sábado, fevereiro 29, 2020

NASCEU UMA NOVA ESTRELA


Quem é que não conhece a libelinha que a Dra. Graças Freitas, diretora-geral da Saúde, costuma ostentar nas suas camisolas? Graças ao pânico generalizado em relação ao coronavírus esta senhora tornou-se na maior vedeta da televisão portuguesa.

Tudo começou com a ministra a transformar o regresso de cidadãos da China numa grande oportunidade para ganhar uns pontitos para a sua imagem cada vez mais desgastada. Juntou um conjunto de secretários de Estado em reapresentação de cada ministério envolvido na viagem, para que ninguém ficasse prejudicado, e organizou uma conferência de imprensa com intervenções todas certinhas e combinadas, encenação em que a ministra foi a amestra.

Uns dias depois, as suas conferências começaram a parecer cada vez mais ridículas, deixando na sua diretora-geral o papel de divulgar diariamente os boletins de saúde. A senhora gostou tanto da notoriedade conseguida que nunca mais largou as televisões. Se a ministra da Saúde quase ignorou os problemas nos primeiros dias, enquanto a ministra da Agricultura aproveitava para exibir a sua ignorância e falta de valores éticos, a diretora-geral da Saúde viu uma oportunidade de disputar o protagonismo de Marcelo Rebelo de Sousa, que também já fez a sua perninha em matéria de diagnósticos e boletins clínicos.

Só que a senhora diretora-geral da Saúde já foi longe demais, percebendo que quanto mais pânico houvesse mais ela seria famosa, desatou a deitar números para a comunicação social, o Expresso avançava com uma previsão de um milhão de contagiados. Poucas horas depois a senhora viu o disparate e ainda muita gente não tinha virado a primeira página do semanário e já a senhora aparecia a corrir, fazendo correções, que o número era outro, que aquilo não era uma previsão mas sim um cenário.

Entretanto, parece que o SNS descobriu que os WC podem ser convertidos em sala de “isolamento” e já há gente a fechar escolas porque uma criança foi a Milão. E tudo isto mereceu a compreensão da senhora diretora-geral que nunca ouviu o Rei Juan Carlos dizer a sua famosa frase, “¿Por qué no te callas?” Parece que esta senhora ainda não percebeu muito bem qual é o seu papel.

quarta-feira, fevereiro 26, 2020

A MINISTRA DA SAÚDE ESTÁ DE QUARENTENA?


Quando o problema surgiu a ministra da Saúde quase não lhe deu importância. Quando se começou a perceber que na China a situação se agravava e foi necessário repatriar os portugueses que estavam na cidade mais atingida a ministra aproveitou para gerir imagem, com conferências de imprensa diárias. Depois terá percebido o ridículo da situação e saiu de cena.

Estava tudo tão tranquilo que a ministra da Agricultura nos fez lembrar as anedotas do ministro Carlos Borrego. A pobre senhora conseguiu ver na desgraça alheia uma grande oportunidade para exportar suínos para a China. Ao fim de uns quantos dias lá terá conseguido perceber a barbaridade que tinha dito e tentou convencer-nos que estávamos todos parvos, que tinha dito outra coisa.

Como a senhora ministra da Agricultura não foi demitida pode ser que venha dizer-nos que novas oportunidades de negócio vão surgir, agora que  vírus parece ter-se instalado na Itália. Provavelmente vamos exportar muitas massas, pizzas e carne picada...

O problema é que começa a ser óbvio que um dia destes não bastará mandar fazer análises a uma ou outra pessoa que se lembre de espirrar depois de chegar de Milão. E ninguém acredita que a haver uma pandemia, como começa a ser muito provável, não bastará uma cama de hospital no Curry Cabral e outra no São. João.

Talvez não fosse má ideia se a ministra deixasse a sua quarentena e aparecesse a dizer alguma coisa.

sexta-feira, fevereiro 21, 2020

GENTE BONDOSA


Ainda não percebi muito bem qual a relação entre os cuidados paliativos e a eutanásia ou o suicídio assistido, já acompanhei um irmão a mudar-se pelo seu pé e aparentemente em forma de uma enfermaria de oncologia para a porta ao lado, que tinha uma placa de identificação que indicava “Cuidados Paliativos” e foi precisamente nessa hora que ele pediu para ser levado para casa, porque se queria suicidar.

