quinta-feira, outubro 18, 2018

NATURALMENTE RIDÍCULOS E PERIGOSOS


Confesso que não um grande admirador do Dr. Carlos Alexandre, não sei bem porquê a personagem irrita-me, nada dele me parece brilhante, as suas declarações encenadas não têm grande conteúdo que ultrapasse as fronteiras do se ego. Mas envergonha-me uma justiça onde vejo um juiz a fazer queixinhas aos jornalistas, deixando transparecer que queria um determinado processo para ele, como se só ele estivesse à sua altura.

Parece que de um momento para o outro todos são defensores do juiz natural e receio que alguém se lembre de pedir que no caso Sócrates se volte a iniciar o processo, convidando a FIFA a realizar o sorteio com bolinhas, cabendo ao Messi tapar os olhos e recolher a bolinha. Mas se o sorteio não resultar na escolha do carlos Alexandre teremos de verificar se haviam dois nomes, se as bolinhas eram rigorosamente iguais, se o vidro da tombola não tinha alguma rugosidade e se o Messi não foi trocado por algum sósia ilusionista, o que implica conferir o DNA ou mesmo os sinais na pilinha.

Tudo isto é ridículo porque enquanto o Dr. Carlos Alexandre ia construindo a sua imagem de justiceiro da Nação num Ticão em que era o único juiz, ninguém se lembrou de sorteios ou do juiz natural. Por outras palavras, enquanto o juiz era naturalmente o Dr. Carlos Alexandre ninguém se preocupou com os sorteios ou com o número de processo que o juiz natural tinha. Apesar das razões de queixas de Sócrates ninguém e muito menos a associação dos juízes veio em defesa de Sócrates, com tal arguido os bons princípios podia ir para as urtigas dos campos de Mação.

Mas quando o mesmo arguido teve direito ao sorteio para a escolha do juiz natural já surgiram dúvidas, o mesmo juiz natural de todos os processos foi o primeiro a vir com dúvidas logo aproveitadas pelos Diabos e diabretes da praça.

Esta justiça que se expõe na praça, discutindo de forma miserável os seus próprios truques, os mesmos truques que aliviam culpados e podem ajudar a tramar inocentes, é um motivo de vergonha para a democracia. Toda esta gente é naturalmente ridícula, mas também é naturalmente perigosa para a democracia e as suas instituições, a começar pela Justiça.