Ao ouvir o secretário de Estado Adjunto e da Saúde justificar os estádios vazios dizendo que o futebol é um desporto de emoções só podemos sentir vontade de rir, de mistura com alguma pena pelo senhor. Parece que o governante descobriu que há uma relação entre o contágio do vírus e as emoções.
Isto é, há desportos que emocionam ou que são apreciados por pessoas que se emocionam e por isso não podem ter assistência. Outros desportos não geram emoções ou são preferidos por pessoas que sabem conter as suas emoções, pelo que pode haver assistentes nas bancadas. Portanto as decisões do ministério da Saúde passam a assentar numa nova máquina, depois termos inventado a famosa geringonça, agora temos um emocionómetro.
Isto começa a parecer um país de doidos, de um lado temos
gente que ignora os riscos de uma segunda vaga que conduza a um confinamento e
à ruína do país e de todas as SAD desportivas, do outro, temos um governante
que diz que as decisões das autoridades de saúde são adotadas em função das
emoções dos cidadãos.
Ficamos a aguardar quais os desportos que emocionam e quais os que não mexem com as emoções. Visto de outra perspetiva teremos que considerar que mais do que as diferenças entre desportos, o que está em causa é a diferença entre adeptos. Parece que o pessoal fino do Estoril consegue ver uma final de ténis atirar perdigotos a esvoaçar sobre o green, enquanto com o pessoal da bola aquilo até parece uma largada de pombos.
Segundo esta lógica também poderemos pensar que há cerimónias religiosas ou religiões que emocionam mais do que outras, bem como dizer que os crentes das diversas religiões apresentarão resultados diferentes se forem testados no emocionómetro.
Enfim, começo a pensar que este país está cheio de palermas
que insistem em não perceber que uma coisa é ser governante é medir o que se
diz. Além de um emocionómetro parece que também andamos a precisar de um palermómetro.