Compreendo a bondade de muitas gente que de um momento para o outro se lembrou da necessidade de investimento em cuidados paliativos, mas a verdade é que a quem está em grande sofrimento fisíco e/ou psicológico, acabando que apenas está a aguardar pela morte e sem alternativas terapêuticas pouco importa a bondade destas boas almas. Mesmo assim deve registar-se como positivo o empenho de tantos padres e de gente de direita no investimento no SNS, julgo mesmo que desde que este foi criado que não se via tanta unanimidade.

O problema é que muitos dos que agora são generosos apelando ao investimento em cuidados paliativos, são quase os mesmos que há um par de anos defendiam apoios a todas as mães que não quisessem abortar, que se organizaram em ONG para ajudar essas mães, mas que hoje já se esqueceram dessas causas nobres. Onde estão os deputados que no debate do aborto tanto defenderam o apoio à maternidade, quantos propostas de apoio à maternidade apresentaram entretanto.

Mas também concordo com todas essas boas almas num ponto muito importante, que a questão da eutanásia é uma questão pessoal e que não pode ser decidida por deputados. É verdade, não pode ser decidia por deputados, por magistrados e muito menos por fanáticos que vão ouvir homilias para saberem o que devem impedir os outros de decidir.

terça-feira, fevereiro 18, 2020

O BOM POVO PORTUGUÊS


Das muitas entrevistas a cidadãos de Guimarães que se cruzaram com os jornalistas que os questionaram sobre os acontecimentos ocorridos no estádio da sua cidade a maioria não considerou como sendo racistas os adeptos do seu clube que sugeriram que um ser humano que já tinha sido um deles fosse colocado ao nível de gorilas. Pior ainda, consideraram que a reação podia ser considerada como legitimada só porque o atleta se lembrou de festejar o golo que marcou junto dos adeptos sofredores, a quem deveriam ser dado mimos porque a sua equipa viu uma bola entrar na sua baliza.

Entre todos os cidadãos comuns de Guimarães que não hesitaram em dizer o que sentiam perante as televisões poucos se manifestaram contra o racismo e apenas uma senhora associou o sucedido com a infiltração da extrema-direita nas claques de futebol. Toda a gente sabe que a extrema-direita encontrou nas claques um pasto ideal para crescer, mas a generalidade dos presidentes dos clubes fazem de conta que não percebem. Como durante muito tempo não perceberam os comandos da PSP ou mesmo os dirigentes sindicais, que parecem confortáveis vendo cada vez mais sindicatos a trilharem pelo mesmo caminho.

E como é que personalidades como Sousa Tavares tratam políticos oportunistas que para subirem na vida são o que for necessário e surfando na onda da extrema-direita optaram por ser racistas? Dando-lhes credibilidade cedendo-lhes palco em programa de prime time como se tivessem na sua frente uma grande personalidade mundial. Do alto da sua vaidade sentiram-se grandes democratas do Porto “desfazendo” um benfiquista racista, desta forma minimizaram a questão do racismo a mais um incidente Benfica-Porto ou norte-sul.

É óbvio que o Chega do oportunista vai crescer nas eleições mas isso não sucede porque de um dia para o outro passámos a ser racistas, a deixar de gostar de ciganos ou mesmo a ser imbecis. No bom povo português há de tudo e à medida que a imbecilidade, a xenofobia, o racismo e outras coisas vão perdendo a vergonha o Chega vai crescendo. Afinal, temos tanta extrema-direita como o resto da Europa.

Vivemos num país onde dizemos que não somos racismo mas empaturramos a caixa do WhatsApp dos amigos com piadas racistas, defendemos a doutrina social da igreja e somos democratas exemplares mas há noite cultivamos a imagem do Salazar e dizemos que o Tarrafal não passou de um pequeno beliscão. Somos todos amigos dos africanos mas provavelmente ainda guardamos as fotos de cabeças de africanos espetadas em paus ou mesmo alguma orelha guardada numa caixinha, recordações das primeira campanha em Angola.

segunda-feira, fevereiro 17, 2020

|RACISTAS, COBARDES E IDIOTAS|

Quando Eusébio marcava golos ninguém era racista, ninguém lhe disse para que fosse para Moçambique, nem sequer que o enterrassem na terra dele, nem um se lembrou de contar anedotas, imitar gorilas ou dizer as barbaridades se vão ouvindo. Mais recentemente todos os racistas deste país sentiram o ego nacionalista em alta quando o Éder ou o Ederzinho despachou a França e apagou a luz da Torre Eiffel, não lhes passou pela cabeça sugerir que fosse para a Guiné.

