quarta-feira, janeiro 23, 2019

DO POLITICAMENTE CORRETO AO IDEOLÓGICAMEENTE CERTO


O politicamente correto tornou-se numa ditadura interior vivida e imposta a si próprio por cada cidadão, passamos a viver numa bipolaridade de pensamento, divididos entre o que pensamos e o que podemos expressar em público depois de aplicar um filtro daquilo que alguns consideram inaceitável. Deixámos de ser em público aquilo que somos e queremos ser, para sermos aquilo que alguns títeres esclarecidos consideram que podemos ou devemos ser.

Jornalistas, opinion makers, supostos intelectuais e outra gente da melhor igualha da nossa sociedade transformaram-se numa espécie associação secreta do lápis azul. Tal como Pinochet, Salazar, Franco e muitos outros ditadores, definiram aquilo que deve ser o padrão de pensamento a que devemos obedecer sob pena de sermos olhados de lado ou mesmo achincalhados em público.

Ao politicamente correto que nos controla a vida a título individual, parece juntar-se uma espécie de ideologicamente correto que parametriza o debate político e os processos de decisão a nível nacional. Deixamos de avaliar ideias segundo os nossos valores, na perspetiva da viabilidade e sustentabilidade, com preocupações em relação ao seu impacto no futuro. Tudo é filtrado pelo ideologicamente correto e deixamos de ter direito ao pensamento político.

Os grandes pensadores deste ideologicamente correto são personalidades como Loução, um trotskista que adotou poses de bispo e fala como se fosse o cardeal patriarca da política e da economia portuguesa, o que sai da sua boca cheira a “palavra do Senhor”. Catarina Martins, Mariana Mortágua e outros, seguem-lhe as pisadas. Mas não é um exclusivo da esquerda, também a direita tem o seu ideologicamente correto, basta lembrar muitas das medidas decididas por Passos Coelho para se perceber que uma boa parte deles resultava mais dos seus valores ideológicos do que da situação financeira.

Não podemos discutir o problema da violência e da marginalidade porque é racismo, devemos aumentar as pensões dos que nunca descontaram e cortar nas pensões mais altas que muito provavelmente são as únicas sustentáveis, devemos aumentar os ordenados mais baixos à custa dos médios ou mais alto pouco importando que estejamos a convidar os mais qualificados a emigrar, o SNS deve ser absolutamente gratuito e tão bom como os melhores não importando que os que mais pagam em impostos acabem por serem os que a ele menos recorrem.

Uma boa parte das decisões debatidas em público assentam em preconceitos ideológicos, para a direita são boas porque são medidas de direita, para a esquerda não melhores porque são medidas de esquerda. Para a direita há chavões como o do mercado, na esquerda há quem fale em “política nacional de esquerda”.