segunda-feira, janeiro 07, 2019

AGORA É FÁCIL


Quem ouve os políticos e economistas da direita fica com a sensação de que os seus governos foram modelos de rigor e equilíbrio orçamental. Há uns meses atrás foi o Rui Rio que defendeu excedentes orçamentais, desde então umas décimas de défice é estar muito aquém do desejável. A última voz a defender excedentes orçamentais como algo de absolutamente normal foi a do diretor da escola de gestão da Universidade Católica.

É bom lembrar que Passos Coelho fez o que fez e nunca conseguiu cumprir as metas orçamentais. A ideia de que terá cumprido as metas em 2015 é falsa pois fê-lo à custa de artimanhas que deveriam ter conduzido à vinda do diabo em 2016, já que promoveu uma antecipação brutal de receitas fiscais de 2016, designadamente, através da retenção dos reembolsos do IVA e da adoção de taxas elevadas de retenção de IRS.

Mas Passos Coelho não é um caso único de falhanço nas contas públicas, Manuela Ferreira Leite cometeu o mesmo pecado com Cavaco Silva e com Durão Barroso. Com Cavaco o governo foi obrigado a pagar vencimentos com títulos do Tesouro e a preparar um mega despedimento de funcionários que não chegou a ser concretizado. Com Durão Barroso a então ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite vendeu muitas dívidas fiscais quem eram incobráveis, obrigando o governo que a sucedeu a substituir dívida má por dívida boa, isto é, a então ministra sacou receitas futuras para ajeitar as suas contas e mesmo assim deixou o país à beira da crise financeira.

Pela forma como agora falam fica-se com a ideia de que os bons em contas públicas são eles e o mau é o Mário Centeno. Não só conseguiriam ter excedentes, como promoveriam o investimento público, dariam tudo o que os enfermeiros querem, financiariam o SNS, construiriam todas as alas pediátricas, aumentariam os rendimentos.

Nada mais fácil, faziam tudo isso e ainda sobrava dinheiro.