É impossível que a CGD tenha concedido créditos de centenas
de milhões de euros sem quaisquer garantias e que isso apenas fosse do conhecimento
dos administradores de honestidade duvidosa que os concederam. Nem quadros do
interior do banco, nem auditores externos, nem os ministros das Finanças, nem
sequer o Banco de Portugal? Ninguém acredita que um grande banco público tenha
sido conduzido à beira da falência depois de esbanjar milhares de milhões de
euros sem que ninguém tivesse reparado.
O que é evidente em relação à CGD também é evidente em
relação a todos os bancos que foram à falências ou estiveram à beira disso.
Ninguém viu por uma razão muitos simples, a banca deu de ganhar a muita gente,
altos quadros do Estado tinham na banca o emprego seguro para os filhos, os
políticos tinham na banca promessas de carreiras bem remuneradas quando
deixassem a política.
Enquanto empresas e cidadãos eram espremidos pela banca sempre
que precisavam de um crédito ou da prestação de serviços, havia umas centenas
de pessoas que tinham todas as facilidades e beneficiavam das vantagens do
acesso fácil ao dinheiro barato do BCE. Os bancos tinham lucros e todos os seus
quadros recebiam prémios, os amigos tinham facilidades, havia milhões para
jogos na bolsa e compras de casas de luxo no Algarve.
Na hora da verdade todos desapareceram, eram como o Carlos
Costa que no BCP tinha o pelouro das relações internacionais mas não sabia de
nada, até foi promovido a governador do Banco de Portugal, tal como um outro
distraído, um tal Vítor Constâncio, foi enriquecer para o BCE.
O que se passou na banca foi uma pilhagem coletiva onde
desde os chefes das agências aos altos responsáveis do regulador estiveram
envolvidos. Esta pilhagem foi um dos maiores atentados à economia do país em
toda a sua história e lamentavelmente vai ficar impune.