Quem ouve os políticos e economistas da direita fica com a
sensação de que os seus governos foram modelos de rigor e equilíbrio orçamental.
Há uns meses atrás foi o Rui Rio que defendeu excedentes orçamentais, desde
então umas décimas de défice é estar muito aquém do desejável. A última voz a defender
excedentes orçamentais como algo de absolutamente normal foi a do diretor da
escola de gestão da Universidade Católica.
É bom lembrar que Passos Coelho fez o que fez e nunca
conseguiu cumprir as metas orçamentais. A ideia de que terá cumprido as metas em
2015 é falsa pois fê-lo à custa de artimanhas que deveriam ter conduzido à
vinda do diabo em 2016, já que promoveu uma antecipação brutal de receitas
fiscais de 2016, designadamente, através da retenção dos reembolsos do IVA e da
adoção de taxas elevadas de retenção de IRS.
Mas Passos Coelho não é um caso único de falhanço nas contas
públicas, Manuela Ferreira Leite cometeu o mesmo pecado com Cavaco Silva e com
Durão Barroso. Com Cavaco o governo foi obrigado a pagar vencimentos com
títulos do Tesouro e a preparar um mega despedimento de funcionários que não
chegou a ser concretizado. Com Durão Barroso a então ministra das Finanças Manuela
Ferreira Leite vendeu muitas dívidas fiscais quem eram incobráveis, obrigando o
governo que a sucedeu a substituir dívida má por dívida boa, isto é, a então
ministra sacou receitas futuras para ajeitar as suas contas e mesmo assim deixou o país à beira da crise financeira.
Pela forma como agora falam fica-se com a ideia de que os
bons em contas públicas são eles e o mau é o Mário Centeno. Não só conseguiriam
ter excedentes, como promoveriam o investimento público, dariam tudo o que os
enfermeiros querem, financiariam o SNS, construiriam todas as alas pediátricas,
aumentariam os rendimentos.
Nada mais fácil, faziam tudo isso e ainda sobrava dinheiro.