Três imbecis chorando de riso [Expresso] que agora devem estar a chorar de gosto
Estávamos em Dezembro de 2015, para ser mais preciso era dia
dois, uma quinta-feira, Mário Centeno, um ministro sem qualquer experiência
política anterior, um doutorado em Harvard com uma longa carreira no Banco de
Portugal, ia falar pela primeira vez na Assembleia da República. Um pobre diabo
hoje promovido a catedrático, que fez uma vida à custa da política e de um emprego
dado por um padrinho político montou a encenação do rir até às lágrimas.
Tudo bem montado, vale a pena reler a notícia do Expresso
para vermos com alguns inúteis se fartaram de rir até às lágrimas, pensado
estarem a gozar com um pacóvio sem experiência nas pulhices das jotas. Imagino
que esses mesmos andem agora a chorar pelos campos pois se vivessem em Las
Vegas estariam a esta hora a fazer queixas do Mário Centeno. Não sabiam na
altura que o choro do riso iria dar num choro de vontade, como dizia a minha
mãe quando achava que estava a fazer uma encenação.
O diabo não veio e o país teve quatro anos de estabilidade
política, financeira e social, quatro anos sem o credo na boca, sem ter de
aturar o Vítor Gaspar e fazer de conta que a Maria Luís era uma grande
economista. Aquele de quem choraram foi um dos poucos ministros das Finanças
que aguentaram uma legislatura, foi o ministro das finanças português com maior
projeção internacional, foi o único economista português a a liderar uma grande
instituição internacional no domínio económico e escolhido pelos seus pares
pelo mérito político e económico.
Mas a esquerda portuguesa deve a Mário Centeno uma outra
vitória moral bem importante, ao logo de mais de um século a direita portuguesa
fez passar a ideia de que só a direita consegue equilibrar as contas públicas e
que tal só é possível com algum autoritarismo. Não admira que alguns ministros
das Finanças da direita tenha adotado uma “cara de pau”, sempre a imitar
Salazar no elogio das origens humildes, como se a humildade ajudasse a credibilizar
os tiques do autoritarismo.
Afinal é possível equilibrar o orçamento sem ser necessários
recorrer à ditadura ou ao autoritarismo, sem adotar medias inconstitucionais
ou, como alguém sugeriu, sem suspender a democracia durante um par de meses. É
possível fazê-lo e ao mesmo tempo promover a justiça social, implementar medidas
de redistribuição do rendimento e em paz social. Não há memória de um OE sem
ditadura ou sem conflitos sociais e este é um legado do Centeno. É
possível governar à esquerda e promover uma gestão orçamental com mais
responsabilidade e competência do que a direita.