A ministra do Emprego disse uma patetice porque e uma patetice responder-se com alguma sobranceria que não leu um relatório da Ordem dos Médicos, como se tudo o que dali viesse devesse estar condenado a ir diretamente para o lixo. A ministra falava em nome do Estado, não era a militante que falava era a ministra. Se o relatório era incómodo respondia simplesmente que respeitava a justiça e estando a decorrer um inquérito do MP não faria comentários.
Fora necessários vários dias e uma mega campanha de limpeza de imagem para corrigir uma patetice, porque com tantos surtos de covid-19 nos lares é óbvio que a ministra do Emprego teve o seu momento de passeio de elefante numa loja de cristais. Foi uma patetice e a melhor forma de corrigir uma patetice é com humildade, a mesma humildade com que falou depois.
Não faz o mais pequeno sentido demitir um dos governantes mais competentes de um governo só porque disse uma patetice, ainda por cima quando o dossier mais complexo é precisamente o do emprego, quem o deseja só quer agravar a situação do país, que é bem pior do que a pintam. Mas o problema é que este processo de Reguengos de Monsaraz parece ter mais água no bico e as manobras de alguns governantes começaram mais cedo. Se sou capaz de meter as mãos no lume pela ministra e defender que mesmo tendo dito uma patetice, a minha independência política não me obriga a ter de defender toda a hierarquia do ministério da Saúde, de Lisboa a Reguengos de Monsaraz e muito menos os bois e outros espécimes locais do PS ou de qualquer outro partido.
Se sou independente para ser livre e nunca obtive proveitos pessoais, não me sinto na obrigação de dar cobertura a seja quem for. Feita esta declaração de princípios devo dizer que acompanhei este processo com independência e distanciamento. Mas depois de ter visto a excursão da Graça Freitas a Reguengos de Monsaraz comecei a desconfiar, quando o caldo ficou entornado achei que devia ir ver quem era quem nas autarquias e arredores, acabei por perceber muita coisa.
Percebo agora porque anda tanta gente assanhada, tentando transformar um descuido da ministra no que de mais grave sucedeu. E quando ouvimos os responsáveis locais a alijar responsabilidades, com a responsável do lar a atirar responsabilidades para a ARS e o responsável da ARD a apressar-se a dar entrevistas dizendo com ar cândido que só ameaçou para os doentes serem tratados, talvez o melhor seja apurar a verdade.
Não tenho nada a ver com o Robalo nem com a forma como ascendeu no Estado, estou-me borrifando para o autarca de Monsaraz, que tem mais cargos em simultâneo do que a ,maioria dos altos quadros do Estado consegue ter em toda a vida, acima deles estão as quase duas dezenas de pessoas que morreram e que certamente vão “falar” no âmbito do inquérito que está de correr.
Depois veremos se o lar era bem gerido, se o Robalo fez o que devia fazer, se a diretora-geral de saúde falava a verdade quando foi a Reguengos dizer que estava tudo bem. E quanto a algumas declarações inflamadas que ouvimos a propósito dos lares continuo a defender o que sempre defendi, desconfio muito do que se passa nessa bondosa economia social e acho um nojo que os grandes partidos tenham lançado uma OPA às suas instituições, para depois vermos candidaturas presidenciais e legislativas em que em vez de os candidatos andarem de comício em comício andam de lar em lar ganhando votos de gente vulnerável e condicionada por políticos sem escrúpulos.
Por isso defendo a ministra, mas não dou nem para o
peditório de Monsaraz, nem para o de algumas misericórdias. Antes de saber a
verdade não faço perseguições e muito menos ao estilo dos Lukashenkos ou dos Venturas
e não vou transformar aqueles que era os heróis nos vilões de Monsaraz.