Há um major do Exército que no exercício das suas funções aceitou
“perdoar” a um ladrão que assaltou um paiol militar tirando proveito do roubo,
trocando o encobrimento por uma suposta operação bem sucedida de uma polícia de
investigação onde era um responsável ao mais alto nível. Isto é, este oficial do
Exército obteve benefícios a troco de um favor criminoso e gora é apresentado
por um conhecido advogado da praça como um “homem honrado”.
O oficial percebeu o que lhe poderia suceder, sem poder
fugir optou por se entregar e falou que se desunhou, certamente a pensar numa
estratégia de defesa há muito elaborada e isso fez de um militar sem
princípios num oficial honrado, tão honrando que a sua estratégia de defesa é
agora notícia no Expresso como verdade absoluta, uma verdade tão absoluta como
era a recondução de Joana Marques Vidal que o mesmo jornal anunciou há duas
semanas atrás.
Há aqui uma inversão de valores inaceitável, o oficial
honrado, em conluio com o militar que chefiava a Polícia Judiciária Militar,
aceitou que um ladrão e traficante de armamento ficasse livre para fazer outros
roubos de material militar, tudo para de uma forma corrupta promoverem a sua
polícia e agora são apresentados como militares honrados que tudo fizeram
porque julgavam estar a fazer o que era do interesse da nação.
É preciso muita lata para vermos ilustres advogados e
diretores de jornais a defenderem uma
direita militar que se dá ao luxo destas golpadas e que na hora de montarem as
suas defesas são espertalhaço suficientes para tentarem envolver governantes.
Os mesmos desajeitados e incompetentes que montaram uma fantochada e foram apanhados
pela PJ, são agora militares muito honrados cuja estratégia de defesa assenta
em verdades inquestionáveis e até o advogado ameaça tornar públicas as
declarações se a honra do tal militar for posto em causa.
Nesta pantominice vergonhosa há quem acredite que estes
mentirosos são agora arguidos muitos honrados e honestos.