terça-feira, julho 17, 2018

JOÃO SEMEDO


Não gostava especialmente dele mas admirada a sua coerência, sempre defendeu as suas ideias de forma tenaz e austera, sem espetáculo, sem se aproveitar dos momentos de cada agenda. Não trabalhava para likes ou selfies, defendia o seu programa e em especial o seu SNS, fê-lo até ao fim, mesmo quando sabia que seria a última coisa para a qual tinha forças.

Não sou dado a funerais e obituários, não costumo evocar falecidos, deixando a tarefa a amigos e companheiros. Mas neste caso abro uma exceção, porque o homem que morreu merece a homenagem que os honestos merecem, dedicou-se às suas causas, algumas delas eram nossas, outras não, mas pelo a pensar no bem público.

No mesmo jornal onde onde dou de caras com a notícia da sua morte ficou a saber que os que ajudaram Oliveira e Costa a empurrar o país para o primeiro buraco que foi o lodaçal da nossa crise financeira, ganham mais do que um Presidente da República e para ganharem mais de 12.000€ apenas têm que fazer nada, isto é, são pagos para gozar com os portugueses e, em especial, com os mais pobres, aqueles de quem Passos Coelho dizia que tinham cometido o pecado da gula, algo que pessoas como o Vítor Bento se apressaram a dar forma de teoria económica.

São dois países diferentes, o país onde se debate ideias e se luta pelo bem comum, independentemente de se ser da direita ou da esquerda e o país da fussanguice do enriquecimento fácil do Porshe Cayenne para mostrar à vizinhança, da casa na Quinta do Lago, do fato do Rosa & Teixeira ou das festas nas praias algarvias.

Hoje, mais uma vez como sucede quase sempre neste país, ganharam os segundos.