Independentemente do que possa dizer da eleição de Bolsonaro
a verdade é que foi escolhido por uma grande maioria dos brasileiros. Não vale
a pena tecer considerações sobre as motivações dos votos e muito menos acharmos
que temos um estatuto intelectual que nos permite tecer considerações sobre as
opções de tanta gente. Bolsonaro vai ser mais um presidente do Brasil, igual ou
pior do que muitos outros a que já nos habituámos.
Mas este teve uma preciosa e inesperada ajuda, a de Lula. O
grande derrotado destas eleições foi precisamente Lula, que por puro
egocentrismo achou que as eleições presidenciais do Brasil deveriam ser
transformadas num plebiscito à sentença judicial que o condenou à prisão. Lula
não hesitou em menorizar quaisquer outros candidatos que pudessem vencer a
direita, até que a última instância judicial se pronunciasse tinha que ser ele
o candidato.
Ao fazer do futuro de centenas de milhões de portugueses uma
causa que só a ele parecia interessar o líder do PT não hesitou em dar toda a
vantagem à direita, transformando um bom candidato do PT numa figura
secundária, numa espécie de suplente a que se recorreria apenas para ir a
votos. Lula foi egoísta e perdeu, mas pior do que isso, conduziu todos os
democratas brasileiros a uma pesada e humilhante derrota.
Como se isto não bastasse a campanha do PT parece ter sido mais
para afirmação ideológica, em pleno século XXI o grande ídolo da esquerda
brasileira parece ser o Che Guevara e nas manifestações do PT só faltou ver
bandeiras com o Hugo Chavez. Depois da estratégia de Lula a cereja em cima do
bolo da derrota anunciada foi uma má campanha, onde o único argumento a justificar
o voto em Hadad era a vitória do Bolsonaro.
Bolsonar ganhou e se tiver de agradecer a vitória a alguém é
ao Lula e ao seu PT.