Mas no anonimato do magote de uma claque ou de uma multidão eis que o pior deles veio ao de cima, agora a frustração era descarregada na pele de um jogador. Mas como a claque parecem ser os modelos de virtudes dos presidentes dos clubes o presidente do Vitória logo descobriu que a culpa não seria do racismo, seria uma resposta quase legítima às provocações do jogador. E para o André Ventura a culpa era da Joicine.

Não, em Portugal não há racismo, o que há são muitos cobardes que gostam de se sentir superiores porque com luz natural a sua pele fica branca, como se um qualquer idiota deixasse de o ser só porque a sua pele fica mais branca que a dos outros quando é iluminada. Não lhes basta ser racistas, são também cobardes e idiotas.

quinta-feira, fevereiro 06, 2020

JUMENTO DO DIA


   
António Costa, primeiro-ministro

António Costa pode festejar, mesmo sem geringonça ou apenas com meia geringonça conseguiu impor a aprovação de OE, pelo meio tirou o tapete a Carlos Alexandre ao tornar públicas as respostas a um questionário que de forma ridícula tinha 100 perguntas.

Mas se Costa derrotou Rui Rio, mesmo sem ter sabido tirar partido da pequenez do líder do PSD, a verdade é que não passou uma imagem que conquiste simpatias para além do seu partido,  um partido de deputados disciplinados que apesar dos muitos temas onde deveriam ter defendido os seus distritos, só tiveram um pequeno gesto na questão das touradas. Onde estiveram, por exemplo, os deputados do PS eleitos pelo Algarve na questão do novo hospital do Algarve?

Costa ganhou a votação mas pouco ganhou fora dos seus eleitores. Não basta um OE equilibrado para se considerar que é um bom OE. E se Rui Rio se dedicou às miudezas a verdade é que o primeiro-ministro ficou muito aquém da grandeza de outros tempos. Mais duas ou três grandes vitórias destas e Costa perderá

O CHICÃO DOS PEQUENINOS


Já houve um tempo em que os debates do OE tinham nível, recordo-me de quando a Dra. Manuel Silva, a professora de Política Económica do ISEG recentemente falecida, declarou a propósito de um OE apresentado por Mota Pinto, que na época era primeiro-ministro, que se um aluno lhe apresentasse aquele OE levaria um chumbo.

O debate do OE deixou de ser o grande debate da política económica do governo para ser uma peixeirada digna do Mercado da Ribeira, como se fosse uma banca onde os carapaus e as pescadas fossem substituídos por medidas avulso. É triste ver os partidos mais interessados em apresentarem-se junto dos eleitores como tendo feito aprovar uma determinada medida, como se isso devesse colocar os cidadão em dívida.

É um nojo ver os líderes da direita a dialogar com os da esquerda conservadora, com o presidente de um PSD a declarar de forma quase subserviente que alterou uma medida para que a sua proposta ficasse mais próxima do pensamento do BE. Em vez de debater o OE com grandeza vemos um presidente do PSD a recorrer a truques só para dar beliscões ao PS com a ajuda do BE ou do PCP, enquanto ao seu lado a extrema direita comporta-se com alguma seriedade.

O que pretende Rui Rio? Ir ao Congresso do PSD em Viana do Castelo cantar vitória porque tramou uma linha do Metropolitano ou que conseguiu rasteirar o PS numa qualquer ninharia, graças à ajuda do BE ou do PCP. Parece que com isto Rui Rio não entende que se apresentam junto dos seus pares sem grandeza e parecendo mais um presidente de uma associação de estudantes do ensino básico, uma espécie de Chicão dos pequeninos, do que como um candidato a primeiro-ministro.

quarta-feira, fevereiro 05, 2020

POBRE SENHORA


Ou eu não percebo nada de economia ou esta senhora não sabe nada de agricultura, como pode alguém dizer que com uma potencial crise económica na Ásia a agricultura portuguesa pode beneficiar em exportações?

"Acho que até pode ter consequências bastante positivas. Ainda assim, não tenho dados que me permitam fazer uma avaliação. Atendendo a que é um mercado emergente, em crescimento explosivo, temos de preparar-nos para corresponder à nossa ambição que é reforçar as nossas vendas e equilibrarmos a nossa balança comercial" [declaração da ministra da Agricultura]

Já nem vale a pena comentar o cinismo da declaração, impróprio para um governante de um país civilizado. Enquanto um país se debate e luta com todos os meios contra o risco de uma epidemia de consequências incalculáveis para esse país e para o mundo esta senhora tem uns olhos a lembrar o tio Patinhas e à medida que morrem chineses parece que os seus olhos dão voltas nas órbitas como cifrões a rodar numa slot machine.

