Um pilha galinhas encostou a pick-up ao buraco na rede da base de Tancos, entrou tranquilamente, abriu o portão do paiol e foi carregando a carrinha com o material que havia à mão, balas avulso, explosivos, bobinas de fios, disparadores, granadas de mão ofensivas, granadas anti-tanque, granadas foguete, cargas de corte, granadas de gás lacrimogéneo. Enfim, só não trouxe um tanque porque não conseguia passar no buraco da rede ou o ladrão não tinha carta de pesados e podia cruzar-se com alguma patrulha de trânsito.
Ainda bem que o pobre ladrão não tem bicos de papagaio, porque carregar todo aquele material entre o paiol e o carro sem poder bufar, com medo de que o ruído atraísse algum sentinela mais atento, se tivesse estaria agora ainda mais empenado do que o material que roubou. Mas depois de todo este trabalho o desgraçado deve ter pensado em ir a Tancos pedir o livro de reclamações, o material roubado que ia trazer uma vaga de atentados estava fora do prazo, estava tão estragado que em vez de explosões a Europa iria sofrer de caganeira.
E quando esperava que o pessoal acertasse as contas e esquecesse o assunto ficou em pânico quando percebeu que o seu roubo tinha merecido mais do que uma nota no meio do Correio da Manhã. O homem entrou em pânico, mas ladrão que é ladrão tem um amigo da GNR com quem assentou praça na tropa e esse amigo é amigo do chefe da PJ militar, que por sua vez estava danadnho por ser ele a tramar a pj civil. O assalto ficou mesmo a calhar, o ladrão devolveu o material impróprio para consumo e a tropa tramava a concorrência.
Mas, não fosse o diabo tecê-las, o melhor era arranjar uma boa desculpa para evitar as consequências, se algo corresse mal tramava-se os políticos, se alguém fosse preso havia que ter um memorando bem guardadinho, a prova de que o homem de cima sabia. Isto é, se nos tramarem também estão tramados. E até parecia que a Cristas é bruxo, há meses que anda a dizer que a culpa era do ministro e do primeiro-ministro. Então não acontece que com o tal memorando de quem ninguém sabia até parece que o CDS tem um dedo que adivinha?
O problema agora é saber como é que o ilustre advogado Sá Fernandes consegue transformar os truques em argumentos que transforme o seu arguido honrado e inocente, porventura será condecorados porque tudo fez pensando estar a servir a nação.Tudo isto faz lembrar a ida do Raúl Solnado à guerra de 1908!