Confesso que não um grande admirador do Dr. Carlos Alexandre,
não sei bem porquê a personagem irrita-me, nada dele me parece brilhante, as
suas declarações encenadas não têm grande conteúdo que ultrapasse as fronteiras
do se ego. Mas envergonha-me uma justiça onde vejo um juiz a fazer queixinhas
aos jornalistas, deixando transparecer que queria um determinado processo para
ele, como se só ele estivesse à sua altura.
Parece que de um momento para o outro todos são defensores
do juiz natural e receio que alguém se lembre de pedir que no caso Sócrates se
volte a iniciar o processo, convidando a FIFA a realizar o sorteio com bolinhas,
cabendo ao Messi tapar os olhos e recolher a bolinha. Mas se o sorteio não
resultar na escolha do carlos Alexandre teremos de verificar se haviam dois
nomes, se as bolinhas eram rigorosamente iguais, se o vidro da tombola não
tinha alguma rugosidade e se o Messi não foi trocado por algum sósia
ilusionista, o que implica conferir o DNA ou mesmo os sinais na pilinha.
Tudo isto é ridículo porque enquanto o Dr. Carlos Alexandre
ia construindo a sua imagem de justiceiro da Nação num Ticão em que era o único
juiz, ninguém se lembrou de sorteios ou do juiz natural. Por outras palavras,
enquanto o juiz era naturalmente o Dr. Carlos Alexandre ninguém se preocupou
com os sorteios ou com o número de processo que o juiz natural tinha. Apesar
das razões de queixas de Sócrates ninguém e muito menos a associação dos juízes
veio em defesa de Sócrates, com tal arguido os bons princípios podia ir para
as urtigas dos campos de Mação.
Mas quando o mesmo arguido teve direito ao sorteio para a
escolha do juiz natural já surgiram dúvidas, o mesmo juiz natural de todos os
processos foi o primeiro a vir com dúvidas logo aproveitadas pelos Diabos e
diabretes da praça.
Esta justiça que se expõe na praça, discutindo de forma miserável os seus próprios truques, os mesmos truques que aliviam culpados e podem ajudar a tramar inocentes, é um motivo de vergonha para a democracia. Toda esta gente é naturalmente ridícula, mas também é naturalmente perigosa para a democracia e as suas instituições, a começar pela Justiça.