quer à direita como à esquerda. EM pouco tempo ficámos a conhecer melhor os nossos
fascistas e alguns dos nossos progressistas.