Mas ignoremos o lado da pobreza ética, questionemos o que vamos exportar em maior quantidade para a China graças ao coronavirus? Talvez a pobre senhora nos possa explicar, enfim, pode ser que lá mais para o fim do mandato nos saiba dizer alguma coisa sobre exportações agrícolas.

JUMENTO DO DIA


   
Rui Rio, líder do PSD


O mínimo que se pode dizer da forma como Rui Rio encontrou forma de compensar a perda de receita do IVA na eletricidade ´+e que não abona nada a favor da seriedade e inteligência do líder da oposição. É puro populismo decidir fazer um corte nas despesas dos gabinetes ministeriais, independentemente da justificação é evidente que a pequena margem conseguida não tem outro objetivo do que promover o populismo. É ridículo disfarçar o aumento do défice recorrendo a uma nova definição técnica, designando-o por “corte no ajustamento no saldo orçamental”.

O ministro Matos Fernandes est3v3 quase a ser o escolhido já que é ridículo ser o PCOP e o PAN a fazer uma proposta e em vez de fazer qualquer crítica a estes partidos, prefere chamar irresponsável ao PSD por aprovar uma proposta que aqueles fizeram, O ministro considerar tão normal a irresponsabilidade daqueles partidos ou não quer ser frontal e chamar irresponsável a partidos de cujo apoio depende?

segunda-feira, fevereiro 03, 2020

JUMENTO DO DIA


   
Marta Temido, ministra da Saúde


Ontem o país parou para ver uma conferência de imprensa um pouco pacóvia, com uma ministra a abrir e mais um grupo de secretários de Estado que só estavam alia para afirmar a importância dos seus ministérios. Hoje temos mais uma conferência de imprensa dada pela ministra para nos dizer que os vinte portugueses que regressaram da China estão descansando e imagino que de bom apetite.

E para nos dar conta de como estão vinte portugueses que aparentam estar bem de saúde a ministra faz-se acompanhar do diretor do Instituto Ricardo Jorge e da incansável diretora-geral de Saúde. Enfim, parece que há pouco mais do que fazer no SNS e a ministra parece estar muito preocupada em gerir a sua imagem, nem que para isso promova conferências de imprensa ridículas.

Será que esta ministra não tem mais doentes com que se preocupar? Isto começa a ser ridículo de mais para ser verdade, só nos falta dizer que os cidadãos estão com a tensão normal e com boa cor.

A JOICINE SAIU MELHOR DO QUE A ENCOMENDA


Quando a Joicine foi eleita e perante os primeiros debates fiquei logo com a ideia de que uns rapazinhos muito espertos tinham escolhido alguém a pensar nas suas características, a raça e a gaguez, para conseguirem mais votos. Muito ao de leve dei essa opinião, ao de leve porque nesses dias quem ousasse criticar o que quer que fosse na Joicine era logo acusado de racismo e mais meia dúzia de coisas, o LIVRE sentia-se na mó de cima.

Agora é a própria Joicine que acusa o LIVRE de a ter usado e no congresso desta agremiação partidária acusou mesmo este partido de a ter usado para obter proveitos financeiros. Até agora ainda não ouvi ninguém do LIVRE provar o contrário ou contestar a declaração da deputada de que o libelo acusatório que lhe foi apontado estava cheio de mentiras.

O último discurso da deputada foi ainda mais forte ao sugerir que além de não se poder dissociar o racismo do fascismo também não se pode dizer que na esquerda o problema não existe. Porque a ser verdade que houve um aproveitamento da raça e da gaguez, como se nas eleições se tivesse voltado ao tempo dos animais de circo, estamos perante algo de muito grave e o silêncio do LIVRE é preocupante.

Afinal há mesmo racismo em Portugal e do puro e duro. E se a forma como o LIVRE se portou e fez eleger uma deputada nada tem de elegante, as declarações recentes da Joicine tiveram a vantagem de se pôr fim a uma mentira, a de que em Portugal não há racismo, algo que vem na linha de outra mentira, a do colonialismo benevolente que tratava os africanos como iguais, ao ponto de em finais do século XX ainda tentarem passar a imagem de um país com províncias em África.

Compreende-se o ódio que por aí vai em relação à Joicine, quer à direita como à esquerda. EM pouco tempo ficámos a conhecer melhor os nossos fascistas e alguns dos nossos progressistas.