Parece que Cavaco Silva tem de aparecer de vez em quando,
deve estar com receio de ser esquecido e de tempos a tempos vai fazendo a sua
prova de vida, como se fosse um pensionista a cumprir com as obrigações para
com a Segurança Social. O esquema é sempre o mesmo, um grupo de saudosistas
organiza uma festarola de homenagem e o pobre senhor lá aparece, discursando
virado para as quatro e dez, destilando a sua raiva ao governo que foi forçado
a empossar.
Desta vez lá fez o discurso dos incêndios e das
responsabilidades ao mais alto nível, só se tendo esquecido de prestar
homenagem aos que se suicidaram em Pedrógão. Mas depois de servir o ódio do
costume o homem, que sempre foi um governante para quem o ser humano esteve à
frente, lembrou-se de falar de um dos problemas mais graves da sociedade
portuguesa, o da natalidade.
Foi então que este pobre senhor, lembrado pelo cimento,
alcatrão e eucaliptos com que encheu o país, veio explicar aos portugueses que
a prioridade não são as autoestradas ou os pavilhões gimnodesportivos, diz ele
que a prioridade é ter filhos. Só não explicou se defende que o dinheiro das
obras públicas deve servir para abonos de família ou para mandar os frasquinhos
de esperma e pagar ás mães de aluguer americanas, há semelhança do que faz o
melhor do mundo.
Com o país mais interessado no regresso dos heróis que só
não fizeram melhor porque os uruguaios são uns malandros, enquanto vai
percebendo as causas dos resultados nas
Flash Interviews dadas pelo repórter Marcelo, quase ninguém se interessa pelas intervenções
do senhor da Quinta da Coelha, que quase já só merece a atenção da CMTV e mesmo
assim fora do prime time.