terça-feira, outubro 29, 2013

O ódio

 
O país não ficou surpreendido com a aliança entre o PCP e o PSD alcançada pelo ex-líder parlamentar do PCP no concelho de Loures, À diferença ideológica sobrepôs-se a proximidade programática. O partido que ao nível nacional costuma propor soluções governativas das quais exclui o PS por este partido ser de direita, alia-se ao PSD quando está em causa a gestão do poder.
 
Aquilo a que assistimos no concelho de Loures não merece qualquer admiração, este namoro entre o PCP e a direita portuguesa é antigo e ficou bem simbolizado na vénia que Mário Nogueira fez a Passos Coelho, na ajuda que este sindicalista deu a Alberto João Jardim nas últimas eleições regionais. O PSD retribui esta amabilidade, quando Passos Coelho vai ao parlamento trata o PCP com todas as mesuras.
 
A estratégia é evidente, à direita interessa o reforço eleitoral do PCP e no DNA deste partido está o ódio às correntes social-democratas, um ódio que vem de longe e a arteriosclerose ideológica do nosso partido comunista impede de perder. Para o PSD o importante é dividir a esquerda, para o PCP o importante é crescer mesmo que isso seja alcançado ajudando a direita a governar e recebendo as migalhas que esta lhe oferece.
 
O problema é o preço que os portugueses e Portugal paga por esta aliança, que o digam os professores que vieram em massa para a rua por causa da avaliação, enquanto agora ninguém lhes estimula o ódio ao poder enquanto muitos milhares são despedidos e o Mário Nogueira anda a negociar a gorjeta em caso de rescisão.
 
Para a direita portuguesa as condições de vida dos pobres pouco importam a não ser enquanto fermento de luta política, nesse sentido quanto pior melhor, quanto mais pobreza mais votos e desta forma pode-se alimentar uma ideologia que só sobrevive em Portugal. Para a esquerda conservador só existem futuros radiosos e quanto pior for a realidade mais radioso ser o paraíso futuro.
 

Em Loures como em Portugal esta santa aliança existe porque a direita tem uma ideologia para governar no presente e a esquerda conservadoras pode alimentar o sonho ideológico de governar no futuro. O que os une é o ódio à esquerda e a ambição.