quinta-feira, outubro 25, 2018

A LITERATURA POLÍTICA DE CORDEL DE CAVACO SILVA


Ainda bem que Cavaco Silva faz questão de aparecer de vez em quando, há uma tendência para considerarmos que à medida que os velhinhos fiquem cada vez mais dóceis e simpáticos, imagem que é frequentemente aproveitada no marketing, como o velho anuncio dos pudins Boca Doce. Por outro lado, também é verdade que o tempo faz-nos esquecer muitas coisas, incluindo os defeitos de outros, as maldades que nos fizeram ou a forma como governaram.

Ao aparece de vez em quando Cavaco Silva ajuda-nos a impedir que nos esqueçamos da personagem, daquilo que ele foi como primeiro-ministro, do desempenho miserável que teve na Presidência da República. A raiva de Cavaco Silva que ele próprio decidiu divulgar em fascículos ajuda-nos a não o esquecer e a lembrarmos o presidente que era alvo de escutas telefónicas, que se queixava de não ter dinheiro, do investidor no BPN e de muitos outros episódios.

Mas aquele que agora diz que empurram os problemas com a barriga também foi um antigo primeiro-ministro que com a Manuela Ferreira Leite em ministra as Finanças deixou o país à beira de uma crise financeira. Já nem vale a pena comparar o actual ministro da Educação com a Dra. Ferreira Leite quando foi promovida de directora-geral do Orçamento a ministra da Educação, ainda hoje estão na nossa memória a fila de rabos de estudantes a pedir a sua demissão.

A verdade é que depois de governar dez anos a esbanjar as ajudas comunitárias este Cavaco Silva que agora dá conselhos muito sábios, deixou o Estado com os cofres vazios ao governo de Guterres. Recorde-se que desde então o seu número dois Fernando Nogueira nunca mais foi visto ao seu lado, depois de todo o país ter percebido que Cavaco tudo fez para ele perder as legislativas, convencido de que dessa forma sinistra teria mais possibilidades de ganhar as presidenciais.

Cavaco está esquecido de quando pagou parte dos vencimentos dos funcionários públicos em título dos Tesouro ou da tentativa de despedimento em massa de funcionários públicos, muitos dos quais foram nessa ocasião incluídos em listas de excedentários. Cavaco está esquecido de quando eliminou os mecanismos de protecção da agricultura portuguesa, acelerando a integração n Política Agrícola Comum, para fazer entrar os produtos agrícolas europeus a preços mais baixos, na esperança de fazer baixar a taxa de inflação. Cavaco está esquecido do mau primeiro-ministro que foi.

Ainda bem que Cavaco faz questão de vir a público recordar-nos os seu passado como político e como governante.